
Vê, Pois, por Emmanuel
Dois artistas brasileiros acabam de ser confirmados para a
31.ª Bienal de São Paulo, que será aberta em setembro.
De um lado, a mineira Tamar Guimarães prepara uma nova instalação da obra A
Família do Capitão Gervásio, projeção de película em 16 mm exibida no ano
passado na 55.ª Bienal de Veneza e criada com base nos registros em uma
comunidade espírita do interior de Goiás.
Já Yuri Firmeza, que vive em Fortaleza, vem fazendo um novo trabalho com as
paisagens de ruínas da cidade de Alcântara, no Maranhão.
Sob curadoria de uma equipe formada pelo escocês Charles Esche, os espanhóis
Nuria Enguita Mayo e Pablo Lafuente, os israelenses Galit Eilat e Oren Sagiv, e
pelos curadores associados Luiza Proença e Benjamin Seroussi, a mostra, marcada
para ocorrer entre 6 setembro e 9 de dezembro no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no
Ibirapuera, será mais do que uma edição política – será uma “bienal social”.
É como Esche já definiu o projeto da exposição, intitulada Como Falar de Coisas
Que Não Existem? -, mas o verbo da sentença é flexível. Centrada na situação de
conflito que se vive em todo o mundo, trazendo questões como “o colapso do modo
de representar a democracia, sonhos e aspirações” (em referência às
manifestações populares), a coletividade, e ideias relacionadas a transformações
– neste campo, tendo os motes transgressão, transcendência, transexualidade,
entre outros; a concepção da mostra tem sido ainda tratada como “uma jornada”.
“Talvez precisemos sair da política como tema-adjetivo e pensar a Bienal como
ação-verbo”, afirma Yuri Firmeza em entrevista ao Estado. “Bienais são políticas
e a noção do que é política há de ser entendida num sentido amplo. Não são
necessariamente reivindicações explícitas e protestos, mas formas capazes de
alterar nossa forma de pensar, de sentir, de agir. Afinal, qual seria a opção
contrária? Bienais que operassem simplesmente como antessalas do mercado de arte
e mais nada?”, opina Tamar Guimarães, que vive na Dinamarca.
Apostando em criadores de áreas diversas e não apenas nos das artes visuais; em
participantes de um eixo para além de São Paulo e Rio – e em termos geográficos,
há um olhar específico para o Oriente Médio -, os curadores anunciaram, em
março, 32 projetos/nomes que estarão no evento, realizado com R$ 24 milhões.
Do Brasil, Tamar Guimarães e Yuri Firmeza vêm se juntar aos artistas Tunga,
Virginia de Medeiros, Ana Lira, Armando Queiroz, Graziela Kunsch, Romy
Pocztaruk, a coreógrafa Lia Rodrigues, o coletivo paulistano Contrafilé e a
historiadora Lilian L’Abbate Kelian, da USP. E outros ainda virão, já que a
lista de integrantes nacionais e estrangeiros da edição ainda não estaria
fechada.
Habituada a conceder entrevistas apenas por e-mail, a artista mineira que vive
desde 2002 em Copenhague, na Dinamarca, fala sobre a 31ª Bienal de São Paulo e
sua obra, realizada com seu parceiro, Kasper Akhøj. A seguir, trechos de suas
falas.
Sua participação se dará com a exibição de A Família do Capitão Gervásio,
exibida na última Bienal de Veneza? A peça terá algum desdobramento especial
para o evento brasileiro, já que tem como raiz A Man Called Love, seu trabalho
sobre o espiritismo e Chico Xavier iniciado em 2006?
Mostraremos A Família do Capitão Gervásio, uma película em 16 mm produzida em
2013, que gira em torno de uma comunidade espírita no interior de Goiás. Segundo
essa comunidade, os espíritos intervêm no mundo material, nos ensinam e nos
transformam. Há nisso a noção do espiritismo como prática social. O subtexto do
filme é também um indicativo de como essas práticas entraram em conflito com os
movimentos oficiais de higiene mental e os códigos de sanidade e loucura
infligidos pela modernidade. Estamos trabalhando em uma nova instalação para a
Bienal de São Paulo e o projeto terá outros desdobramentos. Em 2015, vou
produzir um filme mais extenso e também um pequeno livro.
Qual sua ideia sobre estar em uma “bienal social”, como já declarou o curador
Charles Esche?
A proposta da bienal como jornada é muito pertinente. Interessa-me mais ainda a
noção de “falar de”, de “viver com”, e de coisas que não existem, visto que
essas tais coisas articulam fatos sociais para os quais não há um lugar definido
dentro da linguagem vigente.
Você considera que foi escolhida para a 31ª Bienal pela via que faz a conjunção
da política e do misticismo? Desde a 55ª Bienal de Veneza, como vê o misticismo
refletido nestas duas últimas importantes mostras de arte?
Quando (a curadora) Luiza Proença me escreveu, ela contou que a 31ª Bienal está
se construindo em torno de um processo de pesquisa e procura chamar atenção para
coisas que o mundo moderno ignorou, muitas delas com propriedades mágicas,
místicas, alquimísticas e espirituais. Animismo é o que teve que ser expelido
para que a modernidade pudesse ser modernidade. É o seu lado de fora. Isso faz
com que seja um motivo para investigação sociológica, filosófica e antropológica
pós-moderna. Já faz alguns anos que é um tema importante nas artes plásticas.
Por exemplo, a exposição Animismo, organizada por Anselm Franke, foi importante
nesse sentido, argumentando que o animismo é o fantasma que ronda os limites bem
mapeados e cientificamente organizados da modernidade. Não por acaso, esses
limites se alinham com fronteiras geopolíticas e, também não por acaso, ecoam
situações de subordinação frente a um eurocentrismo branco, masculino,
colonizador.
Fonte:
http://www.estadao.com.br/noticias/arte-e-lazer,tamar-guimaraes-e-yuri-firmeza-estarao-na-bienal-de-sao-paulo,1162614,0.htm
Dia 01 de 1885
Nasce Hildebrando César de Souza Araújo, em Imbituva, Paraná. Desencarna a 15 de
setembro de 1948.
Dia 01 de 1961
Fundada a Creche Josefina Rocha, Departamento da Federação Espírita do Paraná.
Atual denominação Centro de Educação Infantil Josefina Rocha.
Dia 02 de 1926
Nasce em Pedreiras, MA, o trabalhador espírita Antenor de Lima Costa. Desencarna
em Guarulhos, SP, em 1989.
Dia 02 de 1978
Em Lisboa, Portugal, desencarna José Francisco Cabrita, da Federação Espírita
Portuguesa. Nasce na Vila de Lagos, Algarve, Portugal, em 16 de setembro de
1892.
Dia 02 de 1990
Primeira palestra de Divaldo Pereira Franco, na República Checa, em Praga.
Dia 02 de 1997
Divaldo Pereira Franco recebe o título de cidadão honorário de São Bernardo do
Campo, São Paulo.
Dia 03 de 1925
Em Juvisy, França, desencarna o médium, astrônomo, escritor e pesquisador
espírita Camille Flammarion. Nasce em Montigny-le-Roy, Alto Marne, França, em 26
de fevereiro de 1842.
Dia 03 de 1987
Primeira entrevista de Divaldo Pereira Franco à cadeia de rádio Voz da América,
em Washington, EUA.
Dia 03 de 1993
Primeira palestra de Divaldo Pereira Franco na ONU, Departamento de Viena,
Áustria.
Dia 03 de 1993
Primeira palestra de... Saiba mais...