O Regresso de Simão Pedro, por Maria Dolores
Insensibilidade humana: até onde ela vai? O caso de Terri Schiavo
A história da americana Terri Schiavo, 41, que morreu no final do mês após ter sido retirado o tubo de alimentação que a mantinha viva, comoveu o mundo, desencadeando um debate global sobre a vida humana. Ela se encontrava em estado vegetativo persistente há 15 anos, quando seu cérebro sofreu sérios danos após uma parada cardíaca, e seu marido, Michel Schiavo, havia conseguido na Justiça americana o direito de por fim a sua vida. Os pais de Terri, Bob e Mary Schindler, recorreram a todas as esferas da Justiça americana para conseguir que a filha voltasse a receber alimentação, sem sucesso.
Diante da história de Terri, fica a pergunta: uma vez perdida a consciência,
perde-se também o que torna a vida humana um bem sagrado? Veja o que nos diz
Gilson Luís Roberto, presidente da Associação Médico-Espírita do Rio Grande do
Sul:
“Vivemos hoje dentro de uma linguagem social, a sociedade pós-moderna, ou, em
linguagem econômica, a chamada sociedade pós-industrial. Momentos esses
caracterizados pela superficialidade da vida, com perda dos referenciais éticos
e morais, onde predomina o individualismo e o niilismo, além de um constante
vazio existencial. A sociedade encontra-se perdida, não existe mais o certo e o
errado. Hoje em dia, dentro de uma sociedade competitiva, as atitudes
inconvenientes são consideradas “normais”, e as atitudes certas e sérias são
desconsideradas ou taxadas de “ingenuidade”. Sem discernimento, o homem torna-se
inseguro, excessivamente preocupado com seu ego e em amontoar os valores
materiais em detrimento do espiritual. É uma época de conflitos e paradoxos.
“Junto ao aumento do conforto material e do avanço da Medicina no alívio das
doenças físicas, o ser humano torna-se mais infeliz e as doenças emocionais
aumentam assustadoramente. Chegamos nesse momento em decorrência do
materialismo-utilitarista, e o que nos assusta, nesses dias decisivos, é o
grande egoísmo e a insensibilidade humana, provocando um desrespeito profundo
pela vida e pelo ser humano. Tudo se justifica nesta sociedade superficial,
perdida no meio de tantas informações, onde muitos trocam a vida real, que exige
uma consciência lúcida e corajosa, pela vida virtual e irreal, onde tudo é
possível.
“O caso de Terri Schiavo vem ilustrar de forma dolorosa até onde estamos indo
com a nossa insensibilidade e superficialidade. A vida humana cumpre uma
finalidade, bem além daquela de simplesmente respirarmos. Não estamos aqui em
passeio, mas cumprindo uma programação evolutiva. A Terra é um instituto de
tratamento e cada reencarnação é um processo terapêutico para o espírito que,
através das experiências dolorosas, busca se libertar do seu passado de culpas e
erros e, assim, conseguir organizar o seu futuro de paz e evolução. Precisamos
ter uma posição mais firme em defesa da vida e da possibilidade do espírito ter
o direito de realizar os seus anseios de liberdade espiritual, por mais difícil
que nos pareça a vida.
“No mundo, embora atados a suplícios anônimos e a sacrifícios redentores, é onde
encontramos a escola bendita do reajuste. Cada experiência vivida é oportunidade
divina que muitas vezes desconsideramos, para mais tarde, entre lamentos e
choros, arrependidos pelos momentos perdidos, solicitarmos nova oportunidade,
buscando aflitivamente a felicidade de voltarmos à Terra através de novo
processo reencarnatório para novas lutas e sacrifícios.
“Um grande absurdo foi a afirmativa dos médicos que cuidam de Terri de que ela
poderia viver até duas semanas sem o tubo de alimentação sem sentir desconforto
da sensação de fome ou de sede devido seu estado vegetativo. Que estado
“vegetativo” é este onde a pessoa continua vivendo e é capaz de expressar seus
sentimentos numa linguagem não verbal? Mesmo que aceitássemos a idéia de uma
situação vegetativa absoluta, o que não se confirmou no caso de Terri, como
ficaria o sofrimento do espírito que sente, ouve e acompanha todo o processo em
que se encontra, recebendo e sentindo os pensamentos daqueles com quem convive?
“As pesquisas científicas demonstram que até as plantas possuem sensibilidade e
que respondem a estímulos dolorosos, o que dizer de um ser humano. É estranhável
que em pleno desenvolvimento científico a demonstrar as reações da vida
intra-uterina, do pensamento holográfico, de mente não localizada, da
comunicação em rede etc., onde a ciência vem rompendo com a visão
cérebro-cêntrica, alguns ainda defendam o pensamento mecanicista e reducionista
que a vida está apenas nos neurônios. Deixar uma pessoa morrer de fome e sede é
no mínimo desumano, principalmente se essa pessoa é deficitária. Não se faz isso
nem com os animais!!
“Até onde iremos, com a desculpa do tecnologismo e modernismo, em nosso egoísmo
e insensibilidade?”
O Dr. Gilson Luis Roberto, da AME-RS, dá sua opinião sobre o caso de Terri
Schiavo - matéria publicada na Folha Espírita em abril de 2005
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Datas Importantes do Espiritismo
DEZEMBRO
02/12/1886 – Data de nascimento de José Petitinga, conhecido espírita baiano.
Nesta mesma data nasceu na Tchecoslováquia Frederico Figner que se tornou
diretor da Federação Espírita Brasileira.
02/12/1868 – Data de desencarne do responsável pela primeira edição das obras
básicas da codificação, o livreiro Didier.
04/12/1935 – Data do desencarne do criador da metapsíquica, Charles Richet.
10/12/1944 – Data de fundação da Cruzada dos Militares Espíritas.
10/12/1874 – Data do nascimento de um dos maiores tribunos espíritas: Manuel
Viana de Carvalho.
11/12/1761 – Data de nascimento de Joanna Angélica, em Salvador, Estado da
Bahia. São bastante conhecidas suas obras trazidas através da mediunidade de
Divaldo Pereira Franco, sob o nome de Joanna de Angelis.
15/12/1859 – Nasce Lázaro Luiz Zamenhof, o criador do Esperanto.
18/12/1903 – Data do desencarne de Augusto Elias da Silva, fundador da revista
Reformador e um dos fundadores da FEB.
24/12/1900 – Data do nascimento de Yvonne do Amaral Pereira.
24/12/1872 – Data de nascimento do esperantista Francisco Waldomiro Lorenz.
25/12/1915 – É fundada a Federação Espírita do Estado da Bahia.
30/12/1935 – É fundada em Piracicaba (SP) a “Associação Espírita Urubatão”