Perante a Ciência, por André Luiz
Filho Excepcional
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Meu filho fez 15 anos. Idade linda! É o momento em que o
jovenzinho começa a sentir-se homem, ao mesmo tempo que conserva a ternura da
criança. Certamente não há nada demais, fazer 15 anos. É a cronologia da vida a
caminhar. Nesta idade muitos jovens trabalham e os estudos seguem o seu ritmo
normal. Os meninos, melhor dizendo, os jovenzinhos, jogam futebol, freqüentam
bailinhos, ouvem discos, ensaiam os primeiros namorinhos. Mas, com meu filho, é
diferente. Ele é classificado como excepcional; ele não conversa direito e as
suas reações mentais são de uma criança muito nova. Mas, meu Deus, como ele sabe
amar, como ele vive com intensidade! Quando ele chora, o seu sentimento
extravasa nas lágrimas abundantes; quando ele ri, o faz com toda alma. No seu
mundo só penetramos quando ele permite, e com que unção o fazemos, parece-nos um
território sagrado, e que, ao penetrarmos ali, somos sacrílegos. É um mundo que
não compreendemos, mas que, apesar de fechado, não tem sombras.
Meu Deus, quantos sonhos... "Ah, meu filho vai estudar, vai ser alguém que eu
não pude ser; meu filho vai ser atleta, vai ter namoradinhas, vai ser meu amigo.
Vamos fazer longos passeios e conversar muito". Mas não foi assim. Meu filho não
pode ser alfabetizado; ele tem 15 anos e não conhece as letras; ele não vai ser
importante, a não ser para mim e para os que o amam. Ele não é atleta; ele corre
desengonçado e se cansa logo; ele não tem namoradinhas, apesar de ser bonito e
saber quando uma menina é bonita. Mas, passear, sim. Nós passeamos de vez em
quando e falamos muitas coisas. Não, não entenda mal. Esta crônica não é um
desabafo.
Eu não estou decepcionado, nem triste. O que lamento é não ser aquele pai de que
ele precisa, não tenho aquela paciência que deveria ter. As vezes eu grito, e
esbravejo e na sua linguagem peculiar ele fala: "Fica bravo com Marquinho, não.
Quando olho para ele, vejo que é feliz, que ama e é amado. Quando as coisas se
complicam, ele entra para o seu mundo e fecha as porta. De vez em quando abre
uma fresta, para ver se as coisas normalizaram.
Oh, meu Deus! Pedi-te um filho e deste-me uma criatura maravilhosa; não vou
dizer que ele seja um anjo, mas é alguém destinado ao seu Reino — Bem
aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus!
Eu sou espírita, sou reencarnacionista, e sei que tudo tem uma razão de ser; do
contrário seria difícil compreender que Deus é pai. Seria mais imperfeito que os
pais humanos? Deus amaria menos do que eu? Não. Deus é amor e justiça.
Sabe, eu fico triste mesmo é quando vejo as crianças "normais" repeli-lo ou
agredi-lo, ou quando alguém diz, como já disseram para mim: "uma criança assim
precisa ser internada!" Ora, meu Deus, quem irá amá-la, então? Quem irá ouvir
suas queixas, interpretar suas frases truncadas ou mal construídas? Quem irá
advinhar o significado dos nomes gozados que ele inventa para as coisas? Quem
irá tranquilizá-lo a noite, quando acorda assustado, ou tem sonhos maus? Não.
Mil vezes não. O lugar do meu filho é ao meu lado.
Só peço a Deus que me conceda o privilégio de cuidar dele enquanto viver.
Parabéns meu filho, parabéns pelos seus 15 anos de amor e simplicidade.
Por: Amilcar Del Chiaro Filho, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.
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