Palavras de Luz

Por muito se adiante a Alma no tempo, há sempre tempo para que a Alma reconsidere a estrada percorrida, abastecendo-se de esperança no amor daqueles a quem ama, assim como viajante no mar provê a si mesmo de água doce, a fim de seguir à frente.

“Há tempo de semear e tempo de colher”- diz-nos a experiência na Escritura.

E se juntos partilhamos a promessa, não seria justo olvidarmo-nos uns aos outros no dia da realização.

“Deixai crescer reunidos o trigo e o joio, ate que venha a ceifa”- recomendou por sua vez o Senhor.

Entretanto, a palavra de Sua sabedoria não nos inclina à indiferença. E, lembrando-a, não curamos de ser o trigo porque hoje nos vejamos fora do escuro sedimento da carne e nem insinuamos sejais vós o joio por permanecerdes dentro dela. 

Recordamos simplesmente, que todos trazemos ainda no campo das próprias Almas o joio da ilusão e o trigo da verdade, necessitados da mercê do Celeste Cultivador. 

Irmãos, não é apenas por regalar-se o espírito na confiança que se lhe descortinarão as portas da Vida glorificada, mas sim por se lhe acendrarem o conhecimento e a virtude, através do trabalho bem sofrido e da caridade bem exercitada.

Outrora, buscávamos a Paz na quietude do claustro, na suposição de que a vitória pudesse brilhar a distância da guerra contra as nossas próprias faltas, e disputávamos a posse do Santo Sepulcro do Excelso Rei, ao preço de sangue e lágrimas dos semelhantes, como se lhe não devêssemos o próprio coração por escabelo aos pés Divinos. 

Hoje, porém, dispomos de suficiente Luz para o caminho e não seria lícito permutar o Pão da Sabedoria pelo fel da loucura.

Enquanto os séculos de sombra e impenitência se escoam no pó do mundo, preparai nesse mesmo pó, erigido em tabernáculo de carne, os séculos futuros, em que nos reuniremos de novo para a exaltação do triunfo Eterno. 

Enalteçamos o sacrifício, aprendendo a renunciar para possuir, a perder para ganhar e a morrer para viver.

Por algum tempo ainda padeceremos o cativeiro das nossas culpas e transgressões, mas, em breve, aceitando o trilho escabroso e bendito da cruz, exaltaremos, diante da Majestade Divina, a nossa libertação para sempre.

Que o Senhor seja louvado.


Teresa Davila