Consciência e Conveniência

As boas soluções nem sempre são as mais fáceis e as manifestações corretas nem sempre as mais agradáveis.

A trilha do acerto exige muito mais as normas do esforço maior que as saídas circunstanciais ou os atalhos do oportunismo.

Nos mínimos atos, negócios, resoluções ou empreendimentos que você faça, busque primeiro a substância "post-mortem" de que se reveste, porquanto, sem ela, seu tentame será superficial e sem conseqüências produtivas para o seu espírito.

Hoje como ontem, a criatura supõe-se em caminho tedioso tão-só quando lhe falta alimento espiritual aos hábitos.

Alegria que dependa das ocorrências do terra-a-terra não tem duração.

Alegria real dimana da intimidade do ser.

Não há espetáculo externo de floração sem base na seiva oculta.

Meditação elevada, culto à prece, leitura superior e conversação edificante constituem adubo precioso nas raízes da vida.

Ninguém respira sem os recursos da alma.

Todos carecemos de espiritualidade para transitar no cotidiano, ainda que a espiritualidade surja para muitos, sob outros nomes, nas ciências psicológicas de hoje que se colocam fora dos conceitos religiosos para a construção de edifícios morais.

À vista disso, criar costumes de melhoria interior significa segurança, equilíbrio, saúde e estabilidade à própria existência.

Debaixo de semelhante orientação, realmente não mais nos será possível manter ambigüidade nas atitudes.

Em cada ambiente, a cada hora, para cada um de nós, existe a conduta reta, a visão mais alta, o esforço mais expressivo, a porta mais adequada.

Atingido esse nível de entendimento, não mais é lícita para nós a menor iniciativa que imponha distinção indevida ou segregação lamentável, porque a noção de justiça nos regerá o comportamento, apontando-nos o dever para com todos na edificação da harmonia comum.

Estabelecidos por nós, em nós mesmos, os limites de consciência e conveniência, aprendemos que felicidade, para ser verdadeira, há de guardar essência eterna.

Constrangidos a encontrar a repercussão de nossas obras, além do plano físico, de que nos servirá qualquer euforia alicerçada na ilusão? De que nos vale o compromisso com as exterioridades humanas, quando essas exterioridades não se fundamentam em nossas obrigações para com o bem dos outros, se a desencarnação não poupa a ninguém? Cogitemos de felicidade, paz e vitória, mas escolhamos a estrada que nos conduza a elas sob a luz das realidades que norteiam a vida do Espírito, de vez que receberemos de retorno, na aduana da morte, todo o material que despachamos com destino aos outros, durante a jornada terrestre.

Não basta para nenhum de nós o contentamento de apenas hoje.

É preciso saber se estamos pensando, sentindo, falando e agindo para que o nosso regozijo de agora seja também regozijo depois.


André Luiz