O papel que a Mídia desempenha e a Violência
Sabemos que a violência não é uma invenção da mídia, mas sua
exposição, cada vez mais freqüente e em forma de espetáculo, tem nos deixado em um estado de letargia, em que somente acontecimentos cruéis nos fazem parar, pensar e até nos manifestar a respeito, tamanha tolerância que criamos dentro de nós e que nos tira a capacidade de indignação. Mas, afinal, a mídia está errada em divulgar notícias que dizem respeito à violência? Claro que não. Ninguém quer que haja sonegação de informações, mas deve-se saber contextualizá-la.
Segundo o cearense Luiz Eduardo Girão, 34 anos, empresário, acadêmico de
jornalismo e diretor da recém-criada ONG Agência da Boa Notícia, que iniciou uma
campanha conclamando a mídia a repensar o seu papel, enviando e-mails a
jornalistas com o pedido para que a cultura da paz substitua a da violência
(veja abaixo um trecho do texto, reproduzido, em 23 de março, na coluna do
jornalista Engel Paschoal, na Folha de S.Paulo), os meios de comunicação
passaram dos limites. “A mídia contribui para a realidade que estamos
enfrentando. Só notícias ruins, crimes, corrupção, desesperança. Mas será que é
só isso que ocorre no Brasil e no mundo? Claro que não. E por que não damos
visibilidade ao que é bom? Por que não dá audiência? Isto é um mito que vem
potencializando a própria violência em nossa sociedade. É, sem dúvida, um “tiro
no pé”, acredita ele.
Em artigo recente publicado nos jornais O Globo e O Estado de S.Paulo, Carlos
Alberto Di Franco, diretor da Di Franco - Consultoria em Estratégia de Mídia,
faz uma análise coerente sobre o tema: “A overdose de violência na mídia pode
gerar fatalismo e uma perigosa resignação. As pessoas imaginam que não há o que
fazer. Acabamos, todos, paralisados sob o impacto de uma violência que se afirma
como algo irrefreável e invencível. E não é verdade. Podemos, todos,
jornalistas, formadores de opinião, estudantes, cidadãos, dar pequenos passos
rumo à cidadania e à paz”, declara.
Pesquisas
Pesquisas recentes apontam que a visibilidade excessiva do crime é uma das
formas de potencializar a violência. "E a cultura da violência faz isso:
induz-nos a pensar que tudo está perdido. Que vamos ser assaltados a qualquer
momento. A pessoa fica paralisada e aterrorizada de tal forma que nem sai mais
de casa e continua assistindo a programas de violência. Logo vem a depressão,
originada pelo medo, pavor, fazendo o indivíduo viver pela metade, como um
zumbi, sem um sentido maior para a vida”, opina Girão. De fato, como é explicado
através da Física Quântica no filme Quem somos nós?, a energia dos nossos
pensamentos cria realidades. Se pensamos coisas boas, atraímos coisas boas.
Se pensamos coisas ruins, criamos uma atmosfera negativa, propícia para que
coisas negativas aconteçam.
Girão vai mais além: “Felizmente, a realidade não é a que aparece na mídia.
Basta perguntar às pessoas quantos assassinatos já presenciaram. É o velho mito
de que notícias ruins dão audiência. Mas já se observa uma forte tendência para
outro tipo de tema: a busca da espiritualidade, intimamente ligada à cultura da
paz. Daí o sucesso de novelas e filmes que tratam do assunto”, completa.
Mídia impressa
Nélson Nunes, editor executivo de um jornal paulista, acostumado a fazer a
primeira página e, portanto, a classificar as matérias de mais relevância nas
edições, admite que o noticiário policial tem grande importância para os
veículos. “Seria hipocrisia negar. Isso ocorre porque a violência hoje é um dado
que impacta a vida de toda a sociedade. Ninguém está livre de um novo golpe, de
um assalto e até de um seqüestro, que hoje virou uma ação banal para os
bandidos. Os veículos de comunicação passaram a tratar a questão da violência
urbana com uma abordagem mais ampla, que vai além do crime pelo crime, do sangue
pelo sangue”, diz.
Na maioria dos casos, segundo ele, a violência é retratada nos jornais como uma
questão de segurança pública e, como tal, interessa a toda a sociedade. “Quando
um jornal noticia um seqüestro, ele promove um debate da sociedade sobre a
escalada desse tipo de crime, como a pena para esse crime deveria ser tratada no
congresso, como fazer para evitar ser a próxima vítima. Um fato policial é
importante, vai para a primeira página, à medida que pode despertar a atenção
das pessoas, provocar um debate, passar uma mensagem de alerta”, avalia.
A Folha Espírita procurou a assessoria de imprensa da TV Bandeirantes para ouvir
a produção do programa Brasil Urgente, o pioneiro da tevê em acompanhamento
direto de casos policiais, mas não foi atendida.
Vocação
Um dos grandes desafios da comunicação na sociedade atual, segundo aponta Jaime
Carlos Patias, mestre em Comunicação pela Cásper Líbero, é o de preservar a
autêntica vocação do jornalismo, que tem uma função mediadora do espaço público.
“A garantia do direito à informação e à liberdade de expressão faz parte da
essência do jornalismo, que deve praticar uma comunicação voltada para a
informação, para a formação e educação do povo, favorecendo o exercício da
cidadania”, analisa.
Disso, ninguém tem dúvida. A mídia pode e deve informar, sim, mas, como disse Di
Franco, com bom senso e sem sensacionalismo.
