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O DIÁLOGO É INDISPENSÁVEL, É ESSENCIAL NA TERAPIA DESOBSESSIVA. NENHUMA OUTRA TÉCNICA SURGIU PARA SUPERÁ-LO.
No período histórico que antecede a Codificação, a obsessão'>desobsessão era realizada pelo exorcismo - prática autoritária adotada pela Igreja - ou por rituais cabalísticos de correntes religiosas não ortodoxas. Ainda hoje alguns segmentos da igreja evangélica tratam os Espíritos infelizes como se fossem demônios, nas chamadas sessões de "descarrego", adotando procedimentos descaridosos e ineficazes, por desconhecerem que "a obsessão é o resultado do intercâmbio psíquico, emocional ou físico entre dois seres que se amam ou que se detestam". Foi o Espiritismo quem inaugurou a forma cristã de lidar com a obsessão. Atentemos para o questionamento do Codificador aos Espíritos:
- "Não se pode também combater a influência dos maus Espíritos, moralizando-os?"
Surpreendente foi a resposta dada: 
- "Sim, mas é o que não se faz e é o que não se deve descurar de fazer, porquanto, muitas vezes, isso constitui uma tarefa que vos é dada e que deveis desempenhar caridosa e religiosamente. Por meio de sábios conselhos, é possível induzi-los ao arrependimento e apressar-lhes o progresso."
Kardec, ciente das limitações morais do homem e conhecedor das vantagens de que os Espíritos Superiores eram dotados para aquela tarefa, argüiu:
- "Como pode um homem ter, a esse respeito, mais influência do que a têm os próprios Espíritos?"
A resposta revelou que os Espíritos sofredores têm necessidade de ouvir os encarnados, pois nem sempre podem ouvir os Espíritos superiores:
- "... Os Espíritos elevados só em nome de Deus lhes podem falar e isto os apavora. O homem, indubitavelmente, não dispõe de mais poder do que os Espíritos superiores, porém, sua linguagem se identifica melhor com a natureza daqueles outros e, ao verem o ascendente que o homem pode exercer sobre os Espíritos inferiores, melhor compreendem a solidariedade que existe entre o céu e a terra." (Negritamos .) Eis a gênese e a razão da reunião de obsessão'>desobsessão com base no diálogo!
Diálogo é uma conversa em que há interação entre dois ou mais indivíduos; é entendimento entre duas partes em busca de um acordo. Em determinadas circunstâncias, o diálogo é a condição "sine qua non" para uma sobrevivência pacífica, onde não deve haver vencidos nem vencedores.
O Espiritismo revelou-se pelo majestoso diálogo entre os Espíritos Superiores e os homens, tendo à frente o seu ínclito embaixador Allan Kardec. Até hoje os irmãos do Mundo Maior vêm mantendo o diálogo amoroso, ouvindo-nos e respeitando a condição de cada um de nós. No bojo da Doutrina Espírita nada de métodos autoritários e violentadores. Tudo com base na tolerância e respeito ao livre-arbítrio e estágio evolutivo de cada um de nós. 
A obsessão'>desobsessão é um dos meios pelo qual o Espírita poderá exercer a caridade para libertar Espíritos que se engalfinham enleados em vibrações mórbidas, sofrendo as conseqüências de seus equívocos. Por isso, em nossa concepção, não vejo como praticar a terapia desobsessiva de forma caridosa sem o diálogo, já que somente ela existe por que há conluio comprometedor entre obsessor e obsidiado. Não me arrisco a dizer que não se alcance resultados substituindo-se a conversa fraterna por outros métodos, mas também não ouso afirmar que o resultado seja definitivo, completo e solucionador de um processo doentio que rola na esteira da história dos envolvidos, às vezes, por séculos.
