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Aquela parecia ser apenas mais uma cerimônia de formatura de grau superior.
Muitas pessoas reunidas para celebrar a conquista importante de seus amores. Nomes gritados com empolgação. Convenções ritualísticas antigas, enfim, tudo que se encontra sempre em uma dessas celebrações.
“Excelentíssimos”, “ilustríssimos”, discentes, docentes, todos estavam lá.
Os nomes dos formandos foram então evocados, um a um, enquanto desciam de suas cadeiras organizadas em fileiras atrás da mesa principal.
A cada nome pronunciado ouvia-se uma pequena algazarra de dez, quinze, vinte pessoas, homenageando um jovem em especial, no meio de um público de cerca de mil e quinhentos espectadores, que só prestavam atenção na festa quando ouviam o nome do formando que estavam ali prestigiando.
E assim seguia o evento, com as comemorações particulares de cada família, a cada chamada no sistema de som do anfiteatro.
Mais um nome chamado. Então, subitamente, um silêncio profundo em toda a platéia.
O formando chamado demorara um pouco mais que o comum para se levantar, e só o fizera com o apoio de um auxiliar da empresa organizadora do evento.
Passo a passo, com um sorriso indescritível no rosto, a jovem foi conduzida até a mesa das autoridades para receber o diploma simbólico.
O público, que até agora estava ali apenas esperando o momento de felicitar seus parentes, iniciou uma salva de palmas arrebatadora.
Todas as pessoas estavam surpresas e admiradas com a cena: uma jovem com deficiência visual recebendo o grau de pedagoga das mãos do representante da universidade.
Muitos pensamentos ganharam os ares do anfiteatro. Provavelmente os mais objetivos e práticos pensavam: “mas como ela conseguiu?” “como conseguia estudar nos livros?” “como fazia as provas?”.
Outros, cépticos e insensíveis, que sempre pensam que ninguém consegue sucesso por merecimento próprio, certamente pensavam:
“Ela deve ter recebido ajuda dos professores, que se apiedaram de sua condição...” Ou também, “devem ter facilitado sua vida para que ela pudesse conseguir.”
Muitos outros estavam simplesmente com uma expressão de admiração em suas faces emocionadas. Sensibilizados compreendiam que aquilo era possível: uma jovem cega se formar na universidade.
Sua comemoração após receber o diploma foi vibrante, digna de uma verdadeira vencedora.
O cerimonial então seguiu, reservando mais uma surpresa para depois.
As homenagens dos alunos, na forma de pequenos discursos tiveram seu início. Na primeira delas, a homenagem a Deus, lá estava ela novamente, levantando-se lentamente e sendo guiada até o púlpito.
Havia um brilho especial em seus olhos. Uma alegria radiante vinda de um espírito que enxergava melhor do que todos aqueles que estavam ali, que viam apenas com o sentido da visão.
Sua homenagem a Deus foi emocionada e singela.
Seus dedos passavam suavemente sobre os pequenos pontos em relevo da folha de discurso, pontos esses criados por um outro jovem, o francês Luís Braile, no século dezenove, que se tornaram uma das janelas de acesso ao mundo para os deficientes visuais.
Suas palavras eram claras, sua dicção perfeita, e sua mensagem divina. Ela agradecia a Deus por estar a seu lado naquela conquista, e seu coração mostrava ao mundo o verdadeiro amor ao criador, através de sua resignação e perseverança na existência.
Ela dizia, para “aqueles que não podem ver”, que tudo é possível se persistirem, se lutarem e não desanimarem.
Ela dizia, sem precisar de palavras, apenas com sua presença ali, que há muito mais beleza neste mundo do que podemos imaginar, e que “sonhar” sempre será preciso.
Ela dizia isso para aqueles todos que estavam ali, e que ainda não haviam aprendido realmente a “ver”...


Por: Momento Espírita, Texto extraido do site http://www.momento.com.br


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