Confortinho

Nada punha preceito em Zé do Zote,
Nem remédio, nem reza, nem mandraca...
De pequeno comeu jaratataca
E trazia a lombeira no cangote.

Só vivia na rede ou no capote.
Tinha zonzeiro em pé, cabeça fraca,
Tangolomango, sarna, urucubaca,
Agarrado no truque e no calote.

Foi à sessão espírita... Às ocultas,
João pincha o nome dele entre as consultas,
Pedindo um confortinho à Irmã Ciana.

E veio escrito assim no documento:
— "Zé do Zote precisa é movimento,
Numa enxada, seis dias por semana..."


Cornélio Pires