Nascer e Morrer

“Buscai e achareis. Batei e abrir-se-vos-á.”

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.” (Evangelho)

A imortalidade da alma já passou da esfera da fé para a da investigação, afirmando-se como realidade incontestável.
O nascimento é, em geral, esperado e recebido com alegria, ao passo que a morte, com angústias e lágrimas.
No entanto, esses dois acontecimentos, que provocam conseqüências e moções tão opostas, estão de tal modo identificados, que um é o complemento do outro.
Que sucede, quando a criança nasce? Nada mais do que a encarnação de uma alma. É um fenômeno de humanização, visto como é o Espírito colhido e enredado na trama da matéria.
A alma não é produto da concepção com o corpo. Este traz consigo os traços de sua origem, como também as heranças físicas, boas ou más, dos seus genitores. A alma, porém, sede da inteligência, da vontade e do sentimento, tem a sua gênese na fonte eterna da Vida: - Deus. “O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito é Espírito.” Qualidades morais e intelectuais não se herdam, visto que não resultam da carne nem do sangue, mas do grau de adiantamento conquistado pelo Espíritos, mediante experiências e lutas pessoais. Assim, atestam as diferenças que se verificam entre os homens, em geral, como também entre os próprios irmãos, nascidos dos mesmos pais, criados no mesmo ambiente, recebendo idênticas influências e educação.
E quando o homem morre, o que se passa? A alma se desencarna, despindo a pesada libré que havia envergado ao nascer. O nascimento e a morte, portanto, são fenômenos naturais, correlativos e conexos. Ninguém morre sem haver nascido; ninguém nasce sem haver morrido. O nascimento, no plano em que ora vivemos, é a morte no astral, do mesmo modo que a morte, na esfera humana, é o nascimento nas regiões siderais. A alma que se humaniza é uma luz que se apaga no Céu, para acender na Terra; da mesma sorte, a que se despoja do invólucro carnal é uma luz que se apaga na Terra, para brilhar no Além. Nascer e morrer importa numa deslocação da psiquê. É ainda o fluxo e refluxo da Vida, sob formas organizadas, em seu curso natural de atividade contínua e progressiva.
A existência humana representa um dos estágios que o Espírito faz, cuja duração, sempre delimitada, poderá ser mais longa ou mais breve, de acordo com certas circunstâncias que melhor correspondam às altas finalidades do Destino.
O regozijo com que acolhemos os recém-chegados, a seu turno, do outro lado, quando a alma retorna às mansões etéreas, ponto de partida, e também de chegada, após as refregas da jornada terrena. As lágrimas de cá correspondem às alegrias de lá, pela volta do Espírito que, despindo a indumentária carnal, regressa vitorioso aos seus penates, onde é esperado pelos amigos que o não perderam de vista, procurando orientá-lo ao porto de salvamento. Do exposto resulta que a morte, no sentido de aniquilamento é a maior desilusão dos sentidos; e a miragem fatal que confunde e desnorteia os viandantes perdidos nos áridos desertos do negativismo materialista. O nascimento e a morte se sucedem no ritmo eterno da evolução anímica, como os dias e as noites, no ritmo da rotação planetária.
Se o berço fosse o início da Vida, nada mais lógico e natural que o túmulo encerrasse o seu fim. Mas, se o berço representa apenas o começo de uma fase que a Vida reenceta no plano terreno, então o túmulo, realmente não pode ser considerado como o seu ponto final. Admitindo a preexistência da alma, somos coerentes e conseqüentes, proclamando o seu perene evolver.
Evolução, reencarnação e imortalidade são atributos inseparáveis, inerente à maravilhosa e mais positiva de todas as evidências que arrebatam e deslumbram a inteligência humana: a VIDA!


Vinícius