
Vê, Pois, por Emmanuel
O psiquiatra Alexander Moreira de Almeida, 31, apresentou, em fevereiro, sua tese de doutorado na banca examinadora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) com o tema “Fenomenologia das experiências mediúnicas, perfil e psicopatologia de médiuns espíritas”, em que analisou o perfil de médiuns espíritas e sua convivência com outras pessoas da sociedade. A pesquisa, feita sob orientação do professor Francisco Lotufo Neto, estudou o perfil sociodemográfico e a saúde mental de 115 médiuns espíritas da cidade de
São Paulo, analisando o histórico de suas experiências mediúnicas e sua
adequação social. A conclusão da pesquisa mostrou a diferenciação do perfil que
é habitualmente apresentado na literatura científica, como pessoas com baixa
escolaridade e renda e apresentando algum transtorno dissociativo ou psicótico.
Os médiuns analisados apresentaram “alto nível socioeducacional, baixa
prevalência de transtornos psiquiátricos e razoável adequação social”, define
Almeida no resumo de sua tese. A proporção de médiuns que apresentou algum
sintoma de transtornos mentais foi menor do que a encontrada na população em
geral.
A pesquisa de Almeida constatou que 76,5% dos médiuns eram mulheres, a idade
média era de 48 anos, menos de 3% estavam desempregados e 46,5% tinham curso
superior e seguiam a Doutrina Espírita, em média, há 16 anos. A pesquisa mostrou
ainda que “a maioria dos médiuns estudados teve o início de suas manifestações
mediúnicas na infância, e essas, atualmente, se caracterizam por vivências de
influência ou alucinatórias, que não necessariamente implicam num diagnóstico de
esquizofrenia”. Os médiuns participantes do estudo trabalham em nove centros
espíritas kardecistas da Aliança Espírita Evangélica, em São Paulo.
Procedimentos
Os 115 médiuns estudados responderam a um questionário sociodemográfico antes ou
depois das reuniões espíritas e a outro ligado à atividade mediúnica. Eles
responderam ainda aos questionários SRQ (Self-Report Psychiatric Screening
Questionnaire) e EAS (Escala de Adequação Social), que rastreia a presença de
transtornos mentais e mostra como a pessoa se relaciona em sociedade,
respectivamente.
Com o resultado dessa primeira parte da pesquisa, foram selecionados 24 médiuns
que foram analisados pelo SCAN (Schedules for Clinical Assessment in
Neuropsychiatry) – uma entrevista psiquiátrica padrão – e pelo DDIS
(Dissociative Disorders Interview Schedule), que aponta a presença ou não de
transtornos dissociativos (quando uma parte da mente funciona de forma
independente) de 11 sintomas para o diagnóstico da esquizofrenia, tais como:
vozes dialogando na sua cabeça, comentando suas ações, ter suas ações produzidas
ou controladas por alguém fora de você. “Os médiuns apresentaram, em média,
quatro deles, mas a presença dos sintomas não indicou a existência de nenhuma
doença mental”, afirmou Almeida. Não foi estabelecida nenhuma correlação entre
freqüência de atividades mediúnicas e problemas mentais ou desajuste social.
A tese de doutorado de Almeida confirma o que o último censo do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra: o crescimento da proporção
de espíritas no Brasil conforme aumenta a escolaridade da população. Segundo o
IBGE, o Espiritismo ocupa a quarta posição entre as religiões praticadas no
Brasil, e é a segunda opção religiosa de 40 milhões de brasileiros. O IBGE
mostra ainda que o Brasil é o país com a maior população espírita do mundo.
"Precisamos de mais pesquisas"
Essa é a opinião de Alexander Moreira de Almeida com relação às pesquisas em
espiritualidade e saúde. Doutor em Psiquiatria pela USP, coordenador do Núcleo
de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos (NEPER) do Instituto de
Psiquiatria HC-FM-USP – que estuda as questões religiosas e espirituais segundo
o enfoque científico, sem vínculo com nenhuma corrente religiosa ou científica –
e diretor técnico e clínico do Hospital João Evangelista (HOJE), ele falou sobre
o tema no Mednesp, que resumimos abaixo:
Folha Espírita – Até onde já se chegou com as pesquisas em espiritualidade e
saúde?
