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Ele era salteador pela primeira vez.
O cofre agora aberto estava á mão.
E, lá dentro, ele viu, ante a casa vazia,
Um pacote mostrando que trazia
A soma respeitável de um milhão.

Dispunha-se a empalmar toda a quantia...
Quando o dinheiro lhe falou
Em forma de conselhos e queixumes:

- Pensa, amigo,
Na obrigação que assumes,
Ao levar-me daqui, nas condições de um louco,
Já que podes buscar-me em compromisso
Entre a força da e a bênção do serviço
Retirando-me em paz, lidando pouco a pouco,
Não quero ser motivo
Para que sejas preso como eu vivo.
Fui criado por Deus para fazer o bem,
Não desejo aumentar as lutas de ninguém
Quero sair daqui para ser agasalho
Aos que gemem sem teto e sem trabalho.
Anseio consolar as mães que padecem na estrada,
De alma aflita e cansada,
Ante a dor dos filhinhos
A esmolarem socorro em remotos caminhos;
Espero ser o apoio do homem triste
Que de tanto sofrer necessidade,
Já não sabe se resiste
À tentação da morte que o invade.
Sonho doar auxílio ao doente sem nome
A fim de que suporte
Ao duro sofrimento que o consome
Livrando-se, por fim, das lâminas da morte,
Quero sair daqui para que alguém me aceite
De modo a ser o amigo sorridente,
Que ofereça uma xícara de leite
À criança doente.
Quero ser cobertor para quem sente frio,
Prato que nutra, força que refaça,
Algo que plante amor no coração vazio,
Instrumento do bem que ajuda, serve e passa.
Mas ouve, amigo meu, não me faças razão
De largar este cofre e levar-te à prisão.
Trabalha e vem buscar-me
Sem calúnia, sem crime, sem alarme,
Quero ser luz e ação em tudo o que progrida
E seiva a circular nas árvores da vida
Vê onde a sovinice me prendeu,
Não te desejo o cárcere em que moro
Na prova rude que me aconteceu.
Quero ser livre e forte, assim como és,
Caminhar com teus pés
Aspiro a ser-te amigo e companheiro...
Calara-se o Dinheiro
E o pobre salteador inexperiente,
Recuando, atingiu grande portão à frente.

Nisso, o dono da casa, envolto em grande escolta,
Veio à mansão de volta;
Vendo o lar violentado e o cofre aberto
Com o dinheiro intocado,
Saudou o salteador que via perto
E acreditando nele a presença de alguém
Que lhe guardara a casa para o bem,
Agradeceu-lhe o gesto
De homem leal e honesto...

Sustentando o silêncio e a tristeza no olhar,
O pobre sem vintém começou a chorar...

Ali mesmo, porém, começou vida nova,
Transformado por dentro, alterou-se lhe a prova;
Passando a servidor da mansão que arrombara,
Agia com firmeza, nobre e rara...
Trabalhou a formar, de tostão a tostão,
Os bens com que sabia socorrer
Quem achasse a sofrer...
E quando auxiliava aos semelhantes
Em provações alucinantes
Nos quais dizia ver os próprios irmãos seus,
Rememorava a fala do milhão
E clamava, em voz alta, ao lembra-lhe a lição:
- Obrigado, meu Deus!...


Por: Maria Dolores, Do livro: Maria Dolores, Médium: Francisco Cândido Xavier


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