Apreciando Satélites, por Irmão X
Paciência de Uso Externo
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Indiscutìvelmente, a paciência, qualquer que seja a expressão
em que se manifeste, vem a ser atitude benéfica por assustar a explosão de males
imprevisíveis.
Em muitos casos, no entanto, apenas depois da desencarnação é que verificamos
existir um tipo de paciência que, às vezes, ajuda ao próximo e que, por isso,
não deixa de possuir o seu mérito, mas não nos favorece como julgamos.
É uma espécie de meia-paciência que se exprime exclusivamente nos processos de
luta e provação em que a pessoa se sabe observada e louvada por admiradores e
amigos, com o risco de converter o valor moral em vaidade encoberta.
Sem dúvida, que nos cabe resguardar a serenidade própria, à frente de quaisquer
dificuldades, pequenas ou grandes, ocultas ou vistas, todavia, convém
acautelar-nos contra a meia-paciência, suscetível de se desdobrar, de instante
para outro, na hipertrofia do amor-próprio, transfigurando dignidade pessoal em
orgulho.
Essa calma de metade sòmente aparece nas dores consideradas honrosas para a
vítima.
As criaturas ameaçadas por semelhante perigo, sabem sempre tolerar com um
sorriso bem pôsto o escárnio das inteligências reconhecidamente
mal-intencionadas do ponto de vista público, porque isso lhes consolida a
superioridade ante o senso comum, no entanto, não agüentam, caladas, a
alfinetada de um parente menos feliz.
São capazes de doar cem mil cruzeiros(Reais) a uma campanha de beneficência que
congregue personalidades importantes, contudo, não deixam de acompanhar com
alguma repreensão o vintém (centavo) que entregam à porta ao mendigo que
imaginam em condições reprováveis.
Perdem nobremente numa contenda no fôro, onde observadores cultos lhes
inspecionam os modos, mas irritam-se em família ao serem contraditadas em
singelas opiniões.
Testemunham extremada abnegação na residência de companheiros e recusam
indignadas o servicinho da limpeza na própria casa.
Precavemo-nos contra a paciência de uso externo.
Paciência real, paciència firme é aquela que sabe sofrer dignamente diante dos
outros ou a sós consigo, na rua ou no lar, carregando o ouro da consideração
humana ou a pedra das pequeninas humilhações da existência, auxiliando para o
bem dos outros, em tôdas as situações, onde e como a Lei de Deus apontar e
quiser.
Por: André Luiz, Médium: Francisco Cândido Xavier
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