Honestidade à Prova

Será que ainda existem pessoas honestas no mundo? Parece que andamos um tanto descrentes da honestidade alheia, enquanto, de uma forma paradoxal, cada qual se acha honesto à toda prova.

Andamos pela rua e, quando alguém nos esbarra, a primeira preocupação é o motivo do esbarrão. Terá sido para nos furtar?

Quando alguém se oferece para fazer algo, dizendo nada esperar em troca, mentalmente ficamos a cogitar o que é que, de verdade, aquela pessoa está desejando.

Essa desconfiança do outro, do seu caráter, tem tido efeitos negativos na sociedade, nos infelicitando.

Talvez por isso, uma grande companhia de refrigerantes decidiu testar o grau de honestidade dos cidadãos.

A escolha foi a capital portuguesa, uns dias antes da realização de um importante jogo de futebol entre os clubes Benfica e Sporting, no Estádio da Luz.

O estádio do Sport Lisboa e Benfica, Estádio da Luz, também conhecido como a Catedral, foi inaugurado no dia 25 de outubro de 2003.

Perto das bilheterias, foi deixada uma carteira no chão, com um cartão de sócio do Sporting e um bilhete para o aguardado jogo, que se realizaria no dia 26 de novembro.

As pessoas passavam e olhavam. Algumas, parecendo não desejarem se complicar, nem perder tempo, preferiram se desviar e deixaram a carteira no mesmo local.

Várias, contudo, optaram por apanhar a carteira e verificar seu conteúdo.

Foram jovens, senhores, altos, baixos, magros, corpulentos.

Depois do exame da carteira, alguns olhavam em torno, como à procura do provável dono.

Alguns chegaram a consultar pessoas próximas, indagando se não lhes pertencia.

Noventa e cinco por cento das pessoas devolveram a carteira em uma das bilheterias e tiveram seu gesto filmado, por várias câmaras ocultas.

No dia do jogo, antes do apito inicial, o vídeo foi exibido nas gigantescas telas do Estádio da Luz, perante sessenta mil espectadores.

Era a homenagem da empresa promotora da inusitada campanha que, ao demais, ofereceu um bilhete para o jogo a cada um dos que demonstraram a sua honestidade, optando pela devolução do objeto encontrado.

O grande slogan da campanha desencadeada pela empresa de refrigerantes foi: Há razões para acreditar num mundo melhor.

A essa altura, parafraseamos Jesus nos indagando: E nós, cristãos, o que fazemos de especial?
O que fazemos de especial no sentido de colaborar para o mundo melhor?

Temos investido tempo precioso nos digladiando, a fim de demonstrar que somos melhores uns dos outros ou temos agido como verdadeiros seguidores do Cristo?

Temos entendido que os tempos são chegados, que a massa levedou, que o Terceiro Milênio aguarda nossa ação resoluta e impecável?

Pensemos nisso e, antes de aderirmos à onda pessimista que fala de corrupção, de desonestidade em todos os escalões, permitamo-nos aderir à campanha otimista do mundo melhor que já se anuncia, na aurora do milênio.

Pensemos nisso.


Momento Espírita