C.E.
Caminhos de Luz |
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Oi Alma Irmã, nossas Fraternais
Saudações! |
Que esta MSG te encontre em Paz
e com Saúde!!! Bom final de
semana!!! Obrigado pela
companhia! |
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Meu caro. Recebi
seus apontamentos.
Sei que me não
aceitará a resposta
com o desejável
entendimento. Se
ainda me guarda na
lembrança, não me
tolera a
sobrevivência.
Ler-me-á as
palavras, longe
daquele acolhimento
afetivo da época em
que me afundava num
escafandro igual ao
seu, sob o denso mar
do oxigênio
terrestre.
Receber-me-á o
esforço de agora com
extremo espírito
crítico. Buscará
saber, antes de mais
nada, se empreguei
os verbos
acertadamente e se
pontuei a missiva
com a
elegância
necessária.
Provavelmente dirá
que meus recursos
empobreceram, que
minha argumentação
não convence.
Vamos, contudo, às
suas ponderações.
Afirma você que os
espíritas
desencarnados, pelo
noticiário que
fornecem ao mundo,
se movimentam num
plano absolutamente
irreal. A seu ver,
moramos em casas
ilusórias, cuidamos
de instituições que
não existem,
colhemos flores e
frutos de mentira e
pairamos, como
sombras, num campo
de fantasia. E
acrescenta que, para
ajuizar de nossa
situação, toma por
base o mundo em que
pisa. Na apreciação
que lhe orienta os
conceitos, a esfera
em que você ainda
respira é a mais
sólida de toda a
estruturação
universal. Coisa
alguma sofre
modificação ao redor
de seus passos,
segundo a posição
especialíssima em
que se coloca.
Se me demorasse por
aí, talvez
experimentasse
amnésia idêntica.
Basta dizer-lhe que
enquanto carreguei o
fardo benéfico da
carne era eu
perfeito
desmemoriado em
relação aos meus
próprios defeitos.
E, quanto às minhas
necessidades
essenciais, nunca
atentei para o tempo
que corria, célere,
em torno de mim.
Quando os amigos me
atiraram terra e cal
ao corpo inerme, foi
que meditei na
transitoriedade das
situações e das
coisas. Reportei-me
então à infância
distanciada e revi
nossa aldeia do
Norte, perseguida
pela areia invasora.
Casario e arvoredo
converteram-se,
pouco a pouco, num
montão de ruínas.
Companheiros de
jogas infantis
desapareceram.
Alguns haviam
partido à procura de
cidades fascinantes,
outros jaziam
submersos na neblina
da sepultura.
Reajustou-se-me a
memória,
gradativamente, e
tornei, pelos olhos
da imaginação, à
casa que me viu
nascer. A morte
brandira, ali, sua
foice enorme, a
torto e a direito. A
doença lavrara por
lá, copiando o fogo
em pastagem
alcantilada.
Transformações não
tinham conta. O
padeiro falecera de
uma noite para o
dia, vencido por um
insulto cerebral. A
lavadeira que
residia em frente de
nós, mulher robusta
e desassombrada,
repentinamente
passou a usar
muletas, em razão da
perna quebrada.
Nossos vizinhos, de
tempos a tempos,
trajavam rigoroso
luto, homenageando
parentes mortos; e
até o padre mais
velho, que despendia
semanas,
transmitindo-nos o
catecismo, certa
manhã se deixou
transportar para o
cemitério, quando
menos esperávamos.
Tudo se modificava,
de hora a hora, até
que nos separamos a
fim de rever-nos,
mais tarde, na
Capital da
República.
Você fazia o
possível por ocultar
os males do estômago
e eu dissimulava
habilmente as
perturbações do
sistema endócrino.
Seu rosto não era o
mesmo. Rugas
surpreendentes
marcavam-no todo.
Seus cabelos, que
conhece finos,
sedosos e
abundantes, estavam
ralos e encanecidos.
Seus olhos
fitavam-me com
firmeza, todavia,
injetados de sangue.
As mãos bem cuidadas
não mostravam a
despreocupação do
princípio;
entretanto,
revelavam-se pesadas
e grossas, exibindo
veias salientes.
Certo, você notou
profunda mudança em
mim, mas a gentileza
lhe asfixiou as
observações
pessimistas que
procurei calar
igualmente por minha
vez.
E as moças que
cortejáramos noutra
época, enlevados na
paisagem do berço?
Algumas delas, no
Rio, embalde
tentavam recursos
contra a jornada
implacável da
Natureza, eram quase
irreconhecíveis.
Odontólogos exímios
não lhes restauravam
a boca que
namoramos,
embevecidos, nos
primeiros arroubos
da juventude.
Surgiam na avenida,
assim como nós
ambos, procurando
farmácias para, o
reumatismo
iniciante.
A morte, meu caro,
teve o condão de
acordar-me as
reminiscências. E
considerando a
amizade que sempre
nos ligou, no
cenário humano,
rememoro, saudoso,
sua própria
felicidade
longínqua... Não
ignoro que você
perdeu os pais, a
esposa inesquecível
e o filho mais novo
que lhe era
particularmente
querido pelas
afinidades
sentimentais. Em dez
anos, você mudou de
residência quinze
vezes, procurando
alívio para o
coração angustiado,
irremediavelmente
enfermo...
Seus olhos
permanecem fixos no
pretérito e,
identificado com a
sua dor de
peregrino, cheio de
ouro e vazio de paz,
lembro-me,
saudosamente, até
mesmo de seu belo
papagaio que nos
divertia, faz quase
trinta anos,
gritando os nomes de
políticos influentes
da hora...
Desejaria
confortá-lo,
revivê-lo, mas...
você, apesar de
batido pelam
desilusões e
renovações
incessantes, está
convencido de que
vive no plano mais
sólido e inamovível
do Universo e
acredita que eu seja
um vagabundo
invisível a contar
anedotas destinadas
à ingenuidade
humana.
Você, homem de carne
e osso, declara-se
imutável e assevera
que não passo de
sombra a voltar do
país da morte.
Como poderá um
fantasma consolar um
homem seguro de si,
a ponto de julgar-se
intangível?
Decididamente, você
tem toda a razão. |
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pelo Espírito Irmão
X |
Do livro: Luz Acima.
Médium: Francisco
Cândido Xavier. |
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