Velhice Digna

Nada há mais belo do que envelhecer com dignidade. Já publiquei uma pequena «Oração para envelhecer dignamente”, esperando ajudar os que envelhecem a obedecerem a certas regras de viver. Eis um resumo da oração:

“Meu Deus, sei que estou envelhecendo. Ajuda-me a não ser tagarela e enfadonho, a não ser obstinado e veemente a respeito das muitas coisas que eu conheço tão pouco.

Ajudai-me a não ter o hábito do monólogo. Ensinai-me tanto a ouvir quanto a falar. Fazei que eu evite dar uma verdadeira biografia de todas pessoas que menciono ou que esteja sempre oferecendo detalhes sobre todas as coisas.

Ajudai-me a compreender que para ter amigos, tanto jovens quanto idosos, não devo estar sempre me lamentando de meus males ou me queixando de injustiças por parte dos outros. Que jamais fale da ingratidão de meus filhos. Que nunca esteja falando sobre minhas doenças, a não ser com meu médico.

Ajudai-me a perceber que para manter meus velhos amigos e conseguir novos, devo ser afável e fazê-los sentir que minha companhia não aborrece.

Ajudai-me a ter real interesse pelos meus conhecidos e amigos, simpatia por eles, inclusive agindo para ajudá-los em seus problemas. Ensinai-me ouvi-los, pacientemente, inclusive em suas queixas. Ajudai-me a estar sempre bem com meus parentes e meus amigos. Ajudai-me a livrar-me idéia de que eu posso dirigir a vida daqueles que estão em torno de mim.

Ajudai-me a compreender meus próprios problemas e não dizer aos outros o que devem fazer. E, acima de tudo, bom Deus, ajudai-me a ser atencioso e delicado, livrando-me da amargura, livrando-me da mania de falar mal dos governantes ou de alguns de seus atos dos quais não tenha gostado. Livrai-me dos acessos de raiva por qualquer aborrecimento. Ajudai-me a evitar a avareza. Ajudai-me a conservar o bom-humor e a autocrítica e fazei que eu suporte as queixas e irritações de outras pessoas, porque, na verdade, necessito que elas também suportem meus defeitos e irritações.”


Fonte: Reformador 1966


Walter C.Alvarez