No capítulo nove da obra "Loucura e Obsessão", deparamo-nos com oportunos esclarecimentos a respeito da técnica adotada pelo Espírito Felinto na obsessão'>desobsessão. Ele adota a magia branca, que nada mais é - esclarece ele - do que a adequada manipulação dos fluidos, das forças vivas da Natureza, para dissolver efeitos magnéticos promovidos por Espíritos malfazejos - os que praticam a magia negra. Felinto faz questão de informar ao estudioso Philomeno de Miranda que, após a obsessão'>desobsessão pela desmagnetização, efetua a doutrinação e o esclarecimento, pois que o seu objetivo - diz ele - é a libertação espiritual do ser, não a mudança do Espírito de um lugar para outro, mantendo-o aprisionado. É oportuno lembrar ao leitor que Felinto adota, então, tais processos complementares porque atua em um terreiro de Umbanda, sem contudo ignorar a outra forma como os Centros Espíritas buscam resolver o mesmo problema. Diz ele a Philomeno de Miranda: "Conhecemos, também, as técnicas de obsessão'>desobsessão de alta eficiência, que são aplicadas nas Instituições Espíritas e que constituem um passo avançado na terapêutica de socorro aos sofredores de ambos os lados da vida..." É uma avaliação oportuna, ressaltando a importância que tem o diálogo na ação desobsessiva, e por isso a trouxemos aqui para refletirmos juntos. 
Entendemos, a partir dos ensinamentos dos Espíritos, que qualquer outra prática adotada para se desfazer o processo obsessivo sem o diálogo será, apenas, quando possível, obter uma moratória da solução do problema. Para um resultado definitivo, tudo vai depender de "negociação" entre as partes. E, neste caso, somente o diálogo favorece o "acordo amistoso", que inclui como dever para as duas partes a reforma íntima, a prática da paciência, da tolerância e do perdão. Gestos e palavras cabalísticos, oferendas e ameaças são procedimentos infrutíferos e servirão unicamente para produzir zombaria nos Espíritos perseguidores, tanto quanto nos galhofeiros, é o que nos ensina o Mestre de Lyon.
Chama-nos a atenção o fato de, ainda hoje, no plano espiritual, o recurso do diálogo ter primazia em trabalho desobsessivo. Observamos isso no "Sanatório Esperança", dirigido pelo nobre Espírito Eurípedes Barsanulfo, quando atendeu ao irmão Ambrózio, internado naquele nosocômio. O objetivo era libertá-lo do seu algoz. "Iremos tentar deslocar - disse Eurípedes ao estudioso da obsessão, Philomeno de Miranda - algumas das mentes que prosseguem vergastando-o, atraindo os seus emissores de pensamentos destrutivos a conveniente e breve diálogo, para, em ocasião própria, torná-lo mais prolongado, mediante cuja terapia procuraremos liberá-lo das camadas concêntricas de amargura e de culpa, de necessidade de punição e de fuga de si mesmo, até o momento de despertamento do sono reparador, que lhe foi imposto por força das circunstâncias." Feita a prece pelo apóstolo sacramentano, tudo ocorreu tal como aqui na Terra: uma das senhoras presentes naquela reunião mediúnica entrou em transe psicofônico, dando a sagrada oportunidade a que o verdugo de Ambrózio dissesse das suas razões de obsidiá-lo. Em seguida travou o diálogo, cujo resultado foi extremamente positivo. (Negritamos.)
A esta altura, convém retomar o conceito de obsessão adotado pela Doutrina Espírita de que "na raiz do fenômeno turbulento encontram-se os componentes da identificação vibratória que faculta o processo perturbador"; e que nem sempre os laços obsessivos são de ódio ou de vingança e que nele pode haver "vinculações amorosas de qualidade inferior, nas quais ambos os cômpares intercambiam sentimentos vulgares...", eis por que insistimos em afirmar que o "o diálogo com o enfermo espiritual se torna essencial, a fim de elucidá-lo quanto ao mal que executa, quando poderia ser feliz liberando o seu opositor e entregando-o à própria e à Consciência Divina." (Negritamos.) Ora! "essencial" é o que constitui o mais básico ou o mais importante em algo; é aquilo que é relativo à natureza nuclear das coisas. (Dicionário Houaiss.)
A palavra falada contém imagens e conceitos. É um excitante condicional tão real quanto a coisa que representa. Emitida com veemência, convicção e amor conduz idéias e quadros felizes, com a missão de expulsar idéias e quadros sombrios que mourejam no campo mental de quem as ouve, facilitando a entrada da esperança e da felicidade. Eis por que é essencial dialogar sempre com todos aqueles que sofrem por não compreenderem a dinâmica da vida e as razões de sua dor.
Finalizando, ficamos com a opinião do Espírito João Cleofas: "Dialogar, com estes companheiros que pedem espaço, através da mediunidade, em propostas iluminativas, é a arte de compreender, psicologicamente, a dor dos enfermos que ignoram a doença em que se debatem".


Por: Waldheir B. de Almeira, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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