
Mesas Girantes, por Orson Carrara
Cá estamos nós outra vez às voltas com o polêmico tema da diminuição da maioridade penal. O que teria feito todas essas vozes se calarem desde aquele seqüestro de uma jovem por um adolescente até a morte do garoto João Hélio? Será que nesse tempo todo não se identificaram crimes cometidos por menores de 18 anos? Será que todas as vítimas da violência e da criminalidade desse período não merecem atenção da mídia e dos nossos representantes políticos? Será necessário despedaçar um ser humano em via pública para acordarmos?
É muito bom observar uma comunidade inteira indignada com o envolvimento de jovens no crime, mas é muito triste constatar que somente na ocorrência de crimes bárbaros, capturados e divulgados pela mídia, essa consciência se desperta.
Seria extremamente importante que todos nós estivéssemos atentos aos chamamentos
diários da sociedade capitalista para o crime. Melhor seria ainda se nos
apercebêssemos de que há uma infinidade de crianças e adolescentes mergulhados
no mundo do crime, acordando, dormindo e respirando 24 horas por dia esse clima.
Muito melhor poderia ser se nos perguntássemos o que nós mesmos podemos fazer
para mudar esse estado de coisas.
Se um ou outro jovem brasileiro chama a atenção por se envolver em crime grave,
chocando a sociedade, deveríamos nos chocar com maior razão frente ao número
infinitamente maior e desproporcional de crianças e jovens que são vítimas
diárias do crime. Lamentavelmente, a mídia e os políticos não enfocam com a
mesma intensidade e coragem os crimes bárbaros, incluindo homicídios, aos quais
assistimos inertes, constantemente, ceifando vidas de crianças e jovens
inocentes. Muitos morrem vitimados pela polícia, pelo crime organizado, pela
violência doméstica, enquanto outros crescem meio-vivos-meio-mortos, mutilados
pela falta de estrutura familiar (nas mais diferentes classes sociais), ou ainda
à míngua dos recursos básicos na classe miserável. Outros tantos, provavelmente
os mais infelizes, estão aprendendo a atirar, a esfaquear, a vender e usar
droga, a roubar e praticar atrocidades contra seu próximo. Por mais absurdo que
possa parecer, não nos incomodamos com essa situação.
A receita está sempre pronta: é preciso aplicar tratamento mais severo, aumentar
as penas e enrijecer o regime de cumprimento das reprimendas penais. O ideal,
dizem, seria diminuir a maioridade penal e colocar esses infelizes criminosos
para apodrecer na cadeia.
Ora, se estamos desejando isso aos nossos jovens, o que temos a oferecer, em
matéria de recuperação e ressocialização, àqueles que infringem a ordem legal em
fase mais adulta da vida? Pena de morte, responderia uma infinidade de pessoas.
Jovens precisam de oportunidades
Não é essa, porém, a receita espírita. Somos detentores de inteligência e a
possuímos para usar convenientemente na construção de um mundo melhor. Os nossos
jovens, todos, necessitam de oportunidades. Embora reconhecendo a absoluta
incompetência dos órgãos encarregados do cumprimento da pena para desenvolver
mecanismos aptos a educar, reeducar, encaminhar e recuperar pessoas, o que torna
necessária a existência de presídios – às vezes de segurança máxima –, o foco
tem de ser a educação. A punição em si não gera benefício algum.
Ademais, o que adiantam novas leis se nem as velhas são cumpridas? O sistema
prisional passa longe do que determina a Lei de Execução Penal e o Estado,
absolutamente, não cumpre o Estatuto da Criança e do Adolescente, fornecendo os
meios necessários à educação e ressocialização. Para que, então, novas leis?
Melhor seria cumprir as que já existem.
Se hoje uma comunidade fica relativamente tranqüila ao saber que um criminoso
está preso (não se ignore a possibilidade de fugas), hoje mesmo deve começar a
se preocupar com a provável breve convivência com o mesmo criminoso, pois o
sistema não educa e ele voltará ao ceio da mesma sociedade quando atingir o
benefício da progressão de regime. Mas, então, seria recomendável a pena de
morte! Não concordamos também com isso.
