
Mesas Girantes, por Orson Carrara
Gilson Luís Roberto, médico com formação em Psicologia
Analítica Junguiana e Homeopatia e presidente da Associação Médico-Espírita do Rio Grande do Sul, falando da espiritualização no atendimento hospitalar:
Folha Espírita - O aspecto espiritual é levado em conta com pacientes
internados?
Gilson Luís Roberto - Na maioria dos pacientes internados o aspecto espiritual é negligenciado, exatamente no momento em que essas necessidades são maiores, quando o paciente sente-se ameaçado e inseguro, onde reflexões como morte, castigo divino, culpas, necessidade de recolhimento e oração, entre outras, surgem com mais força requisitando maior atenção e um olhar cuidadoso para esses aspectos.
FE - Por que esse fator é importante para o paciente? Em quais circunstâncias?
Roberto - A espiritualidade faz parte do psiquismo humano, necessitando da mesma
atenção que se dá à saúde corporal e aos demais aspectos psíquicos como a
inteligência e a sexualidade.
A humanização do atendimento médico-hospitalar, baseado no respeito ao paciente,
deve contemplar todas as suas necessidades físicas, emocionais, sociais e
espirituais, que não estão dissociadas, favorecendo uma recuperação mais rápida
e um atendimento mais humano.
Como a espiritualidade é algo inerente ao psiquismo humano, em qualquer ocasião
cabe o olhar respeitoso e atencioso do fator espiritual, principalmente nos
momentos de desesperança e insegurança provocados pela doença e pela solidão.
FE - A espiritualidade ajuda na recuperação do paciente internado?
Roberto - Sem dúvida! Tanto a espiritualidade intrínseca como a espiritualidade
extrínseca.
A pessoa espiritualizada, que busca desenvolver a sua religiosidade através de
uma prática espiritual sincera e verdadeira, por si só apresenta grandes
vantagens na forma como enfrenta e administra suas dificuldades, ensejando uma
atitude de profunda fé e calma perante os percalços da vida física. Isso é um
verdadeiro antídoto contra o estresse, a loucura e o desespero. Além disso, as
pesquisas médicas demonstram que práticas como a oração e a meditação fortalecem
o sistema imunológico, favorecem a recuperação do paciente, diminuam o uso de
anestésico e aceleram a cicatrização cirúrgica. Referente à espiritualidade
extrínseca, poderíamos afirmar que a espiritualidade amiga está sempre presente,
apoiando a nossa mais completa recuperação da saúde física e, principalmente, da
saúde espiritual. Aí a importância da oração intercessória.
Infelizmente as nossas atitudes internas mais dificultam do que favorecem o
auxílio da espiritualidade, que, mesmo assim, permanece presente em auxílio
constante. Por isso a necessidade de nos voltarmos mais para os aspectos
espirituais, favorecendo, assim, a nossa própria cura. O que observamos, na
verdade, é a falta de ambiente e receptividade que favoreça a ação da
espiritualidade. Tanto sobre os aspecto de despreparo do paciente quanto do
médico.
Há se os médicos orassem mais pelos seu pacientes e antes de qualquer
procedimento técnico!
FE - Como é espiritualizar e humanizar o atendimento?
