C.E.
Caminhos de Luz |
|
|
|
|
|
Oi Alma Irmã, nossas Fraternais
Saudações! |
Que esta MSG te encontre em Paz
e com Saúde!!! Obrigado pela
companhia! |
|
Meu amigo – soube
que vocês esperaram,
em Sebastianópolis,
um escritor já
morto, com grande
estardalhaço
jornalístico.
À maneira do
viajante que volta
de longe, estranho
na própria terra e
irreconhecível aos
seus, deveria ele
descer de algum
ônibus invisível e
aparecer como
fantasma autêntico,
relacionando
novidades e anedotas
do país das sombras.
Segundo a tradição
venerável do
Evangelho, Jesus
apareceu numa sala
de portas cerradas,
em Jerusalém, depois
da ressurreição, mas
somente aos
discípulos amados, à
luz da confiança na
intimidade do
coração,
contando-se, ainda,
que um deles,
transformando-se, de
chofre, em
investigador
renitente, avançou
para o Mestre,
apalpando-lhe as
chagas ainda vivas,
como se o Cristo só
pudesse ser
identificado pelas
feridas da cruz.
O escritor que vocês
aguardavam, porém,
era chamado a
testemunho maior.
Exigiam que ele
retomasse os ossos
carcomidos no
apartamento de
subsolo, onde seu
corpo descansa, e
viesse para a via
pública discutir com
os sacerdotes,
confundir os
médicos, esclarecer
tabeliães e
serventuários da
justiça e mostrar,
não somente as
úlceras
exclusivamente a um
amigo, mas todas as
suas vísceras à
curiosidade popular.
Francamente, a
expectação de vocês
estarrecia a
qualquer, embora
compreenda com que
naturalidade os
vivos provocam os
mortos, dentro do
véu da carne, velho
manto das ilusões.
Vocês, aí no mundo,
enviam tantos amigos
para o céu e tantos
inimigos para o
inferno, tentando
subverter a justiça
divina, que não era
demais requisitar a
presença de um
comentarista morto,
recorrendo à justiça
humana. E,
observando os apuros
do escritor
desencarnado,
recordei o artigo
vigésimo das famosas
instruções de
Torquemada, segundo
Llorente, que, por
espírito de caridade
na salvação dos
hereges, recomendava
aos inquisidores a
exumarão dos
cadáveres dos
escrevinhadores
impenitentes, para
responderem aos
processos de
lesa-fé, embora os
réus só pudessem
comparecer em
atitude pouco
higiênica, em
virtude dos vermes
que se lhes
apossavam dos ossos.
Felizmente, porém,
para a tranquilidade
de todos nós, que já
atravessamos as
águas turvas do
Aqueronte e para
honra da
civilização, Tomás
de Torquemada também
já restituiu os
despojos ao campo de
cinzas, há
quatrocentos e
quarenta e sete
anos. Não obstante
esta certeza
confortadora,
impressionava-me o
volume de opiniões
desconcertantes e
das acusações
lançadas a esmo.
Reclamavam vocês a
presença do morto,
com todos os
pormenores
anatômicos e
características
psicológicas e, para
tanto, pediam o
apoio da organização
judiciária, apesar
da dificuldade para
encontrar um
meirinho habilitado
a entregar mandados
no “outro mundo”.
Muitos afirmavam que
a providência
estabeleceria a
vitória definitiva
da verdade, como se
a ressurreição do
Cristo não tivesse
felicitado o
espírito humano há
quase vinte séculos.
Outros queriam ver
para crer,
convencidos de que a
fé representa
construção
fenomênica, sem
lasca no raciocínio
e no coração. Não
faltaram os que
lambiam os beiços,
esperando a surpresa
final, transformando
o respeitável estudo
das questões do
destino e do ser em
ruidosa luta de
boxe, com o
menosprezo de todos
os patrimônios
espirituais que a
civilização ajuntou,
devagarinho,
vertendo sangue e
lágrimas nos
conflitos
evolutivos.
Dissuadam-se, porém,
se é que ainda
conservam
injustificável
expectativa quanto
aos demais.
Os mortos têm
voltado em todos os
tempos para
acalentar a
esperança dos vivos
de boa vontade, mas
os homens de má
vontade estão cegos
e é impossível curar
a cegueira
voluntária, não
obstante nossa
dedicação afetuosa
aos companheiros de
luta. Ainda mesmo
que os desencarnados
surgissem de inopino
aos olhos das
criaturas humanas,
em vista do
entendimento
rudimentar em que se
encontram,
recorreriam sem
demora às teorias de
negação, criando
recursos para novos
ensaios de dúvida
palavrosa e
brilhante.
Os fenômenos não
saciam a sede
espiritual e a
sensação não
substitui o trabalho
necessário ao
desenvolvimento.
Convençam-se de que
nenhum de nós
confundirá as leis
eternas. Nem a
exigência de vocês e
nem a nossa
afetividade poderão
perturbar a ordem
estabelecida.
Todas as realizações
legítimas pedem
preparo e serviço, e
você já pensou nas
graves,
conseqüências do
fato que pleiteavam,
apaixonadamente? Que
seria dos vivos,
atolados até o
pescoço nos
interesses
mesquinhos do
imediatismo
terrestre, se os
mortos andassem
agora
materializados,
publicamente,
exigindo-lhes a
renovação
instantânea que só o
trabalho, o tempo e
a experiência podem
fornecer?
Desiluda-se, meu
caro. Imensurável é
a compaixão do
Senhor que jamais
nos fulminará a
pequenez de vermes
com a revelação
inopinada e integral
de sua grandeza.
Além disso, vocês
todos virão para cá.
Ninguém faltará na
passagem silenciosa
que alguns
companheiros alegres
costumam apelidar
pitorescarnente de “defuntolândia”.
Sem exceção de um
só, lançar-se-ão às
águas pesadas do
velho rio da morte.
Não importa a
identificação dos
necrotérios onde
vocês deixarão as
vísceras cansadas...
Conforta-nos,
sobretudo, a certeza
de que nos
reuniremos uns aos
outros, a fim de
crescermos em
sabedoria e
compreensão.
Entretanto,
recordando as
antigas ilusões que
também me dominaram,
quando perambulei no
vale de sombras da
carne, e notando a
desvairada paixão
com que se reclamava
a presença do morto,
ouso terminar esta
carta com uma
interrogação. Teriam
vocês, de fato,
bastante desassombro
e serenidade para
ver tranquilamente o
fantasma e ouvir as
revelações da morte? |
|
|
|
pelo
Espírito Irmão X |
Do livro: Lázaro
Redivivo. Médium:
Francisco Cândido
Xavier. |
|
|
|
PERDEU ALGUMA
MENSAGEM?? |
Acesse todas as
mensagens enviadas
em nossa Newsletter. |
|
|
|
|
|