C.E.
Caminhos de Luz |
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Oi Alma Irmã, nossas Fraternais
Saudações! |
Que esta MSG te encontre em Paz
e com Saúde!!! Obrigado pela
companhia! |
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I
César Luchini, jovem
generoso, mas
temperamental,
assistia à reunião
espírita, junto dos
pais, embora
contrafeito.
Demétrio, o
orientador
desencarnado,
falava, benevolente,
em torno da
educação.
- Meus filhos –
dizia em determinado
tópico do comentário
evangélico -, é
preciso amparar a
criança, armando-lhe
o coração com
valores morais.
Muita gente acredita
que meninos devem
andar à solta, como
planta de mato
agreste. E toca a
deixa-los na rua,
plenamente à
vontade. Entretanto,
quando quer couve na
horta, dispõe-se a
defendê-la e
discipliná-la.
Ninguém consegue
sustentar pequena
horta ou jardim sem
esforço. Se, no
trato da Natureza, a
vida pede atenção,
como entregar a
criança a si mesma?
O Espírito comparece
no berço com as
qualidades felizes
ou infelizes que
cultivou no passado
e, realmente, não
prescinde da
vigilância e da
instrução
necessárias para o
justo aproveitamento
na luta que
recomeça. Sabendo,
de nossa parte, que
a maioria das
criaturas torna à
reencarnação, em
conseqüência dos
próprios erros, é
imperioso estender
braço forte aos
pequeninos, a fim de
que, desde cedo, se
fortaleçam para o
combate às tentações
que surgirão deles
mesmos. As
tendências
inferiores são
raízes muito
difíceis de
extirpar. E, se
relaxamos, voltam a
produzir para o mal,
em tempo certo, qual
acontece com os
vegetais venenosos
esquecidos na terra.
Demétrio terminou,
pelo médium,
encarecendo a
gravidade do
problema e
distribuindo
renovadoras
consolações.
Em casa, Dona
Perpétua, a mãezinha
de César, desejando
fixar os
ensinamentos na
memória do filho,
comenta,
entusiasmada, os
merecimentos da
alocução.
Enquanto saboreiam o
chá, refere-se aos
desajustes da
infância, como que
provocando o moço à
conversação.
Após ouvi-la,
taciturno, durante
muito tempo, César
considera:
- Não vejo tanta
importância no
assunto. Respeito a
idéia espírita de
amparo à criança,
mas acredito que a
educação deve ser
livre. Contrariar um
menino nas
inclinações
naturais, será
torcer-lhe o íntimo.
Chego a admitir, que
muito quadro triste,
na delinqüência de
jovens, é simples
fruto das estranhas
exigências de lares,
em que pais
ignorantes obrigam
filhos a crescer com
desilusões e
recalques...
- Meu filho –
interveio Luchini,
pai -, liberdade sem
dever é sementeira
de injustiça e
desordem...
César, contudo,
rebatia:
- Estou noivo e, a
breve tempo, terei
minha própria casa.
Se Deus confiar-me
algum filho, será
livre, crescerá sem
qualquer prejuízo ou
superstição...
Diante do azedume
que lhe transparecia
da voz, calaram-se
os genitores.
E, de vez em vez,
quando o tema vinha
à tona desse ou
daquele entendimento
doméstico, o moço
tornava à reação,
rebelde e
agastadiço.
II
Decorrido algum
tempo, César estava
casado, pai de
família. Em quatro
anos, Cilene, a
esposa, culta e
caprichosa quanto
ele mesmo,
enriquecera-lhe o
coração com dois
filhos.
Luis Paulo e Vera
Linda cresciam
mimados e
sorridentes.
Como se o mundo lhes
pertencesse, tinham
tudo o que
desejavam, ao
alcance das mãos.
Destruir brinquedos
e utilidades parecia
neles vocação das
primeiras horas.
Eram em casa
diabretes
incorrigíveis.
Entretanto, que
ninguém ralhasse,
mesmo de longe.
Aos próprios avós,
Cilene e César não
regateavam
advertências, nos
instantes de crise.
- Mãe – dizia o
rapaz, desenvolto -,
não interfira. Os
meninos são livres.
Não quero
constrangimento.
E a nora confirmava:
- César tem razão.
Criança contrariada
hoje é doente
amanhã. Nossos
filhos não crescerão
mentalmente
desfigurados.
A vida avançou como
sempre.
Quatro lustros
passaram céleres.
César Luchini, feliz
nos negócios,
crescia
economicamente na
capital paulista.
Terrenos
supervalorizados e
algumas aventuras no
câmbio
consolidaram-lhe a
posição.
Era, enfim,
proprietário, com um
mundo de amigos.
Os princípios
espíritas e os pais,
agora desencarnados,
haviam desaparecido
no tempo.
O casal endinheirado
tinha a semana
cheia.
Clubes, recepções,
visitas, jogos...