Roberto - O processo de humanização é bastante amplo e complexo. Envolve a
administração do hospital, o cuidado com os seus funcionários, passa pela
preparação técnica e humana do profissional que presta o atendimento e acaba na
forma como olhamos o paciente e seus familiares, buscando sempre uma visão
integral e humana em cada um. Para realizarmos esse atendimento humanizado,
necessariamente teremos que nos voltar para os aspectos espirituais, favorecendo
a sua prática e dando espaço para que isso aconteça. Isso se refere tanto ao
diálogo com o paciente sobre as suas crenças e assuntos que lhe preocupam ligado
a espiritualidade (medo da morte, culpas etc.), como possibilitar prática de
atividades espirituais que possam fortalecer sua fé e favorecer a sua
recuperação, desde a oração e meditação até o toque terapêutico, que nós
espíritas chamamos de passe ou imposição das mãos. Quem pretende explicar a
existência dos hospitais como uma organização destinada apenas a tratar do corpo
biológico se equivoca, cometendo uma redução. Ainda que nos hospitais a ênfase é
a dada aos processos curativos que operam sobre o corpo biológico, eles mantêm
sua condição de produto social e de espaço de trocas intersubjetivas. Trocas que
acontecem diariamente e que envolvem o mundo interno de cada um e suas trocas
com o mundo de fora. Em relação aos pacientes, a humanização envolve a
disponibilidade do profissional em ouvi-los com a devida atenção, respeitando o
que eles têm para nos dizer. Aliás, o termo respeitar vem do latim respectaire,
que significa olhar de novo, olhar com mais atenção. Para que o sofrimento
humano seja realmente atenuado e as percepções de dor ou de prazer sejam
humanizadas, é preciso que as palavras que o sujeito expressa sejam reconhecidas
pelo outro. Em outras palavras, humanizar é buscarmos a capacidade de nos
relacionarmos uns com os outros, o que encontramos de uma forma plenificada nas
palavras de Jesus em seu Evangelho, quando nos recomendou que amássemos uns aos
outros como a si mesmo.
FE - Temos exemplos no Brasil? E no mundo?
Roberto - Hoje se fala muito em humanização no mundo todo. Nos cursos de
pós-graduação é comum essa matéria estar presente. Aqui no Brasil o Ministério
da Saúde instituiu em 2001 o Programa Nacional de Humanização da Assistência
Hospitalar para a rede hospital do SUS. Entre as várias campanhas de humanização
que existem salientamos o do parto humanizado, o do atendimento à criança de
baixo peso e a campanha “Cuidar de quem Cuida”. Embora muitos hospitais no
Brasil já tenham aderido ao programa do Ministério da Saúde, ainda é grande a
dificuldade de se implantar a humanização hospitalar, que esbarra na falta de
uma cultura interna sobre o assunto e no pouco envolvimento dos médicos. No
Hospital Espírita de Porto Alegre iniciamos um projeto de humanização hospitalar
que contempla o atendimento espiritual, através da Evangelhoterapia, palestras
doutrinárias e fluidoterapia, aos funcionários, pacientes e familiares.
Folha Espírita entrevistou o Dr. Gilson Luís Roberto (Presidente da AME-RS),
homeopata
(matéria publicada na Folha Espírita em setembro de 2005)
Dia 01 de 1880
Nasce na cidade de Sacramento, MG, Eurípedes Barsanulfo. Desencarna em 1º de
novembro de 1918.
Dia 01 de 1985
Divaldo Pereira Franco concede entrevista de 15 minutos à Rádio Paralelo 22, de
Johannesburg, África do Sul.
Dia 02 de 1827
Nasce em Tulle, França, Pierre-Gaëtan Leymarie. Desencarna em 10 de abril de
1901, em Paris.
Dia 02 de 1980
Em São Paulo, SP, desencarna Silvino Canuto de Abreu, jornalista, escritor,
conferencista e pesquisador espírita. Nascido em Taubaté, SP, em 19 de janeiro
de 1892.
Dia 02 de 1981
Divaldo Pereira Franco recebe o título de cidadão honorário de Uberlândia, MG.
Dia 02 de 1995
Divaldo Pereira Franco concede entrevista à TV C. 12 de Cochabamba, Bolívia.
Dia 03 de 1944
Nasce em Apucarana, PR, Milton Gonçalves, trabalhador espírita da região
noroeste do Estado. Foi Presidente da 8ª União Regional Espírita, sediada em
Paranavaí, onde desencarna em 2 de outubro de 1994.
Dia 03 de 1949
Em Liège, Bélgica, desencarna José Lhome, divulgador do Espiritismo, Presidente
da Federação Espírita da Bélgica. Nascido na mesma cidade, em 14 de junho de
1881.
Dia 04 de 1978
Em Teresópolis, RJ, o Grupo Espírita Isabel, a Redentora realiza a Primeira
Semana Espírita da cidade,... Saiba mais...