Educar para a Cooperação, por Orson Carrara
A didática da contação de histórias
Artista formada pelo SENAC de Araraquara (SP) e vinculando-se à Casa de
Fraternidade Chico Xavier, onde atua como coordenadora da Evangelização
Infantil, Nerita Aparecida Vieira Pio (foto), nossa entrevistada, nasceu em
Araraquara, no interior do estado. Nesta entrevista, ela traz aos leitores sua
experiência com a contação de histórias, facilitando o entendimento dos ensinos
trazidos pelo Evangelho e pelo Espiritismo, com vistas à construção de um mundo
melhor.
Como surgiu seu interesse pela contação de histórias?
Desde a infância o mundo da imaginação me fascina, gostava de ler, de ouvir
histórias, de teatro, cinema e de tudo aquilo que me fizesse fugir da realidade
em que vivia. Meus pais viviam brigando e lidávamos com muitas dificuldades
financeiras e emocionais. Morava praticamente ao lado da Biblioteca Municipal de
Araraquara e também da Instituição Senac Araraquara, então, nos momentos em que
eu queria me desligar da realidade, era nos livros e no contato com outras
pessoas que encontrava alegria e a certeza de onde queria estar. Gostava de
ouvir as histórias dos alunos enquanto estavam no intervalo entre uma aula e
outra, na cantina era onde mais gostava de estar, tornando-me uma criança
presente naquele ambiente de ensino. Pensava que eu também pudesse, um dia, com
a ajuda das histórias, aliviar outras pessoas que, assim como eu, queriam uma
vida diferente.
Qual é, na atividade, a principal técnica?
Entrar realmente no mundo da fantasia, estar no personagem, viver intensamente
tudo aquilo que a história oferece, envolvendo-se com ela, não tendo medo de
usar a criatividade e utilizando objetos, figurinos e cenários. Abusar da
expressão corporal, da entonação e da voz, manter contato visual com os
ouvintes, gostar de ler, de conversar e não ter vergonha de se expor, ter uma
boa dicção, gostar de inovar, não ter medo de errar e ter sempre em mente que
suas palavras terão uma importância enorme, pois darão vida aos pensamentos de
um autor e, assim, motivar mudanças significativas tanto para as crianças quanto
para os adultos.
E qual a principal dificuldade?
A adultização das crianças. A criança com comportamento adulto acaba deixando de
viver a infância, que é uma fase muito importante para sua vida. Ela deixa,
então, de brincar e de participar de momentos como nas histórias por achar que
está "pagando mico".
É mais fácil, nessa atividade, lidar com crianças ou com adultos? Fale-nos sobre
essa experiência.
Contar histórias é mágico e encantador! Gostoso ver os olhinhos brilhando e o
sorriso estampado no rosto daqueles que gostam de sonhar e acreditam que tudo é
possível. Como disse anteriormente, muitas crianças deixam de viver a infância
pulando etapas importantes para o desenvolvimento emocional e intelectual que
nos é necessário nesse período; ficam introspectivas, ligadas mais aos celulares
e à internet. Mas ninguém escapa de uma história bem contada, e quando se faz
com amor e verdade os adultos voltam a ser crianças e, por sua vez, a criança
reconhece seu lugar no mundo.
Normalmente se agregam à atividade vestimentas e outros utensílios. Ela pode ser
equiparada de alguma forma com a arte teatral ou elas se completam?
Elas se completam. É bom que o contar seja realizado de forma teatral, mas
teatralidade não quer dizer teatro. A contação de histórias na linguagem teatral
é um recurso indispensável. O uso de cenário, figurino, maquiagem e sonoplastia
são de extrema importância. O que os torna distintos é a forma de interação com
o público; no teatro, você não interage muito com ele e na contação o artista é
mais intimista.
Você atua como voluntária nas atividades espíritas e também profissionalmente em
eventos variados. Para os interessados, qual seu contato?
Atuo profissionalmente em escolas, instituições, eventos corporativos, festas
infantis, hospitais e clubes. Ministro oficinas de histórias e de teatro,
aula-espetáculo e apresentações artísticas para públicos de diferentes faixas
etárias e classes sociais, sempre com o objetivo de resgatar a criança esquecida
dentro de nós, incentivar a leitura, estimular a interação, a socialização e a
imaginação. Sempre que possível faço alguns trabalhos sociais religiosos ou não,
conforme a agenda profissional. Para contatar-me, clique em https://bit.ly/2VrZo8X
ou então me escreva: neritapio@gmail.com
De suas lembranças, o que mais lhe chama atenção?
O olhar e o sorriso daqueles que me ouvem e, claro, o abraço caloroso que recebo
após cada apresentação.
Na atividade espírita ou na realizada profissionalmente, como é atuar na
contação de histórias?
Trabalhar com a arte sendo com histórias ou teatro me traz serenidade,
aconchego, plenitude e momentos de reflexão comigo e com tudo aquilo que me
cerca. Com as histórias eu aprendi a confiar, a perdoar e a não desistir daquilo
em que acredito. Desde 1997 atuo como trabalhadora na evangelização espírita
infantil usando a expressão artística e o lúdico para falar de Jesus e de seus
ensinamentos. Acredito pela experiência adquirida que o aprendizado tem sido
positivo, além de prazeroso.
Suas palavras finais.
Existe um mundo colorido que precisa ser contado, e por trás desse mundo existe
um trabalho minucioso que precisa ser conhecido e valorizado, e nós, enquanto
educadores, devemos buscar e incentivar para que esta magia permaneça dentro das
escolas e fora dela também.
Autor: Nerita Aparecida Vieira Pio
Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.
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