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Querida Mãe, minha querida Mãezinha, peço a Deus nos envolva em sua bênção.

Não sei ainda, mas tudo aconteceu de repente.

Sou trazido à sua presença para tranqüilizá-la.

Escrevo com auxílio. É muito pouco, muito pouco o tempo de que venho dispondo para ver tudo claro. Mas a senhora está sofrendo demais e suas aflições me alcançam na casa de recuperação onde estou.

Vejo-a quase todas as noites, a chamar-me e querendo morrer.

Se o seu coração amoroso pudesse ver o que sofro ao ver a senhora sofrendo tanto, penso que tudo estaria diferente.

Não chore mais assim, pensando que está sozinha.

Temos Deus, Mamãe, Deus não morre, Deus não desaparece.

Ajude-me.
Acalme-se.
Não tenha receio da solidão.
Fortalecidos na , estaremos mais juntos.
Não peça com tanta dor pela presença de seu filho.
Não julgue que a sua tarefa terminou.

Lembre-se, Mãezinha. Quando meu pai veio para a Vida em que estou, conversávamos sobre nossos ideais de fazer o bem ao próximo. Eu sei que a senhora somente viveu para nós dois, meu pai e eu, e afinal, está sem nós, mas isso é só no plano físico.

Temos uma grande família para zelar, os mais necessitados que nós, para quem espero venhamos a trabalhar mais unidos.

Não tome refeições fora de casa.
Não tenha medo de nosso ninho doméstico.
Não sinta a nossa casa vazia.

Pense, Mamãe. Pense naqueles que não possuem senão a provação e a necessidade e para quem um pão, às vezes, é um tesouro completo.

Viva.
Viva querendo viver para atender ao que as Leis do Senhor esperam de nós.
Auxilie seu filho a recuperar-se.

Choremos porque as lágrimas são orações sem palavras, mas tão-somente aquelas que não guardam a labareda da revolta.

Sei que a senhora em nossa nunca foi revoltada; no entanto, quando ficamos por conta da aflição, como se não tivéssemos mais Deus por nós, a nossa dor é também uma rebeldia.

Ajude-me.
Não contemple o meu retrato, conversando em pranto de angústia.
E agradecendo o seu imenso carinho, peço-lhe para que não me recorde como me viu em nosso último encontro em Batatais.

Tudo passou.
O dia é novo.
Confiemos naquele que acende a luz para que nunca estejamos nas trevas.
Não tenho meios para contar-lhe o que sucedeu.

Recordo-me de que viajei pensando em regressar para estarmos juntos pelo Natal.

Compreendi que a senhora tinha razão em querer reduzir as nossas atividades para concentrar-nos com mais segurança no Rio ou em outra cidade.

Creia, Mãezinha, que não contava com o desenlace.

Saímos de automóvel despreocupadamente para alcançar o sitio.

O Guerra e o Clodoveu conversavam animadamente comigo. De quando a quando, notava que a velocidade era muita, mas queríamos chegar mais cedo e descansar convenientemente para ver o trabalho que nos esperava no dia seguinte.

A certa altura, lembro-me de que o Clodoveu me falava sobre preços de terras no sudoeste, depois da instalação de Brasília. Contava-me opiniões do Clóvis e de outros amigos e ouvíamos com atenção...

Depois, somente ouvi um barulho que ainda percute dentro de mim, sempre que me proponho a rememorar o que aconteceu.

Nada senti, nem nada vi.
Era um sono o que eu sentia? Não sei.
Posso apenas dizer à senhora que acordei em casa do Tio Beni, quando a sua voz me chamava.

Mas quem diz que eu poderia responder?

Vi um padre amigo, que depois vim a saber que era o padre Ângelo, que eu não conheci.

Dizia auxiliar-me, a pedido de benfeitores, mas não entendi nada. Para mim era tão natural e tão confortador encontrar um sacerdote amigo, como alegre me sentiria encontrando um padre amigo no mundo, nas horas de crise e dificuldade.

Vi muita gente e acreditei que tinha ocorrido um desastre.
Queria falar com a senhora que eu estava bem, entretanto, não pude.
A cabeça estava em fogo, quando vi meu pai e compreendi o que acontecera...

Mas abati-me demais com a surpresa e fui carregado para o tratamento devido, na casa onde estou.

Do Guerra e do Clodoveu, nada sei.
Peço a Deus para que estejam bem.
Não posso fazer perguntas.
Sou ainda um doente e não devo abusar.
Mas vim até aqui, a fim de pedir-lhe e coragem.
Não estou morto. Estou diferente. Só isso.
Se a senhora me ajudar, ficarei melhor mais depressa.

A senhora fala em suas preces, que lamenta não me haver prestado assistência e pergunta porque Deus teria permitido a minha transformação fora de casa. Entretanto, Mamãe, recordemos Jesus. Ele também, Nosso Senhor e Mestre, conheceu a morte fora do lar, sob o céu que é o teto de todos.

Pensemos em Jesus e a conformação virá para nós dois.
Ajude-me.
Abençoe-me.
Viveu a senhora sempre especialmente para mim. Quero viver agora para o seu coração querido.

Nossos Amigos, que me auxiliam, não permitem que eu escreva por mais tempo.

Receba, querida Mãe, meu abençoado Anjo da Guarda na Terra, todo o amor e toda a confiança de seu filho.


Por: Fernando Antônio, Do livro: Entre Duas Vidas. Médium: Francisco Cândido Xavier


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