Materialmente, tudo
fácil, como barco em
brisa leve, no dia
azul.
Contudo, se Vera
Linda, não obstante
voluntariosa e de
trato difícil,
perseverava no
estudo, preparando o
triunfo
universitário, Luis
Paulo caíra no
resvaladouro do
vício.
Aos vinte e seis de
idade, era um cabide
de maus costumes.
Debalde tentavam
pais e amigos
arrebata-lo às
companhias
deploráveis e
perigosas.
Embrutecera-se na
vida noturna,
consumindo somas
consideráveis,
inacessível a
qualquer reprimenda.
César e a esposa, a
princípio, gritaram,
admoestaram,
reagiram, mas era
tarde...E porque
tivessem largo
programa de vida
social a atender,
passaram a ignorar a
existência do filho,
reduzindo-lhe a
mesada, na suposição
de, com isso,
melhorar-lhe os
impulsos.
Enquanto o casal de
novos ricos se dava
ao luxo das viagens
constantes,
desfrutando o prazer
das grandes corridas
no automóvel de luxo
e favorecendo
esportes diversos,
abraçando amigos ou
bebericando em
praias distantes,
mergulhava-se o moço
na delinqüência.
III
Noite agradável de
sábado.
O grande jardim,
ladeando a casa
isolada, recendia
perfume raro.
Lá fora, jasmineiros
floridos e o vento
perpassando pelas
folhas das
corismeiras.
César e Cilene,
bem-postos,
despedem-se da filha
que se debruça sobre
os livros, à espera
de exame próximo.
O casal tem encontro
marcado.
Devem abraçar amigos
recém-chegados de
Nova York,
residentes num
palacete do Jardim
América, mas lhe
deixam o número do
telefone.
Que a filha não se
preocupe.
Visita de pouco
tempo.
Vera Linda está só.
Liga o televisor e
reparte a atenção
entre os livros e um
cardápio de músicas
televisionadas.
O relógio silencioso
marca as horas.
Nove, dez, onze...
Súbito, ouve passos.
Alguém chega.
Levanta-se,
tranqüila, na
convicção de que os
pais estão de
regresso.
Contudo, a breve
instante, vê um
mascarado que lhe
aponta um revólver.
- Não grite ou
morrerá! – fala, em
voz arrastada.
E ordena ríspido:
- Dê-me a chave do
cofre. Quero as
jóias da casa. Você
sabe... Adiante-se,
não há tempo a
perder...
A moça, lívida,
atende ao
desconhecido que a
impulsiona para o
interior, como se
conhecesse a
intimidade caseira.
Estarrecida, quer
pensar, reagir...Mas
não pode.
Obedece
maquinalmente.
Retira a chave de
minúsculo vaso, mas
o intruso, de arma
em riste, resmunga,
firme:
- Abra você.
A moça caminha à
frente e penetra no
aposento dos pais,
seguida pelo
malfeitor
implacável.
Ao abrir o cofre,
lembra-se de que o
pai conservava
sempre um revólver
em pequenina gaveta
lateral.
“Não vacilarei” –
refletia consigo
mesma.
Descerrando a porta
de aço, encontra a
arma, tateando-a com
os dedos finos. E,
em movimento brusco,
aperta o gatilho de
encontro ao
desconhecido,
fulminando-lhe o
coração.
O embuçado desfere
grito rouco,
cambaleia, e cai
banhado em sangue.
A jovem apavorada
corre ao telefone e
disca.
No Jardim América,
César e Cilene jogam
calmamente o pif-paf.
O capitalista ouve,
então, a voz da
filha:
- Papai, papai,
venha depressa!
Matei um homem...Um
ladrão...
Varado de angústia,
o casal toma o
carro, em companhia
de dois amigos. Um
deles é médico. Fará
quanto possa para
amenizar a tragédia.
Em minutos rápidos,
o grupo entra em
casa.
Vera Linda soluça.
Descobrindo, no
entanto, a face
mascarada do corpo
imóvel, surge a
surpresa.
O morto é Luis
Paulo.
A moça aproxima-se,
agora semilouca, e
atira-se nos braços
hirtos do irmão
cadaverizado.
Os pais choram, mas
o médico amigo,
mentalmente calejado
para a solução dos
grandes conflitos da
consciência, sugere,
calmo:
- César,
conforme-se. O que
está feito, está
feito. Estamos à
frente de um
suicídio.
Chamarei a
assistência e
assumirei a
responsabilidade.
No outro dia, César
e Cilene, de óculos
escuros, assistem
aos funerais do
filho como se
estivessem num
desfile de modas, e,
passados dois meses,
sozinhos e
desolados,
acompanham a filha
num carro fechado,
para trancá-la num
manicômio. |
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pelo Espírito
Hilário Silva |
Do livro: Almas em
Desfile. Médiuns:
Francisco Cândido
Xavier e Waldo
Vieira. |
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