
Mesas Girantes, por Orson Carrara
O uso abusivo de drogas não deve mais ser considerado um
fenômeno marginal, isolado ou restrito a grupos específicos da sociedade.
Estatísticas de fontes especializadas, como a Organização Mundial de Saúde, por exemplo, indicam crescimento do consumo de substâncias psicoativas nos centros urbanos de todo o mundo, atingindo cerca de 10% das populações, independentemente de idade, sexo, nível de instrução e poder aquisitivo.
Segundo a psicóloga Maria Heloísa Bernardo, diretora-técnica do Centro de
Tratamento Bezerra de Menezes, em São Bernardo do Campo (SP), que atua na
prevenção, tratamento e reintegração de dependentes químicos, a grande
disponibilidade de substâncias psicoativas, associada à degeneração dos
verdadeiros valores da vida, “éticos e morais”, juntamente com a desagregação da
família, têm contribuído para o cenário atual, que envolve o uso, abuso e a
dependência de substâncias, assim como o aumento no número de dependentes
químicos.
Crianças e jovens são a faixa etária que apresenta, atualmente, maior
vulnerabilidade. “Nesse período do desenvolvimento humano, as estruturas física,
psíquica, emocional e espiritual do jovem ainda se encontram em desenvolvimento,
ou seja, não estão totalmente formadas. Assim, o uso e o abuso de substâncias
tornam-se muito mais lesivos. A puberdade e a adolescência são um período
caracterizado pela necessidade de identificação com o grupo. Se ela ocorrer com
grupos problemáticos, com predominância de comportamentos agressivos,
anti-sociais ou uso de drogas, provavelmente colocará o jovem em situações de
maior risco”, alerta.
Mas a dependência é, como Maria Heloísa define, uma “síndrome democrática”:
atinge homens e mulheres em todas as faixas etárias, raças, credos e condições
socioeconômicas. “Historicamente, a maior demanda para uso, abuso ou dependência
de substâncias, assim como a necessidade de prevenir e tratar, tem sido do
gênero masculino. Porém, o grande aumento da incidência desse transtorno entre
mulheres, crianças e outros grupos sociais tem impulsionado pesquisas e estudos
na tentativa de compreender, prevenir e equacionar esse grave problema,
ampliando e desenvolvendo recursos mais eficazes para prevenção, tratamento e
reintegração social entre usuários, abusadores e dependentes de substâncias
psicoativas”, comenta.
Predisposição
A diretora técnica do centro de tratamento paulista explica que a dependência
química é uma síndrome biopsicossocioespiritual, ativada por predisposição
pessoal, associada ao uso de substância psicoativa e erro pedagógico, ou seja,
ensinar como certo algo que é errado. Um exemplo citado pela psicóloga é o de
molhar a chupeta da criança na espuma da cerveja quando adultos bebem, “curar” o
mau humor com calmantes e realizar todas as festas e celebrações regadas à
bebida alcoólica. “Estamos enviando a mensagem subliminar aos jovens da família
que ‘só é possível comemorar com bebidas’”, reflete.
Além de prejudicar o próprio usuário, a doença atinge a família e amigos. “O
relacionamento mais significativo e profundo que qualquer pessoa desenvolve na
sua existência é com a família ou com o seu grupo original. Assim, a síndrome da
dependência química afeta sobremaneira a dinâmica desse grupo, levando-o a séria
disfuncionalidade. A família também desenvolve uma síndrome paralela mais ou
menos grave, conhecida como ‘síndrome da codependência’”, diz.
Codependente é qualquer pessoa cuja vida tenha ficado incontrolável por viver
uma relação comprometida com um dependente. É uma síndrome definível que é
crônica e segue uma progressão previsível. Quando uma pessoa, numa relação
comprometida com um dependente, tenta controlar a bebida ou o uso de drogas ou
um comportamento compulsivo (em que é impotente), perde o controle sobre o
próprio comportamento (em que ela tem poder) e o domínio sobre a sua própria
vida.
Prejuízo
Para aqueles que acham que consumir alguma substância uma vez ou outra não vai
fazer diferença, a psicóloga avisa que todas as drogas resultam em algum tipo de
prejuízo ao cérebro e, por conseqüência, ao organismo. “Da nicotina do cigarro,
aceita socialmente, ao temível crack, qualquer substância psicoativa repercute
negativamente na saúde do consumidor, e o usuário de qualquer uma delas poderá
desenvolver a doença, se tiver predisposição”, alerta.
Envolvimentos espirituais
crescem com uso de substâncias
Na mesma proporção que progride a síndrome no usuário de drogas, instalam-se os
problemas espirituais. As substâncias psicoativas danificam, progressivamente, a
mente, o corpo e o espírito, abrindo as portas para “presenças espirituais”
danosas, com o conseqüente envolvimento espiritual que se intensifica.
À medida que a pessoa se torna escrava da substância, maior é o envolvimento
espiritual em todas as áreas da sua vida. A síndrome da dependência leva a
pessoa a buscar substâncias cada vez mais potentes devido à tolerância. Pode
iniciar o uso com substâncias consideradas mais leves e evoluir para a
utilização de várias delas ao mesmo tempo, independentemente da sua
classificação.
Prevenção é o melhor caminho
Folha Espírita – Mas o que fazer para se manter longe das drogas?
