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Filosofia é "a ciência geral dos princípios e causas, ou sistema de noções gerais sobre o conjunto das coisas; esforço para generalizar, aprofundar, refletir e explicar, sistema de valores, força moral e elevação de espírito com que o homem se coloca acima dos preconceitos; sabedoria". (1)
O Espiritismo é uma doutrina filosófica porque possui princípios e causas e se constitui num sistema devidamente organizado explicando o homem e a vida.
Para compreendermos a filosofia espírita necessitamos ter a visão de que o Espiritismo não está restrito apenas ao "O Livro dos Espíritos", sua obra fundamental, mas espraia-se pelo conteúdo das obras kardequianas, inclusive as chamadas subsidiárias, pois no dizer de Kardec "ninguém, pois, se iluda: o estudo do Espiritismo é imenso; interessa a todas as questões da metafísica e da ordem social; é um mundo que se abre diante de nós". (2)
Esse mundo que se abre diante de nós estrutura automaticamente uma filosofia espírita da educação. O aspecto educacional do Espiritismo através de sua filosofia descortina um mundo novo para renovação moral do homem a partir da constatação da imortalidade e da reencarnação. E a palavra abalizada de Kardec sentencia: "É pela educação, mais do que pela instrução, que se transformará a humanidade". (3)
Para Herculano Pires, a "filosofia da educação (...) abrange todo o contexto de ações e reações subjetivas que vai do ser como ser ao social como social e como cultura. A filosofia da educação extravasa de sua própria polaridade no momento em que transcende o social para penetrar no cultural, no pleno domínio do espírito". (4)
E qual a filosofia da educação que penetra no "pleno domínio do espírito"? É a filosofia espírita.
Não que outras doutrinas espiritualistas tenham desconsiderado o Espírito, mas nenhuma possui a sistematização do conhecimento do ser enquanto ser imortal criado por Deus, como possui o Espiritismo, e sistematização em bases lógicas, racionais, comprovadas por pesquisas sérias acerca da reencarnação e pelas investigações pós-morte proporcionadas pela mediunidade.
Ney Lobo assim se refere à visão espírita do ser e das coisas:
"A Doutrina Espírita (...) se ocupa de toda a realidade em todas as suas dimensões. Da intimidade do átomo penetra em ascensão, todos os reinos naturais, inclusive o dos Espíritos, culminando em Deus. É até mais abrangente do que qualquer outra filosofia, pois inclui em suas reflexões o plano dos Espíritos, objetivamente, como reais, e não como entes abstratos, de razão ou míticos. Admite a filosofia espírita, as íntimas relações dos Espíritos conosco, os encarnados, e suas manifestações no plano físico, com reflexões especulativas sobre isso tudo, sem prejuízo das experiências científicas correspondentes". (5)
Da filosofia emana a filosofia da educação, que por sua vez desenvolve uma pedagogia, e com o Espiritismo não é diferente. De sua filosofia temos com naturalidade a filosofia espírita da educação, que é um sistema ético-moral tendo por base a moral ensinada e vivida por Jesus.
Através da filosofia espírita da educação temos algumas coordenadas que nortearão todo o processo pedagógico da evolução do Espírito:
o educando é um Espírito reencarnado;
todo Espírito é criado por Deus e possui potencialidades naturais;
o educando possui idéias inatas e tendências trazidas de seu passado (vidas anteriores);
a formação de hábitos morais deve preponderar sobre a instrução intelectual;
o educando deve construir sua perfectibilidade;
a vida é educação;
a reencarnação é instrumento pedagógico divino; e
o amor, sentimento maior, comanda a educação do Espírito.
Essas são algumas das coordenadas pedagógicas trazidas à luz pela filosofia espírita da educação, e que estão devidamente traçadas em "O Livro dos Espíritos" e nas demais obras da Codificação.
Como já citamos, no dizer de Herculano Pires a filosofia da educação abrange o domínio social e cultural do homem - espírito reencarnado - e, também, penetra no pleno domínio do Espírito, no entendimento que o mundo corpóreo e o mundo espiritual interagem, sendo a humanidade o conjunto dos dois mundos, que se interpenetram.
Essa cosmovisão do ser e da vida, de forma sistêmica, é apanágio da filosofia espírita, o que nos leva a considerar, necessariamente, que temos em mãos uma nova educação: a educação total do Espírito!
Estudar a filosofia espírita e suas conseqüências educacionais para chegar à prática pedagógica espírita no lar e na escola é tarefa que não se pode adiar, pois significa legar ao mundo a chave para sua transformação.
Todas as correntes de pensamento e pesquisas as mais diversas sobre o homem esbarram quase sempre na leitura do mesmo como ser biológico, cognitivo, com o seu psiquismo atrelado aos complexos mentais de ordem física. A transcendentalidade do ser é apenas fuga religiosa ou interpessoal, busca de equilíbrio interior para uma existência sem continuidade após a morte, quando o Espírito completa, alarga e mesmo modifica tais pensamentos e pesquisas, sempre válidos mas carentes da realidade do homem como Espírito imortal criado por Deus.
Vemos então a educação debater-se sobre as questões de ordem ética e moral sem conseguir soluções satisfatórias, e perguntamos: não está na hora de levar a filosofia espírita da educação para os educadores e para escola? A prática educacional condiciona-se aos fins da educação, e que fins podem ser esses dentro da visão materialista do ser?
Somente a filosofia espírita pode alavancar o fazer educacional para fins superiores.


Referências bibliográficas:
1. Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa Ilustrado, Editora Civilização Brasileira, 1973;
2. O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, introdução, item 13.
3. Obras Póstumas, Allan Kardec, página 384.
4. Pedagogia Espírita, Herculano Pires, Editora EDICEL.
5. Filosofia Espírita da Educação, vol. 1, Ney Lobo, Editora FEB.


Por: Marcus Alberto de Mario, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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