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Era uma criança tão linda que os pais nela perceberam a doce presença de uma estrela.

Sorria e dissipava as sombras que se lhe adensassem ao redor.

A quem se lhe abeirasse do berço, estendia as mãos abertas.

Cresceu amando a natureza e sabia colocar-se em oração, quando pronunciava o nome de Deus.

Muitas vezes, dela me aproximei, para recolher-lhe os pensamentos de ternura, à feição da abelha quando busca na flor o aroma nutriente.

A bela criança caminhou para a juventude e reconheci com alegria que a bondade de Deus a colocava sob proteção de um homem leal e generoso que ela própria cativara com os seus dotes de bondade e beleza.

Somente ai, ao vê-la no rumo de vida nova, é que percebia a realidade em que o Céu nos situava.

Ela residia espiritualmente, dentro de mim, qual a pérola entretecida nas entranhas da ostra, por lágrimas cristalizadas de uma saudade que nunca soube de onde vinha, mas eu, também, estava no coração dela em forma de sonho.

E tanto me vi no espelho de sua alma que, um dia, atendendo-lhe as preces formadas de cariciosas esperanças, permitiu a Divina Providencia que eu tomasse um novo corpo em seu amor e passei a viver nos seus braços de veludoso carinho.

Desde então, encontrei o paraíso que procurava.

Nessa criatura feita por Deus para minha felicidade, cessavam todas as minhas inquietações.

Se cada dia era um pedaço de minha viagem na Terra, cada noite nela recolhia as âncoras de meu barco para repouso e refazimento.

Entretanto, Deus, que nos concedera a oportunidade de construir um céu no mundo, solicitou conduzíssemos o nosso recanto de ventura para as lutas humanas, a fim de que outros corações aprendessem igualmente a ser felizes.

Voltei ao Grande Lar e agitei as campainhas da saudade.

Chorei por ela e ela chorou por min.

A separação nos doía, qual se fôssemos um só coração partido em fragmentos de angústia.

Ainda assim, as recordações do paraíso de união brilhavam comigo e pedi-lhe o apoio de que necessitava.

Ela veio a min com a devoção com que fui a ela no mundo e, juntos de novo, começávamos a semear esperança e amor entre as criaturas irmãs da Terra.

De almas unidas e mãos entrelaçadas, seguíamos de tarefa em tarefa e de caminho em caminho.

É para essa criatura maravilhosa que trago hoje meus parabéns pelo aniversário.

Com jubilosa ternura, ajoelho-me pra beijar-lhe as mãos.

Que ninguém, no entanto, me pergunte quem é essa mulher que oculta no meu peito a bondade dos anjos, já que ela, em verdade, não tem cópias. Bastará que a vejam nos meus olhos, porque essa estrela da bênção tem para min a presença de Deus, nestas duas palavras:

-“MINHA MÃE!...”


Por: Augusto Cezar, Do livro: Presença de Luz, Médium: Francisco Cândido Xavie


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