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Conforme a definição de Allan Kardec, em a Gênese, no capítulo XIV, item 45, "Chama-se obsessão à ação persistente que um espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais."

Esta influência pode ser de uma espírito desencarnado sobre um encarnado, de um desencarnado sobre outro desencarnado, de um encarnado sobre um desencarnado, de um encarnado sobre outro encarnado e até mesmo uma auto-obsessão. Em todos os casos, encontramos o pensamento como base destes processos, ocorrendo geralmente a vinculação de duas ou mais mentes. Estas vinculações mentais podem ocorrerem por laços do passado, através de sentimentos de ódio e vingança, por interdependência emocional, por domínio de forças com fins destrutivos ou mesmo por simples afinidade moral.

A obsessão é o pior mal da humanidade, sendo a causa de diversos acidentes, homicídios, suicídios, guerras, doenças mentais e físicas. Ainda o homem não conseguiu dimensionar esta questão tão importante, que continua gerando situações graves e problemáticas, principalmente porque se estrutura na própria intimidade do indivíduo, a nossa natureza moral. Enquanto não alcançarmos a evangelização de nossas almas haverá sempre um terreno propício a esta patologia fisicopsíquica.

O assunto é muito amplo e complexo, para não estendermos muito o presente artigo nos deteremos mais no objetivo de relacionar a obsessão com as doenças físicas e psíquicas.

A espiritualidade nos informa que estamos em constante intercâmbio de energias mentais de diversas naturezas, onde cada onda mental produz um teor vibratório específico, carregado com os elementos internos daquele que o emitiu: seus desejos, sentimentos e idéias. Esses pensamentos podem serem balsamisantes ou venenosos, alegres ou tristes, salutares ou prejudiciais, altruístas ou egoístas, amorosos ou rancorosos, construtivos ou destrutivos, refletindo sempre o nosso estado espiritual. A partir da nossa vida mental (nossas leituras, diálogos, idéias, objetivos, mentalizações, emoções, etc.), sintonizamos com outras mentes afins e passamos a nos alimentar com o mesmo tipo de plasma mental que conscientemente ou insconscientemente atraímos. Estas ondas e formas mentais que gravitam em torno da nossa personalidade, formam uma atmosfera psíquica que respiramos e que nos acompanha constantemente, a qual chamamos de aura. A aura é nosso cartão de visita, por ela os espíritos enxergam a natureza dos nossos pensamentos e se sentem atraídos pela lei de afinidade e sintonia. Quando temos um pensamento constante, persistente, criamos uma fixação mental ou monoideismo. Fica fácil para os espíritos perscrutarem a nossa alma e identificarem os nosso vícios e tendências que ficam cristalizadas em nossas mentes através da fixação mental. Identificando os nossos pontos fracos, os nossos irmãos obsessores passam a nos assediar, estimulando as nossas fraquezas. Estas ondas mentais que gravitam em torno do nosso psiquismo, acaba atingindo as nossas células, gerando lesões estruturais e funcionais conforme o teor, intensidade e freqüência destes pensamentos.

Estas lesões celulares, determinam diversas patologias, conforme o órgão afetado, acompanhado do desajuste emocional e espiritual subjacente. Encontramos lesões encefálicas com sintomas psíquicos, cardiopatias diversas, infecções respiratórias, doenças auto-imunes, distúrbio ciculatório, desequilíbrio hormonal, diversos tipos de câncer, entre muitas outras doenças, que nada mais são que reflexos da constante ação deletéria dos espíritos vinculados à nossas mentes e ao nosso organismo físico.

Em alguns casos, encontramos o obsidiado vinculado vigorosamente ao seu passado pelos sentimentos de culpa, remorso e medo, a se manifestarem por complexos de inferioridade, favorecendo a instalação do processo obsessivo. Personalidades frágeis, acabam aceitando as "cobranças" feitas pelos espírtitos obsessores. Certos desequilíbrios afetivos e emocionais, acabam evoluindo para quadros mais severos de neuroses ou psicoses pela influenciação obsessiva.

A obsessão é uma síndrome que envolve as questões emocionais e físicas.

No livro de André Luiz, Missionários da Luz, o instrutor Alexandre afirma: "- Assim como o corpo físico pode ingerir alimentos venenosos que lhe intoxicam os tecidos, também o organismo perispiritual pode absorver elementos de degradação que lhe corroem os centros de força, com reflexos sobre as células materiais. Se a mente da criatura encarnada ainda não atingiu a disciplina das emoções, se alimenta paixões que a desarmonizam com a realidade, pode, a qualquer momento, intoxicar-se com as emissões mentais daqueles com quem convive e que se encontrem no mesmo estado de desequilíbrio. Às vezes, semelhantes absorções constituem simples fenômeno sem maior importância; todavia, em muitos casos, são suscetíveis de ocasionar perigosos desastres orgânicos. Isto acontece, mormente quando os interessados não têm vida de oração, cuja influência benéfica pode anular inúmeros males."

Em outro trecho, Alexandre, assevera: "... o desequilíbrio da mente pode determinar a perturbação geral das células orgânicas. È por este motivo que as obsessões, quase sempre, se acompanham de característicos muito dolorosos. As intoxicações da alma determinam as moléstias do corpo."