Maria Heloísa Bernardo – Prevenção é sempre a melhor forma de proteção.
Manter-se informado sobre as conseqüências do uso, abuso e dependência química,
adaptando a linguagem às características do grupo, talvez seja a melhor forma de
conscientização das pessoas para exercitarem o seu livre-arbítrio, ou seja,
fazer escolhas apropriadas sobre usar ou não determinada substância. Essa
orientação é particularmente importante para os jovens, que são a população mais
vulnerável. Os profissionais de Saúde, por sua vez, também devem se manter
cientificamente informados. Enfim, os profissionais, professores, pais e a
sociedade de forma geral necessitam aprender para informar os jovens.
FE – E para deixar de ser um dependente químico?
Maria Heloísa – A dependência química é tratável, embora não se possa curá-la.
Seus sintomas podem ser detidos através da abstinência total de toda e qualquer
substância química que altere o humor. Além da abstinência, a vulnerabilidade do
dependente químico à recaída pode ser controlada através de mudanças permanentes
no estilo de vida, atitudes e comportamento.
FE – No que os amigos e a família podem ajudar?
Maria Heloísa – Educação sobre a dependência química e codependência é
fundamental para todos. Orientação e tratamento especializado para a família
ajudam a separar a crise do dependente da crise familiar, propiciando
inicialmente o restabelecimento da comunicação entre o grupo familiar para
desenvolver um plano terapêutico.
FE – Muitos dizem que a solidão é a melhor companhia do dependente químico. Isso
é verdade?
Maria Heloísa – Sim, pois à medida que a síndrome progride a vítima se afasta do
convívio social. A família e amigos também se afastam, devido a seu
comportamento insano. Isso leva ao isolamento completo nas etapas finais da
doença.
Centro de Tratamento Bezerra de Menezes
? Matriz: rua Batuíra, 400, bairro Assunção, São Bernardo do Campo (SP) -
telefone (11) 4344-2222
? Unidade Ambulatorial São Paulo: rua Tenente Gomes Ribeiro, 57, cjs. 54, 55 e
56, Vila Mariana, São Paulo (SP) - telefones (11) 5573-3402 e 5082-4279
? Unidade de Assistência e Reintegração Social Paulínia: rua Hélio Polezer
Júnior, 300, Parque Represa, Paulínia (SP) - telefones (19) 3884-1016 e
3884-6369
Mais informações sobre o trabalho da entidade no site
www.bezerrademenezes.org.br
O tóxico é o irmão mais sofisticado da cachaça, através da qual também nós
temos perdido muita gente. A fascinação pelo tóxico é a necessidade de amor
que o jovem tem. Mesadas grandes que não são acompanhadas de carinho e de calor
humano paterno geram conflitos muito grandes. Muitas vezes a privação do
dinheiro, o trabalho digno e o afeto vão construir uma vida feliz. (Lições de
Sabedoria – Chico Xavier, Marlene R. S. Nobre)
“Quando os pais, por qualquer motivo, não convivem com os filhos, eles podem ser
adotados pelos traficantes” (Divaldo Pereira Franco)
“O tratamento e recuperação dessa síndrome exige boa vontade do dependente,
atenção especializada e reformulação, baseadas em altos valores éticos morais e
espirituais” (Maria Heloísa Bernardo, diretora-técnica do Centro de Tratamento
Bezerra de Menezes)
Cláudia Santos entrevista a psicóloga Maria Heloísa Bernardo, Diretora do Centro
de Tratamento Bezerra de Menezes, que atua na prevenção, tratamento e
reintegração de dependentes químicos - Matéria publicada na Folha Espírita de dezembro de 2006
Dia 01 de 1880
Nasce na cidade de Sacramento, MG, Eurípedes Barsanulfo. Desencarna em 1º de
novembro de 1918.
Dia 01 de 1985
Divaldo Pereira Franco concede entrevista de 15 minutos à Rádio Paralelo 22, de
Johannesburg, África do Sul.
Dia 02 de 1827
Nasce em Tulle, França, Pierre-Gaëtan Leymarie. Desencarna em 10 de abril de
1901, em Paris.
Dia 02 de 1980
Em São Paulo, SP, desencarna Silvino Canuto de Abreu, jornalista, escritor,
conferencista e pesquisador espírita. Nascido em Taubaté, SP, em 19 de janeiro
de 1892.
Dia 02 de 1981
Divaldo Pereira Franco recebe o título de cidadão honorário de Uberlândia, MG.
Dia 02 de 1995
Divaldo Pereira Franco concede entrevista à TV C. 12 de Cochabamba, Bolívia.
Dia 03 de 1944
Nasce em Apucarana, PR, Milton Gonçalves, trabalhador espírita da região
noroeste do Estado. Foi Presidente da 8ª União Regional Espírita, sediada em
Paranavaí, onde desencarna em 2 de outubro de 1994.
Dia 03 de 1949
Em Liège, Bélgica, desencarna José Lhome, divulgador do Espiritismo, Presidente
da Federação Espírita da Bélgica. Nascido na mesma cidade, em 14 de junho de
1881.
Dia 04 de 1978
Em Teresópolis, RJ, o Grupo Espírita Isabel, a Redentora realiza a Primeira
Semana Espírita da cidade,... Saiba mais...