Alexander Moreira de Almeida – Atualmente, já é amplamente reconhecida a
importância que a espiritualidade exerce na vida das pessoas. Deixou-se de lado
uma visão preconceituosa de ignorar, desqualificar ou considerar patológicas as
expressões de espiritualidade. Muitos intelectuais renomados difundiram a idéia,
sem bases em pesquisas sólidas, de que religiosidade era algo associado à
ignorância, culpa, infelicidade e imaturidade psicológica. Hoje, já se sabe que
o envolvimento religioso habitualmente está associado a melhores indicadores de
saúde e bem-estar.
FE – Até onde ainda falta caminhar?
Almeida – Ainda há muito para fazer. É preciso determinar melhor quais
componentes da vivência religiosa se associam a indicadores positivos e quais se
associam a indicadores negativos. São necessários mais estudos na população
geral e com outros grupos religiosos, além dos católicos e protestantes (que
compõem as amostras da maioria dos estudos, já que são feitos nos EUA). É
necessário conhecer melhor os mecanismos pelos quais a espiritualidade
influencia a saúde, além da relação mente–corpo.
FE – Qual o impacto que o envolvimento religioso tem sobre a saúde física e
mental?
Almeida – Os estudos têm mostrado que esse envolvimento se associa ao menor uso
de álcool e outras drogas, menores taxas de suicídio, maior expectativa de vida,
menos depressão e melhor funcionamento do sistema imunológico.
FE – Como realizar diagnóstico diferencial entre uma experiência religiosa e um
problema mental?
Almeida – Essa pergunta não admite uma resposta simples. Faz-se necessária uma
avaliação cuidadosa e ampla da pessoa, o que ela tem vivenciado, suas crenças e
seu contexto social e cultural. Em linhas gerais, para uma certa vivência ser
considerada indicativa de um transtorno mental, deve estar associada a
sofrimento, falta de controle sobre sua ocorrência, gerar incapacitação,
coexistir com outros sintomas de transtornos mentais e não ser aceita pelo grupo
cultural ao qual pertença o indivíduo.
A Folha Espírita entrevistou o Dr Alexander Moreira de Almeida, coordenador do
Núcleo de Estudos de Problemas Espirituais e Religiosos (NEPER) do Instituto de
Psiquiatria HC-FM-USP - Matéria publicada na Folha Espírita em agosto de 2005.
Dia 01 de 1885
Nasce Hildebrando César de Souza Araújo, em Imbituva, Paraná. Desencarna a 15 de
setembro de 1948.
Dia 01 de 1961
Fundada a Creche Josefina Rocha, Departamento da Federação Espírita do Paraná.
Atual denominação Centro de Educação Infantil Josefina Rocha.
Dia 02 de 1926
Nasce em Pedreiras, MA, o trabalhador espírita Antenor de Lima Costa. Desencarna
em Guarulhos, SP, em 1989.
Dia 02 de 1978
Em Lisboa, Portugal, desencarna José Francisco Cabrita, da Federação Espírita
Portuguesa. Nasce na Vila de Lagos, Algarve, Portugal, em 16 de setembro de
1892.
Dia 02 de 1990
Primeira palestra de Divaldo Pereira Franco, na República Checa, em Praga.
Dia 02 de 1997
Divaldo Pereira Franco recebe o título de cidadão honorário de São Bernardo do
Campo, São Paulo.
Dia 03 de 1925
Em Juvisy, França, desencarna o médium, astrônomo, escritor e pesquisador
espírita Camille Flammarion. Nasce em Montigny-le-Roy, Alto Marne, França, em 26
de fevereiro de 1842.
Dia 03 de 1987
Primeira entrevista de Divaldo Pereira Franco à cadeia de rádio Voz da América,
em Washington, EUA.
Dia 03 de 1993
Primeira palestra de Divaldo Pereira Franco na ONU, Departamento de Viena,
Áustria.
Dia 03 de 1993
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