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Certa ocasião, na época do Natal, voltávamos de Londrina: Eliane Cristina, a filha caçula, Joaquim, meu esposo, e eu. Era noite e o tempo fechado para chuva. A certa altura da estrada, entre a cidade de Londrina e Cambé, vi no acostamento um carro estacionado: era uma brasília amarela, velha e bem cansada. Perto do veículo, duas pessoas faziam sinal pedindo socorro para os carros que passavam: um senhor de uns setenta anos, cabelos grisalhos, baixo, e um rapaz jovem, alto, moreno, de boa aparência.
Começava a chuviscar, e imediatamente pensei que seria difícil algum motorista parar para socorrê-los. O Joaquim deve ter pensado a mesma coisa, e resolveu voltar. Procuramos um retorno e logo estávamos parando perto do veículo, no acostamento.
Estranhei ver apenas o senhor mais velho, que veio ao nosso encontro. Todavia, julguei que o rapaz deveria estar dentro do carro, protegendo-se da chuva.
O senhor explicou que estava sem combustível. O Joaquim mandou que ele entrasse e nós o levaríamos ao posto mais próximo. Durante o trajeto fomos conversando. Ele nos contou que era padre, de uma conhecida paróquia de Londrina, e que se dirigia a uma cidade próxima, para visitar a irmã, quando fora surpreendido pela falta de gasolina. Viajaria no dia seguinte para a Europa e essa era última oportunidade de ver a irmã antes de partir. Queria desejar-lhe um Feliz Natal, pois passaria as festas no velho continente. Essa era a razão que o fizera sair àquela hora e numa noite chuvosa.
Muito simpático, deu alguns “santinhos” para nossa filha e perguntou nossa religião. Afirmamos ser espíritas e ele assegurou que, embora pensássemos de forma diferente, nosso Deus era o mesmo e o que importa é o bem no coração das criaturas. Confidenciou-nos, também que, quando paramos para prestar-lhe socorro, ele estava rezando há muito tempo, pedindo a Deus que lhe mandasse ajuda. E — completou — o Senhor não lhe faltara, materializando o socorro através de nossas mãos.
Chegamos ao posto, pegamos um galão de combustível e o levamos de volta. O padre despediu-se, extremamente grato.
Olhei para dentro da velha brasília. Estava vazia! Ele realmente estava só!
Fiquei surpresa. Até aquele momento, não me dera conta de que o rapaz que tinha visto era um Espírito desencarnado, que, ao lado do padre, fazia sinal para que os veículos parassem.
E naquela hora, um imenso sentimento de gratidão me invadiu o íntimo, ao pensar que sempre temos amigos espirituais generosos que nos socorrem nas dificuldades. Não tive tempo de perguntar ao padre quem era aquele rapaz que o estava acompanhando. Talvez tenha sido bom, para não chocá-lo, visto que suas convicções são diferentes das nossas. Guardei a sensação, porém, de ter perdido excelente oportunidade de provar àquele sacerdote a influência do mundo espiritual no mundo físico e a ajuda dos amigos e familiares que já partiram.
A verdade é que a é um sustentáculo da criatura que se movimenta no planeta. Deus ama a todos os seus filhos e os ajuda da mesma maneira e com o mesmo amor. O fato de alguém ignorar a existência do mundo espiritual não significa que esteja distante do amparo do Alto. Vemos isso muito claramente em André Luiz, quando se refere à assistência espiritual existente nas igrejas católicas ou de quaisquer outras denominações religiosas.
O que realmente importa é o bem que se faça. As pessoas que oram com sinceridade e pureza de intenções, sempre terão resposta para suas súplicas, através do amparo dos amigos da Espiritualidade.
Cabe-nos então, lembrando os ensinos de Jesus, fazer da prece nosso veículo de ligação com as Esferas Superiores da Vida, construindo uma ponte de luz entre os dois mundos, para recebermos o amparo de que precisamos. Também devemos ser mais atentos, apurando as antenas psíquicas para detectar quando estão precisando de nós, quando os amigos do Além estão procurando alguém que possa servir de intermediário na assistência a outro ser mais necessitado.
Pessoas podem estar sucumbindo ao nosso lado sob o peso das aflições. Muitas vezes, amigos, colegas de trabalho e até familiares queridos estão no limite de suas forças, e nós não percebemos, só nos dando conta quando ocorre um ato extremo.
Imprescindível sermos veículos do bem em qualquer circunstância.
Deus ajuda a criatura através da criatura, disse alguém. Que possamos ser esse veículo.


Por: Célia Xavier Camargo - Revista Delfos, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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