É preciso termos em mente que o obsidiado é um enfermo representando uma legião de doentes invisíveis ao olhar humano, exigindo um tratamento que atinja os dois planos da vida. É necessário evangelizar o encarnado, para que este evangelizado evangelize os seus acompanhantes. Muitos destes processos obsessivos, seguem os envolvidos por muitas encarnações, onde, geralmente, a suposta vítima é o algoz do passado. A partir desta visão fica evidente a complexidade da questão, exigindo uma identificação de todas os fatores necessários ao tratamento da obsessão e não apenas a visão circunscrita do corpo terrestre.

Nem sempre, com o afastamento do obsessor, alcançaremos a cura do indivíduo. A evangelização do espírito desencarnado e o seu conseqüente afastamento não determina que o encarnado tenha assimilado a lição da reforma íntima e nem sempre significa a extinção da dívida. Em outros casos, em função do tempo muito longo da atuação obsessiva sobre o organismo físico, este acaba sofrendo lesões profundas e irreversíveis, embora passíveis de melhora. Afastado o espírito, permanece o reflexo da ação no corpo físico, exigindo o acompanhamento da medicina terrena. Infelizmente, ainda encontramos companheiros espíritas, que fazem promessas de cura sem ponderarem na gravidade e complexidade da situação. Nosso abnegado Bezerra de Menezes, nos alerta sobre este cuidado, afirmando que muitos encarnados após o seu desencarne vem cobrar as promessas de saúde e cura que não se concretizaram.

Kardec, no livro A Gênese, orienta que "...A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa moral preciso é se contraponha uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para garanti-la contra a obsessão, tem-se que fortalecer a alma...".

Precisamos de uma vontade firme para a auto-educação, na disciplina de si mesmo. Se não despertarmos para as realidades da situação e usarmos as armas da resistência, dificilmente superaremos as cristalizações mentais que afetam a nossa individualidade. Em todos os acontecimentos desta espécie, não se pode prescindir da adesão dos interessados diretos da cura, valendo-se do auxílio exterior que lhe é prestado pelos encarnados e espíritos amigos. Nos casos em o indivíduo perde o domínio de si próprio, juntamente com o auxílio médico, façamos uso da prece intercessória, da fluidoterapia e dos trabalhos de evangelização do desencarnados, como apoio para a sua melhora, reconhecendo que em muitos casos o processo de cura prosseguirá no plano espiritual e por outras encarnações.

Como resumo desta temática e orientação profilática da obsessão, transcreveremos alguns apontamentos dados por Manoel Philomeno de Miranda no livro Nos Bastidores da Obsessão, psicografado por Divaldo Pereira Franco:

"O pensamento é sempre o dínamo vigoroso que emite ondas e que registra vibrações, em intercâmbio ininterrupto nas diversas faixas que circulam a Terra.

Mentes viciadas e em tormento, não poucas vezes escravas da monoideia obsessiva, sincronizam com outras mentes desprevenidas e ociosas, gerando pressão devastadora.

Muitos processos graves de alienação mental têm início quando os seres constrangidos por essa força possuidora, ao invés de a repelirem, acalentam-lhe os miasmas pertinazes que determinam por assenhorar-se do campo em que se espalham.

Nos diversos problemas obsessivos, há que examiná-los para selecionar os que procedem do continente da alma encarnada e os que se vinculam aos quadros aflitivos do mundo espiritual.

Em qualquer tese'>hipótese, no entanto, as diretivas clarificantes da mensagem de Jesus são rotas e veículos de luz libertadora para ensejar a uns e outros, obsidiados e obsessores, os meios de superação.

A prece é uma lâmpada acesa no coração, clareando os escaninhos da alma.

Muitos cristãos modernos, todavia, descurando do serviço da prece, justificam a negligência com aparente cansaço, como se a oração não se constituísse igualmente em repouso e refazimento, oferecendo clima de paz e ensejo de renovação interior.

Mente em vibração freqüente com outras mentes em vibração produz, nos centros pensantes de quem não está afeito ao cultivo das experiências psíquicas de ordem superior, lamentáveis processos de obsessão que, lentamente, se transformam em soezes enfermidades que minam o organismo até o aniquilamento.

A princípio, como mensagem invasora, a influência sobre as telas mentais do incauto é a idéia negativa não percebida. Só mais tarde, quando as impressões vigorosas se fixam como panoramas íntimos de difícil eliminação, é que o invigilante procura o benefício dos medicamentos de resultados inócuos.

Atribulado com as necessidades imperiosas do "dia-a-dia", o homem desatento deixa-se empolgar pela instabilidade emocional, franqueando as resistências fisio-psíquicas às vergastadas da perturbação espiritual.

Assim, faz-se imprescindível o exercício da prece mental e habitual para fortalecer as fulgurações psíquicas que visitam o cérebro, constituindo a vida normal propícia à propagação do pensamento excelso.

Resguarde-se, portanto, e, firmado no ideal sublime com que o Espiritismo honra os seus dias, alce-se ao amor, trabalhando infatigavelmente pelo bem de todos, com o coração no socorro e a mente em Jesus-Cristo, comungando com as Esferas Mais Altas, onde você sorverá forças para vencer todas as agressões de que for vítima, e sentirá que, orando e ajudando, a paz continuará com você."


Por: Dr Gilson Luis Roberto, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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