Educar para a Cooperação, por Orson Carrara
Como surgiu a Banda Änïmä, há 15 anos divulgando o Espiritismo
Helton Gudin de Souza nasceu em São Paulo, capital, e hoje reside na cidade
de Taubaté (SP). Mara Lucia Ramos Portella, mais conhecida como Malu Portella, é
natural de Tremembé (SP), mas reside igualmente na cidade paulista de Taubaté.
Participantes do Grupo Espírita de Assistência Os Samaritanos de Jesus, são
voluntários em trabalhos assistenciais e formam a Banda Änïmä, ele como
compositor e violonista, ela como cantora e percussionista. Helton Gudin tem
licenciatura em Música, bacharelado em Direito, formação lírica em canto e
violão pelo conservatório Fego Camargo. Malu tem licenciatura em Letras e
Pedagogia.
Para falar-nos sobre sua atuação nas lides espíritas e, em especial, no trabalho
com a arte e a música, eles concederam a entrevista seguinte ao OConsolador:
Que cargos já exerceram no movimento espírita?
Helton – Dirigente de Mocidade; evangelizador de bebês a jovens; voluntário na
livraria espírita; editor e redator do jornal Espírito Jovem; arrecadação de
alimentos na Campanha do Quilo; presidente do Departamento de Mocidades da
região; palestrante; trabalhador da arte espírita.
Malu – Evangelizadora; coordenadora de Mocidade; redatora e revisora no jornal
Espírito Jovem; trabalhadora no Departamento de Mocidades da região.
Quando vocês tiveram o primeiro contato com o Espiritismo?
Helton – Em 1994, quando estava com 17 anos, tive o primeiro contato com a
doutrina espírita e com O Livro dos Espíritos.
Malu – Conheci o Espiritismo por volta de 1993-1994, quando eu estava entre 13 e
14 anos.
Houve alguma circunstância especial que haja propiciado esse contato?
Helton – Sou médium desde criança. Como meu pai participa da Umbanda, eu o
acompanhava em algumas atividades e sempre tive o contato com a espiritualidade.
Quando estava com 15 anos, minha mãe tomou conhecimento da Doutrina Espírita e
começou a frequentar o movimento. Tive uma depressão nessa época relacionada com
a mediunidade, com a falta de “controle” desta, pois precisava trabalhar e
estudar. Isso fez com que eu “devorasse” vários livros espíritas, lendo,
relendo, estudando muitas obras em sequência, sendo encaminhado então para o
trabalho mediúnico.
Malu – Na época, uma moça que ia fazer faxina em nossa casa cantava muito
enquanto trabalhava. Certo dia ela nos contou que eram canções espíritas e fomos
até o Centro Espírita em que ela trabalhava, onde ela ministrava passes. Logo
após, comecei a frequentar a Mocidade e pouco depois me engajei nos trabalhos,
especialmente os voltados à evangelização infantil.
Como começou a formação da Banda Änïmä?
Helton – Meu trabalho com a música espírita teve início em 1998, quando montei
um grupo musical na Mocidade que frequentava. Tínhamos o coral e um grupo de
violeiros e realizávamos apresentações de harmonização em palestras e eventos do
Centro, além de tocar para as crianças da Evangelização. Foi um trabalho que
perdurou e rendeu muitos frutos. Dele, parti para um trabalho com música dentro
da COMEVALP, um encontro que acontece no período do carnaval em nossa região.
Ali criamos e coordenamos uma equipe de música, para a harmonização do evento e
das atividades durante o encontro. O grupo foi-se fortalecendo e começamos a
receber convites para tocar em outras atividades durante o ano, surgindo daí a
necessidade de criar um trabalho separado, um grupo de música voltado a
apresentações e harmonizações de eventos como palestras e noites de pizza, por
exemplo. Surgiu então a primeira formação do Änïmä, com cerca de 16 jovens. Foi
uma formação que durou alguns anos, pessoas entraram e saíram neste período
devido a inúmeras razões, como trabalho, faculdade, formação de outro trabalho
musical, interesse pessoal e outros. Hoje estamos numa formação de 4 integrantes
oficialmente: Helton Gudin, Malu Portella, Marcelo Piccini e Daniel Martins,
além de integrantes que nos acompanham, nos auxiliam nas composições, arranjos e
gravações e que tocam conosco quando vamos tocar fora de nossa região: Renan
Hubner, Léo Pinheiro, Bruno Henrique e Victor Hugo.
Poderia explicar como surgiu o nome do grupo?
Helton – Änïmä, uma palavra do latim, que significa alma, sopro divino, vida...
“O Senhor Deus modelou o homem com o pó apanhado do solo. Ele insuflou nas suas
narinas o hálito da vida, e o homem se tornou um ser vivo” (Gênesis 2:7).
Qual a base principal para o trabalho do Änimä?
Malu – Amor! Também estudo e dedicação. O trabalho que realizamos faz parte de
nossa rotina diária.
Como acontecem as composições musicais?
Helton – Não há uma regra. Por vezes pensamos num ritmo, num estilo, criamos uma
sequência harmônica e a linha melódica. Em outras, surge a melodia na mente e
vamos construindo a canção. E em outras, ainda, surge a sugestão mediúnica,
propriamente dita, seja um ritmo, uma sequência harmônica ou melodia, e seguimos
no processo de composição.
Vocês acham que para estar envolvido com a arte espírita é necessário o quê?
