Volta Moisés

“Não creiais em qualquer Espírito...” I João, 4:1

Pelo que nos é dado observar – sem muita dificuldade e com bastante freqüência – não falece dúvida de que Moisés, o célebre legislador hebreu precisa se reencarnar com urgência, para, pela segunda vez, colocar disciplina, agora, no âmbito da mediunidade de incontáveis casas espíritas, nas quais não se está levando a sério a recomendação joanina em epígrafe.
Dentre as questões mais sérias a que se levanta é a da prática mediúnica sem o devido respaldo do estudo doutrinário. Daí os desastres e desatinos perpetrados pelos dirigentes e médiuns insipientes que pululam por toda parte... A falta do competente estudo mesclada com o orgulho é perigoso explosivo, pois Espíritos zombeteiros estão sempre a postos se fazendo passar por guias e protetores das criaturas detentoras de credulidade irrefletida.
Segundo Kardec, nos centros espíritas sérios nunca os Espíritos pouco adiantados substituem um Espírito superior. Os Espíritos inferiores só possuem alçada para comunicações pouco importantes e para as que se podem chamar pessoais.
O êxito dos Espíritos brincalhões, mestres na arte da lisonja, se deve ao fato de que estão sempre a prometer mundos e fundos, além de dinamizar o orgulho e a vaidade que sempre sobram nas criaturas humanas.
O ínclito Mestre Lionês ensina ainda2:
“(...) Há pessoas que se deixam seduzir por uma linguagem enfática, que apreciam mais as palavras do que as idéias, que mesmo tomam idéias falsas e vulgares por sublimes. Como podem essas pessoas, que não estão aptas a julgar as obras dos homens, julgar as dos Espíritos? Quando essas pessoas são bastante modestas para reconhecer a sua incapacidade, não se fiam de si mesmas; quando por orgulho se julgam mais capazes do que o são, trazem consigo a pena da vaidade tola que alimentam. Os Espíritos enganadores sabem perfeitamente a quem se dirigem. Há pessoas simples e pouco instruídas mais difíceis de enganar do que outras, que têm finura e saber. Lisonjeando-lhes as paixões, fazem eles do homem o que querem”.
É do nosso conhecimento o seguinte fato: Uma freqüentadora de determinada casa espírita convidou um parente para ir até lá assistir a uma palestra. Era a primeira vez que o parente estava entrando em uma casa espírita. Pois bem, não é que após a palestra os dirigentes da casa pediram ao visitante para esperar porque havia chegado um recado do Além para ele!?
Ninguém estranhou, e tampouco atinou para o que Kardec ensinou sobre “mensagens pessoais3”, e ainda, para mal dos pecados, havia também um recado para um amigo do visitante que nunca colocara os pés numa casa espírita, que era o seguinte: “Continue sendo como você sempre foi; não se preocupe; tudo vai melhorar”.
De posse de tal informação, o crédulo amigo começou a se aventurar pelo mundo das loterias, porque a “leitura” que ele fez da frase: “tudo vai melhorar”, era que a “sorte” o visitaria. Fez, portanto, a leitura que lhe conveio, de acordo com o tamanho da própria ignorância. Mas não ficou só nisso: a “leitura” da frase: “continue sendo como sempre foi”, fê-lo voltar ao cigarro e aos alcoólicos que havia abandonado há pouco em virtude de ter contraído diabetes.
Vemos assim o que aprontaram esses desassisados correspondentes do Além, para o futuro próximo dessa pobre criatura, pois ninguém ignora que diabetes + álcool = cegueira, amputações, morte e sabe Deus mais lá o quê!
Aí está, para nossas reflexões, uma pequena amostra do que dá a irresponsabilidade de certos “espíritas” e a conseqüência de suas sandices e insânias.
Estudar primeiro, praticar depois, tal a diretriz de Kardec que não podemos – definitivamente – menoscabar, sob pena de pavorosos desastres de vária ordem, inclusive o comprometimento da Doutrina Espírita tão massacrada e vilipendiada pelos antípodas.


Rogério Coelho