O espírito é imortal e fora da dimensão física continua agindo normalmente. Nada
impede que um espírito despido do corpo físico invista suas energias na prática
de crimes, estimulando e assessorando seus comparsas, encarnados ou
desencarnados, com a grande vantagem de não estar limitado aos cinco sentidos
físicos. O que fazer então? Não há alternativa, a partir da compreensão
espírita, senão investir na educação dos espíritos, com ou sem corpo físico.
Defendemos a existência de uma lei penal séria, que garanta a tranqüilidade das
pessoas de bem, mas isso não é possível sem os recursos da educação. A falácia
de agravar as penas e os sistemas penitenciários está sendo desmascarada, pois a
nossa realidade tem demonstrado que não produz resultados positivos; ao
contrário, as coisas parecem piorar a cada dia. Assim será até que o ser humano
descubra que todos têm direito à educação, todos precisam ser bem formados e
informados, todos merecem acesso aos direitos fundamentais, todos,
indistintamente.
Trabalhemos para educar nossas crianças, dediquemos energia ao oferecimento de
recursos à sobrevivência digna de nossos jovens, busquemos formar adequadamente
as pessoas, todas, que estão à nossa volta, e estaremos contribuindo para um
mundo melhor. Se todas as pessoas fossem cidadãs, não haveria necessidade de
punir, pois não existiriam criminosos. Cada cidadão a mais diminui a
possibilidade de mais um criminoso.
A partir de nossa própria casa também podemos colaborar, bastando que
trabalhemos pela modificação da cultura. Educar nossa família para a vida
comunitária, investir em projetos sérios que encaminham crianças, denunciar
maus-tratos, abandono, corrupção e todo tipo de violência contra os direitos das
crianças e adolescentes são ações produtivas, bem como dialogar com as pessoas
de forma esclarecedora. O nosso engajamento na causa é fundamental, pois a
postura corriqueira de sentar na arquibancada, criticar e jogar pedras só piora
o quadro geral.
Também não podemos deitar no sofá e esperar a banda passar. Talvez tenhamos
feito isso uma vida inteira e agora estejamos assistindo às conseqüências. O
nosso envolvimento imediato é necessário. A singela iniciativa de defendermos a
causa da educação já nos tira do ostracismo e nos torna ativos participantes do
projeto de mudança. Vamos trabalhar. Afinal, para criticar, já tem muito ocioso
por aí!
Jacira Jacinto da Silva é formada em Ciências Biológicas, Matemática e Direito,
especializada em violência doméstica contra crianças e adolescentes pela USP,
mestre em Direito, professora universitária e juíza de Direito há mais de 13
anos, atualmente titular da 3ª Vara Cível da Comarca de Bragança Paulista - SP.
Matéria publicada na Folha Espírita, maio de 2007
Dia 01 de 1880
Nasce na cidade de Sacramento, MG, Eurípedes Barsanulfo. Desencarna em 1º de
novembro de 1918.
Dia 01 de 1985
Divaldo Pereira Franco concede entrevista de 15 minutos à Rádio Paralelo 22, de
Johannesburg, África do Sul.
Dia 02 de 1827
Nasce em Tulle, França, Pierre-Gaëtan Leymarie. Desencarna em 10 de abril de
1901, em Paris.
Dia 02 de 1980
Em São Paulo, SP, desencarna Silvino Canuto de Abreu, jornalista, escritor,
conferencista e pesquisador espírita. Nascido em Taubaté, SP, em 19 de janeiro
de 1892.
Dia 02 de 1981
Divaldo Pereira Franco recebe o título de cidadão honorário de Uberlândia, MG.
Dia 02 de 1995
Divaldo Pereira Franco concede entrevista à TV C. 12 de Cochabamba, Bolívia.
Dia 03 de 1944
Nasce em Apucarana, PR, Milton Gonçalves, trabalhador espírita da região
noroeste do Estado. Foi Presidente da 8ª União Regional Espírita, sediada em
Paranavaí, onde desencarna em 2 de outubro de 1994.
Dia 03 de 1949
Em Liège, Bélgica, desencarna José Lhome, divulgador do Espiritismo, Presidente
da Federação Espírita da Bélgica. Nascido na mesma cidade, em 14 de junho de
1881.
Dia 04 de 1978
Em Teresópolis, RJ, o Grupo Espírita Isabel, a Redentora realiza a Primeira
Semana Espírita da cidade,... Saiba mais...