Estudo? Comprometimento? Seriedade? Profissionalismo?
Malu – Pensamos que quando nos engajamos em algum trabalho voluntário, a
dedicação e o comprometimento devem ser praticamente os mesmos de um trabalho
remunerado, pois há algo ali que conta conosco e que não podemos deixar na mão.
Dentro da arte espírita hoje há trabalhadores de diversas naturezas: há aqueles
que divulgam a arte; há aqueles que gostam de arte e que, de muito boa vontade e
com o coração aberto, produzem arte; há os que são artistas por experiência e há
os artistas por experiência e formação. De qualquer forma, a arte espírita hoje
está bem representada e tomando uma forma bem interessante. Temos trabalhos que
atendem a todos os tipos de trabalhos e eventos e a todos os tipos de interesse.
Se pensarmos em música, por exemplo, há variados estilos de canções que agradam
a crianças, a jovens, a adultos. Dentro do teatro, temos comédia, drama,
musicais... Mas sim, com absoluta certeza, dizemos que a seriedade é
fundamental! Para se realizar um trabalho é muito importante que o artista se
dedique, que estude, que ensaie, que participe de atividades e estudos voltados
ao Espiritismo. E também que busque conhecer as teorias que envolvem o seu campo
de atuação artística, para que seu trabalho seja cada dia mais bem feito e
produzido com qualidade.
Quantas músicas o grupo já gravou?
Helton – Temos três álbuns gravados, mas também algumas canções postadas no
YouTube que não constam de nossos CDs. Em 2007 gravamos Novo Tempo. Éramos
jovens de Juventude Espírita, com aquela vontade de gravar o som que ouvíamos e
fazíamos nos encontros e eventos espíritas. Fomos um dos primeiros trabalhos da
Juventude a ter um CD gravado, numa época em que era caro gravar um CD e havia
grande escassez de CDs de músicas espíritas. Nessa época tínhamos CDs de Moacyr
Camargo (SP), Marielza Tiscate (RJ), GAN (GO), Alma Sonora (PR), e lançamos o
nosso todo dedicado ao jovem espírita. Em 2012, lançamos Futuro Presente, no Rio
de Janeiro, no AME - Arte no Movimento Espírita. Um álbum pensado na
evangelização infantojuvenil, com canções e ritmos bem alegres, do jeito que
gostamos. Mais recentemente, em 2020, saiu Bondade Infinita, com 12 canções, das
quais 10 são de autores diversos do movimento espírita, amigos queridos que nos
emprestam suas composições. Composições essas muito queridas e importantes para
nós.
Qual a maior dificuldade encontrada para divulgar o trabalho da música no
movimento espírita?
Malu – A aceitação de muitas pessoas ainda é algo com que precisamos tomar
cuidado. Muitos espíritas ainda não veem com bons olhos canções com instrumentos
como bateria e guitarra; confundem a alegria cristã com bagunça. Outro ponto que
temos visto e presenciado é a dificuldade de aceitação entre os próprios
artistas espíritas. O apoio sincero e altruísta entre os grupos precisa se
fortalecer para que a arte espírita continue crescendo e chegando cada vez a
mais lugares, cumprindo com sua função de levar o Espiritismo a todos de uma
forma sutil, singela e sublime.
Que é a música para vocês?
Helton – "Se não me perguntam, eu sei. Se me perguntam, eu não sei". Essa é a
resposta dada por Santo Agostinho, no século V, sobre o que é o tempo. Mas vamos
aplicá-la aqui. Podemos dizer que é estímulo para a vida. Ou, então, que é a
ferramenta para vencer dificuldades, burilar a nós mesmos, auxiliar as pessoas.
É arte! A musa das artes!
Em relação ao movimento espírita brasileiro, como a arte é vista? Existe algum
grupo a nível nacional que busca orientar a arte espírita?
Malu – Somos associados da ABRARTE – Associação Brasileira de Artistas
Espíritas, atualmente uma associação que promove eventos e fóruns acerca de
estudos sobre a arte espírita, além de apoiar e fomentar eventos artísticos por
todo o país. Somos um grupo de pessoas que cresce constantemente, buscando nossa
evolução com a arte no movimento espírita.
Poderiam citar obras espíritas para que os leitores possam ler e entender a
importância da música como instrumento de elevação e auxilio nas atividades
espíritas?
Malu – O Espiritismo na Arte, de Léon Denis é uma grande obra, uma grande fonte
de pesquisa. Há muitas citações em várias obras, como por exemplo Obras
Póstumas, Nosso Lar, O Consolador, entre outras, que trazem sempre alguma luz
sobre a música ou arte.
Suas palavras finais.
Helton e Malu – Que Jesus nos abençoe a todos! Que abençoe os trabalhadores da
Arte Espírita, essa grande ferramenta de evangelização e de autodescobrimento do
ser. Que a arte nos envolva e nos desenvolva, nos fazendo mais sensíveis, mais
empáticos e amorosos. Que abra nossas mentes, nos fazendo mais holísticos e mais
receptivos às mensagens que vêm do Alto. Deus conosco!
Nota da Redação:
Para quem quiser convidar a Banda Änimä para palestras musicais, seminários ou
outros eventos espíritas, eis os contatos:
WhatsApp - (12) 99166-3670
Website - www.anima.mus.br
Canal no YouTube - banda anima
Autor: Helton Gudin de Souza
Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.
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