Objurgatórias

Explicas a rebeldia atual e a debandada das trilhas luminosas da fé, porque a decepção marcou as experiências religiosas em que te envolveste, povoando-te de aflição e ralando-te o coração de dor.

Pedias paz e encontraste somente lutas.

Esperavas tranqüilidade e achaste inquietude.

Desejavas saúde e enfrentaste enfermidades.

Aguardavas solicitude do Alto e os Ouvidos Cerúleos pareciam-te moucos às rogativas.

É natural, justificas, que a revolta se instalasse no coração.

Formulavas, a respeito do Espiritismo, conceitos diferentes; e a decepção, inevitavelmente, foi o amigo que te atendeu.

Todavia, és o único responsável.

Fé é lâmpada que clareia interiormente. Roteiro, e não transporte; estrada, e não porto de repouso.

O Espiritismo não equaciona dificuldades, consoante o engano de observação a que estás afeiçoado, na Terra.

Para muitos a Misericórdia divina deveria ser uma escrava às ordens de todas as paixões.

Todavia, o melhor remédio para determinadas baciloses é o bacilo-vacina.

Para muitas necessidades o socorro é, ainda, a necessidade em forma de aguilhão.

Deus nos ajuda, não como desejamos, mas consoante nossas reais necessidades.

Para certas feridas, o cautério com ferro em brasa é o melhor método curador...

Por que, então fazer do Nosso Pai ou da fé, nossos servos, transformando a justiça da Lei que nos conduz ao resgate, em preferencialismo para conosco, de maneira negativa e danosa?

Devem receber mais os que mais pedem ou aqueles que mais trabalham?

Abandona, portanto, objurgatórias e reclamações injustas, e serve.

Compromisso espiritista é ligação com deveres maiores.

Os Amigos Espirituais não te atenderão as comezinhas apelações, solucionando os problemas que deves resolver; no entanto, dar-te-ão, em colóquios sem palavras e estímulos sem nome, a harmonia que é o caminho da paz legítima e da felicidade real, longe de toda dor, agonia e morte, no formoso labor que se manifesta na luta de cada dia.


Joanna de Ângelis