Campanha e prêmio pregam a paz
Pautada na discussão sobre a exposição da violência na mídia, foi aprovada,
durante o Encontro Nacional dos Jornalistas em Assessoria de Comunicação, de 29
de março a 1º de abril, em Fortaleza (CE), a campanha “Eu quero é paz” e “Frente
pela Paz”, assim como a criação da ONG Boa Notícia. Através dela, cria-se o
compromisso pela paz em que a sugestão de pautas positivas deve se sobrepor à
violência que atinge o País.
Com a mesma proposta, a de expandir a cultura pela paz, está a Revista Imprensa,
que criou um prêmio nesse sentido. O Mídia da Paz é voltado para jornalistas e
visa reconhecer ações dos veículos de comunicação, na categoria especial do júri
– há outra categoria, Comunicação Institucional, voltado para empresas
socialmente responsáveis. “A idéia é expandir a cultura pela paz, reconhecer as
ações e projetos que promovam e abordam soluções na luta contra a violência, não
só física, mas mental, social, política, urbana, ambiental, etc”, afirma
Gabriela Miranda, assessoria de comunicação da revista.
“A cultura pela Paz e Não-Violência é um valor entendido como força maior a ser
alcançada por todos os povos, que vai além da rejeição à violência. Essa cultura
parte de princípios básicos que para se viver bem e com qualidade, como
preservar o planeta, redescobrir a solidariedade, respeitar à vida. Acredito que
o Prêmio Mídia da Paz vem para fomentar e incentivar esta cultura entre os
brasileiros", afirma o diretor e editor da Revista Imprensa, Sinval de
Itacarambi Leão.
Dados preocupantes
Segundo a ONG MOVPAZ - Movimento Internacional pela Paz e Não-Violência, as
crianças brasileiras assistem, entre os 3 e 10 anos de idade, a 107 mil cenas de
violência e a mais de 40 mil de tiros por ano. No Ceará, chega-se ao cúmulo de
13 horas diárias de programas de mundo cão na TV. É recorde no Brasil.
Um grupo de estudantes da Universidade de Fortaleza (CE) pesquisou a reação da
comunidade aos inputs de programas policiais. A conclusão é que o acusado fica
respeitado e famoso quando aparece na tevê. E as crianças, carentes de educação
e bons exemplos, o vê com admiração, ou seja, ele acaba sendo referência para
aquele grupo de jovens.
Cultura da violência ou da paz? Você decide
Abaixo, reproduzimos trecho de e-mail enviado por Luiz Eduardo Girão à
profissionais da imprensa e sobre o qual vale a pena refletir :
(...) “Os protagonistas deste horrendo espetáculo alcançaram requintes de
masoquismo, fazendo com que na cena do crime se vejam pessoas querendo aparecer
e rindo da própria desgraça. Com isso, a corrente do mal ganha força, criando
novos super-heróis e levando milhares de espectadores a se tornarem ávidos por
cinco minutos de fama. Até porque o criminoso vira um astro de tevê nesses
programas policiais. Este círculo vicioso, retroalimentado pela própria
sociedade (empresas que anunciam em programas de violência), reforça a inversão
dos valores do ser humano, o ter em vez do ser, gerando mais violência por
deixar as pessoas mais tolerantes a ela...
(...) Quem patrocina programas com teor violento poderia direcionar o
investimento para a cultura da paz, automaticamente contribuindo para um mundo
melhor. Esses, sim, serão os empresários socialmente responsáveis. E o público
tem um poder precioso em mãos: não consumir e até fazer campanha contra marcas
anunciadas em programas que estimulam a violência. É questão de sobrevivência:
se não descobrimos isso pelo amor, descobriremos pela dor.”
Quem quiser mais informações sobre o trabalho da ONG Boa Notícia pode enviar
e-mail para legirao@hotmail.com e sobre o prêmio da Revista Imprensa, midiadapaz@portalimprensa.com.br
e telefone (11) 2117-5308.
Cláudia Santos - Texto publicado na Folha Espírita em junho de 2007
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Datas Importantes do Espiritismo
JUNHO
Dia 01 de 1885
Nasce Hildebrando César de Souza Araújo, em Imbituva, Paraná. Desencarna a 15 de
setembro de 1948.
Dia 01 de 1961
Fundada a Creche Josefina Rocha, Departamento da Federação Espírita do Paraná.
Atual denominação Centro de Educação Infantil Josefina Rocha.
Dia 02 de 1926
Nasce em Pedreiras, MA, o trabalhador espírita Antenor de Lima Costa. Desencarna
em Guarulhos, SP, em 1989.
Dia 02 de 1978
Em Lisboa, Portugal, desencarna José Francisco Cabrita, da Federação Espírita
Portuguesa. Nasce na Vila de Lagos, Algarve, Portugal, em 16 de setembro de
1892.
Dia 02 de 1990
Primeira palestra de Divaldo Pereira Franco, na República Checa, em Praga.
Dia 02 de 1997
Divaldo Pereira Franco recebe o título de cidadão honorário de São Bernardo do
Campo, São Paulo.
Dia 03 de 1925
Em Juvisy, França, desencarna o médium, astrônomo, escritor e pesquisador
espírita Camille Flammarion. Nasce em Montigny-le-Roy, Alto Marne, França, em 26
de fevereiro de 1842.
Dia 03 de 1987
Primeira entrevista de Divaldo Pereira Franco à cadeia de rádio Voz da América,
em Washington, EUA.
Dia 03 de 1993
Primeira palestra de Divaldo Pereira Franco na ONU, Departamento de Viena,
Áustria.
Dia 03 de 1993
Primeira palestra de... Saiba mais...