Reescrevendo a Própria Existência

Normalmente, há um atavismo social em torno de cada ano novo, quando as pessoas planejam mudanças no comportamento e esperam as benesses da Divindade, invariavelmente de natureza material.

É compreensível que, à medida que o tempo avança, vão-se repetindo as invariáveis rotinas do quotidiano, deixando-se dominar pelas mesmas condutas que se vão transformando em ambiciosas situações, assinaladas por frustrações e amarguras que, invariavelmente, culminam em estados depressivos ou de outra natureza amarga.

O melhor será mudar os velhos hábitos e adotar comportamento novo, assinalado por ideais de enobrecimento, dando lugar à alegria de viver, à preservação dos sentimentos elevados, à solidariedade e ao amor.

Muito justo quando se aspiram pelos prazeres que defluem do gozo físico, do destaque social, da bajulação dos hipócritas, das circunstâncias vigentes. Entretanto, a voragem do tempo desgasta o corpo e ocorrências inesperadas, tanto orgânicas como sociais, econômicas, bélicas e os júbilos dão lugar a aflições não esperadas.

A luta no dia a dia pela conquista dos valores materiais exaure o indivíduo que acredita em felicidade como sendo a posse de coisas mais importantes na existência física. Afadigam-se pela conquista do transitório, sem preocupar-se com os inevitáveis fenômenos da velhice, das doenças e da morte.

Há uma desesperada busca de distrações imediatas e destaques na coletividade, que se apresentam como fundamentais para o ser humano.

Todos quase ambicionam pelos holofotes do destaque e pela situação inevitável de dominação.

As multidões correm para os spas, em alucinada busca pela harmonia do corpo, sua musculação, conforme os padrões da atualidade, já que os antigos exemplos de beleza grega, como Apolo de Belvedere e Vênus de Milos estão totalmente superados. Não há tempo para reflexões em torno da transitoriedade de tudo aquilo que diz respeito à vida física, exatamente quando essa se apresenta surpreendendo o sonhador que amaldiçoa a situação, e padece os reflexos da irresponsabilidade.

O sentido real da vida é a imortalidade que não pode ser postergada ou mesmo ignorada.

Filosofias apressadas ou perversas têm trabalhado para reduzir a vida apenas ao amontoado de células que se aglutinam por acaso e se desagregam quando lhes ocorre sem nenhum objetivo de dignidade.

Essa conduta conduz o indivíduo a um comportamento irresponsável, somente em busca do prazer imediato, sem um sentido ético ou moral.

Indispensável, portanto, que, neste momento, seja feita uma revisão do sentido da existência, ao lado de uma conduta saudável própria para a colheita da felicidade neste e no mundo espiritual.


Divaldo Franco