O isolamento social abriu a possibilidade do surgimento das lives

Espírita desde 1991, Elaine Adair Menato nasceu na capital paulista e reside em São João da Boa Vista (SP). Formada em Ciências Contábeis e Pedagogia, é comerciante e, no meio espírita, participa das atividades do Centro Espírita Amor Luz e Caridade, no qual atua como dirigente de estudos mediúnicos e reuniões evangélicas. Nesta entrevista a Orson Carrara, ela nos fala sobre sua experiência nas lides espíritas.


Como se tornou espírita?

Até os 18 anos fui evangélica, seguindo os princípios religiosos do lar, mas aos 19 anos comecei a namorar meu futuro marido, José Menato Jr. Espírita desde garoto, ele me convidou para conhecer a Mocidade do Grupo da Fraternidade Irmão Joseph. A partir daquele sábado, ouvindo O Livro dos Espíritos, que estava sendo estudado, me encantei e já comecei a participar das reuniões públicas e dos estudos do evangelho.

O que mais lhe chama atenção na Doutrina Espírita?

A sua clareza nos seus ensinamentos. Nada é mistério, nada está oculto. Tudo cabe exclusivamente a nós, toda a obra de Kardec é como se nos fizesse tirar os véus que até então nos cegavam. Morria de medo da morte e de ir para o inferno, que aprendi a temer. Mas a Doutrina Espírita me ensinou que o “inferno” está no nosso íntimo e que podemos, através do nosso livre-arbítrio, procurar ir gradativamente mudando, sempre respeitando nossos limites.

E quanto ao movimento espírita, qual é sua impressão?

O movimento espírita é abrangente. Hoje temos Seminários, Congressos e palestras que nos vêm encantando mais a cada dia. Mesmo estando ausente momentaneamente no presencial, os que já fomos sempre foram de uma imensa alegria. Temos tido a oportunidade de participar na organização de encontros de jovens que são de uma riqueza doutrinaria muito grande. E temos também participado da USE Intermunicipal de nossa cidade ajudando nos momentos de Encontros e palestras.

Em sua cidade qual é o aspecto mais marcante da atividade espírita?

Aqui focamos as palestras evangélicas nos meses de abril e outubro, procurando trazer um orador renomado no Movimento para as pessoas participarem e conhecerem mais esses trabalhadores. Temos a Livraria Espírita Humberto de Campos, que fica localizada na praça central da cidade e tem ajudado na disseminação da doutrina, tanto nas vendas dos livros quanto no diálogo fraterno que a querida D. Lourdes mantém com todos, sempre com muito carinho. Nas Casas Espíritas da cidade procuramos sempre fazer um rodízio de comentaristas do evangelho, buscando um entrosamento entre os trabalhadores da cidade.

Como surgiu a ideia das lives?

Foi um convite de Jesus. Eu estava muito triste pelo fechamento dos trabalhos nas Casas e pela distância dos filhos. Então um dia "ouvi" intuitivamente que deveria falar de Jesus. Fiquei com medo, receio de que as pessoas não recebessem bem a ideia, mas mesmo assim, no dia 16 de abril, comecei às 17h55, pelo Instagram, o Reflexões sobre os ensinamentos de Jesus. Para minha surpresa, as pessoas assistiram e gostaram, e hoje tenho um grupo de amigos que não perdem nenhuma live. Depois pensei em convidar amigos para dividir esse momento e, assim, às terças e sextas, semanalmente, tenho, dividindo a tela, alguém que carinhosamente aceita o convite e nos traz aquela mensagem linda de que todos precisamos. Já as lives pelo Centro Espírita Amor Luz e Caridade começaram pela necessidade que senti dos frequentadores não poderem ir presencialmente às quartas-feiras. Desse modo, nesses dias tenho tido a alegria de receber amigos ilustres para falar do Evangelho e sobre assuntos pertinentes da Doutrina. A aceitação foi tão boa que aumentei os dias, fazendo-as também na segunda-feira e no sábado. (1)

O que mais você considera esteja colhendo nesses encontros?

Alegria e amor! As respostas das pessoas, sempre muito carinhosas, com palavras de incentivo e agradecimento, me fazem prosseguir e não desanimar!

Como têm sido as repercussões junto ao público virtual?

Está sendo uma surpresa incrível! Me chamam pelo Instagram para agradecer, pelo WhatsApp, me deixam emocionada com palavras de carinho a mim direcionadas. Estou muito feliz.

Vivendo essa situação inédita do isolamento social, como considera que o público espírita está reagindo à nova realidade?

Estamos precisando nos habituar a essa nova realidade. Cada pessoa está tendo uma reação. De uns mais positivas, de outros mais negativas, mas devemos lembrar que essas emoções e sentimentos estão ligados àquilo que vivíamos, aos nossos apegos e às dificuldades que temos em mudar. A meu ver, esse é um importante momento para nós espíritas. Precisamos trabalhar a nossa fé, o nosso amor ao próximo, como tanto pregamos. O chamado é para uma transformação interior.

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Que continuemos a fazer essas lives mesmo depois que as coisas se normalizarem. Tenho amigas que não conseguem ir às reuniões por conta dos maridos, ora ciumentos ora contra o Espiritismo, e no entanto, com esse recurso, têm assistido e aproveitado o conhecimento que ouvem. Então penso que essa nova ferramenta deva continuar a levar o Evangelho a todos os lares e famílias que queiram ser beneficiadas por esse banho de luz.

Suas palavras finais.

Tenho só que agradecer o convite carinhoso, de sua parte, Orson, que me deu a oportunidade para expressar meus sentimentos aqui nessa revista eletrônica. Agradeço ao meu marido e companheiro de todas as horas, meu maior incentivador para que eu dê continuidade a esse trabalho. Agradeço aos meus filhos, que, mesmo de longe, me ajudam e se prontificam a fazer os cartazes e me auxiliam com essas ferramentas novas, principalmente à Lívia Menato, que faz suas colocações e críticas positivas para que eu melhore cada vez mais. E, por fim, meu maior agradecimento é a Jesus e aos Mentores Espirituais que me orientam através de intuições e me fortalecem quando penso em esmorecer. Gratidão enorme a todos.



(1) Live (lê-se laive) em português significa, no contexto digital, "ao vivo". Na linguagem da Internet, a expressão passou a caracterizar as transmissões ao vivo feitas por meio das redes sociais. As lives são feitas de forma simples e ágil, geralmente sem limites de tempo de exibição ou de quantidade de espectadores.

Autor: Elaine Adair Menato

Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.

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