Soneto V

Doce Mãe, Sereníssima Senhora,
Dos teus olhos velados de Doçura
Nasce fresca a alvorada, que fulgura
Na infortunada sombra de quem chora!

Quando meu ser vagava em noite escura,
Nas angústias do abismo que apavora,
Estendeste-me os braços, vendo, embora,
Minhas chagas de treva e de loucura ...

Ante o Regaço Fúlgido consente
Que minha fé se exalte, embevecida,
Prosternada, ditosa, reverente.

Recebe no dossel de Graça e Vida
O louvor de teu filho penitente,
No clarão de minhalma convertida.


Manuel Maria de Barbosa du Bocage