Segue Brasil

Após um milênio em Cristo,
Ante Basílio Seguindo,
A guerra flagela o mundo
Em fúria descomunal;
Sob esplendor jamais visto,
Byzâncio governa os povos,
Despontam séculos novos
Na cúpula ocidental.

Apesar da austera soma
De vandalismos transatos,
De abusos e desacatos,
A Cruz assinala as leis;
Eugênio Terceiro, em Roma,
Prega a Cruzada Latina,
A guerra santa domina
Comunidades e reis.

O conflito segue acima,
A combates desumanos,
Irmãos se fazem tiranos,
Perde a vida o Rei Luiz;
A luta cruel dizima
Populações desoladas
E o tempo arquiva as Cruzadas
Da Cristandade infeliz.

Da idade Média a que assiste,
Dante aponta a Renascença,
Gutemberg traz a imprensa,
Da Vinci é Arte e Invenção;
A América surge à vista,
O feudalismo se move,
A França de Oitenta e nove
Atiça a Revolução.

O milênio atormentado
Vibra ao signo da guerra,
Fulge o cérebro na Terra,
O coração pede luz;
Treva e ambição, lado a lado,
Avançam buscando a frente,
Embora em tudo se ostente
O lábaro de Jesus.

Dez séculos, na balança,
O Tempo agora perfaz...
E o mundo grita: "onde a paz
Depois do marco dois mil"?
E enquanto o Progresso avança,
O Céu, aos sóis do Cruzeiro,
Responde, ante o mundo inteiro,
Um nome apenas: "Brasil"!...


Castro Alves