Ao Companheiro da Redenção

Peregrino da dor que regenera,
Humilhado nas pedras do caminho,
Ergue teus olhos ao celeste ninho
E arrimado no amor confia e espera...

Além da poda que é flagelo à vida,
Fulgem messes divinas de fartura.
E além das aflições da noite escura
Surge a aurora de paz indefinida.

Toda vitória sobre a natureza
Reclama sacrifício, mágoa e luta...
Aos golpes do buril, a pedra bruta
Conquista a glória e o brilho da beleza.

Assim, pois, o obstáculo e o problema,
O infortúnio, a miséria, a angustia e a prova
São recursos de acesso à vida nova,
Portas abertas para a luz suprema.

Segue, assim, tua senda áspera e fria,
Louvando a cruz que te lacera os ombros,
Depois do fel de todos os escombros,
Penetrarás o templo da alegria.


Carmem Cinira