C.E.
Caminhos de Luz |
|
|
|
|
|
Oi Alma Irmã, nossas Fraternais
Saudações! |
Que esta MSG te encontre em Paz
e com Saúde!!! Obrigado pela
companhia! |
|
Hoje, mamãe, eu não
te escrevo daquele
gabinete cheio de
livros sábios, onde
o teu filho, pobre e
enfermo, via passar
os espectros dos
enigmas humanos
junto da lâmpada
que, aos poucos, lhe
devorava os olhos,
no silêncio da
noite.
A mão que me serve
de porta-caneta é a
mão cansada de um
homem paupérrimo que
trabalhou o dia
inteiro, buscando o
pão amargo e
quotidiano dos que
lutam e sofrem. A
minha secretária é
uma tripeça tosca à
guisa de mesa e as
paredes que se
rodeiam são nuas e
tristes como aquelas
de nossa casa
desconfortável em
Pedra do Sal. O
telhado sem forro
deixa passar a
ventania lamentosa
da noite e deste
remanso humilde onde
a pobreza se
esconde, exausta e
desalentada, eu te
escrevo sem insônias
e sem fadigas para
contar-te que ainda
estou vivendo para
amar e querer a mais
nobre das mães.
Queria voltar ao
mundo que eu deixei
para ser novamente
teu filho, desejando
fazer-me um menino,
aprendendo a rezar
com o teu espírito
santificado nos
sofrimentos.
A saudade do teu
afeto leva-me
constantemente a
essa Parnaíba das
nossas recordações,
cujas ruas arenosas,
saturadas do vento
salitroso do mar,
sensibilizam a minha
personalidade e
dentro do crepúsculo
estrelado de tua
velhice, cheia de
crença e de
esperança, vou
contigo, em
espírito, nos
retrospectos
prodigiosos da
imaginação, aos
nossos tempos
distantes. Vejo-te
com os teus vestidos
modestos em nossa
casa da Miritiba,
suportando com
serenidade e
devotamento os
caprichos alegres de
meu pai. Depois,
faço a recapitulação
dos teus dias de
viuvez dolorosa
junto da máquina de
costura e do teu
"terço" de orações,
sacrificando a
mocidade e a saúde
pelos filhos,
chorando com eles a
orfandade que o
destino lhe
reservara e junto da
figura gorda e
risonha da Midoca
ajoelho-me aos teus
pés e repito:
- Meu Senhor Jesus
Cristo, se eu não
tiver de ter uma boa
sorte, levai-me
deste mundo,
dando-me uma boa
morte.
Muitas vezes, o
destino te fez crer
que partirias antes
daqueles que havias
nutrido com o beijo
das tuas carícias,
demandando os mundos
ermos e frios da
Morte. Mas partimos
e tu ficaste.
Ficaste no cadinho
doloroso da Saudade,
prolongando a
esperança numa vida
melhor no seio
imenso da
eternidade. E o
culto dos filhos é o
consolo suave do teu
coração. Acariciando
os teus netos,
guardas com desvelo
o meu cajueiro que
aí ficou como um
símbolo, plantado no
coração da terra
parnaibana e,
carinhosamente,
colhes das suas
castanhas e das suas
folhas fartas e
verdes, para que as
almas boas conservem
uma lembrança do teu
filho, arrebatado no
turbilhão da dor e
da morte.
Ao Mirocles, mamãe,
que providenciou
quanto ao destino
desse irmão que aí
deixei, enfeitado de
flores e
passarinhos,
estuante de selva na
carne moça da terra,
pedi velasse pelos
teus dias de
isolamento e
velhice,
substituindo-me
junto do teu
coração. Todos os
nossos te estendem
as suas mãos
bondosas e amigas e
é assombrada que,
hoje, ouves a minha
voz, através das
mensagens que tenho
escrito para quantos
me possam
compreender.
Sensibilizam-se as
tuas lágrimas,
quando passas os
olhos cansados sobre
as minhas páginas
póstumas e procuro
dissipar as dúvidas
que torturam o teu
coração, combalido
nas lutas.
Assalta-me o desejo
de me encontrares,
tocando-me com a
generosa ternura de
tuas mãos,
lamentando as tuas
vacilações e os teus
escrúpulos, temendo
aceitar as verdades
espíritas em
detrimento da fé
católica que te vem
sustentando nas
provações. Mas não é
preciso, mamãe, que
me procures nas
organizações
espiritistas e para
creres na
sobrevivência do teu
filho não é
necessário que
abandones os
princípios da tua
fé. Já não há mais
tempo para que o teu
espírito excursione
em experiências no
caminho vasto das
filosofias
religiosas.
Numa de suas
páginas, dizia
Coelho Neto que as
religiões são como
as linguagens. Cada
doutrina envia a
Deus, a seu modo, o
voto de sua súplica
ou de sua adoração.
Muitas mentalidades
entregam-se aí no
mundo aos trabalhos
da discussão. Chega
porém um dia em que
o homem acha melhor
repousar na fé a que
se habituou, nas
suas meditações e
nas suas lutas. Esse
dia, mamãe, é o que
estás vivendo,
refugiada no
conforto triste das
lágrimas e das
recordações.
Ascendendo às
culminâncias do teu
Calvário de saudade
e de angústia, fixas
os teus olhos na
celeste expressão do
Crucificado, e Jesus
que é a providência
misericordiosa de
todos os
desamparados e de
todos os tristes, te
fala ao coração dos
vinhos suaves e
doces de Caná que se
metamorfosearam no
vinagre amargoso dos
martírios e das
palmas verdes de
Jerusalém que se
transformaram na
pesada coroa de
espinhos. A cruz
então se te afigura
mais leve e
caminhas. Amigos
devotados e
carinhosos te enviam
de longe o terno
consolo dos seus
afetos e
prosseguindo no teu
culto de amor aos
filhos distantes,
esperas que o Senhor
com as suas mãos
prestigiosas, venha
decifrar para os
teus olhos os
grandes mistérios da
Vida.
Esperar e sofrer têm
sido os dois grandes
motivos em torno dos
quais rodopiaram os
teus quase setenta e
cinco anos de
provações, de viuvez
e de orfandade.
E eu, minha mãe, não
estou mais aí para
afagar-te as mãos
trêmulas e os teus
cabelos brancos que
as dores
santificaram. Não
posso prover-te de
pão e nem guardar te
da fúria da
tempestade, mas
abraçando o teu
espírito, sou a
força que adquires
na oração como se
absorvesses um vinho
misterioso e divino.
Inquirido certa vez
pelo grande Luís
Gama sobre as
necessidades de sua
alforria, um jovem
escravo lhe
observou:
"Não, meu senhor!.
.. A liberdade que
me oferece me doeria
mais que o ferrete
da escravidão,
porque minha mãe,
cansada e decrépita,
ficaria sozinha nos
martírios do
cativeiro."
Se Deus me
perguntasse, mamãe,
sobre os imperativos
da minha emancipação
espiritual, eu teria
preferido ficar aí,
não obstante a
claridade apagada e
triste dos meus
olhos e hipertrofia
que me transformava
num monstro para
levar-te o meu
carinho e a minha
afeição, até que
pudéssemos partir
juntos, desse mundo
onde sonhamos tudo
para nada alcançar.
Mas se a Morte parte
os grilhões frágeis
do corpo, é
impotente para
dissolver as algemas
inquebrantáveis do
espírito.
Deixa que o teu
coração prossiga,
oficiando no altar
da saudade e da
oração; cântaro
divino e
santificado, Deus
colocará dentro dele
o mel abençoado da
esperança e da
crença, e, um dia,
no portal ignorado
do mundo das
sombras, eu virei,
de mãos entrelaçadas
com a Midoca,
retrocedendo no
tempo para nos
transformarmos em
tuas crianças
bem-amadas. Seremos
agasalhados então
nos teus braços
cariciosos como dois
passarinhos
minúsculos, ansiosos
da doçura quente e
doce das asas de sua
mãe e guardaremos as
nossas lágrimas nos
cofres de Deus onde
elas se cristalizam
como as moedas
fulgurantes e
eternas do erário de
todos os infelizes e
desafortunados do
mundo.
- Tuas mãos
segurarão ainda o
"terço" das preces
inesquecíveis e nos
ensinarás, de
joelhos, a implorar
de mãos postas as
bênçãos prestigiosas
do Céu. E enquanto
os teus lábios
sussurrarem de
mansinho - "Salve,
Rainha...mãe de
misericórdia...",
começaremos juntos a
viagem ditosa do
Infinito sobre o
dossel luminoso das
nuvens claras,
tênues e alegres do
Amor. |
|
|
|
pelo Espírito
Humberto de Campos |
Do Livro:
Palavras do Infinito. Médium:
Francisco Cândido
Xavier. |
|
|
|
PERDEU ALGUMA
MENSAGEM? |
Acesse todas as
mensagens enviadas
em nossa Newsletter. |
|
|
|
|
|