Consideração

Aqueles que exigem e reclamam consideração, geralmente são os que ainda não a merecem.
Quando temos algum merecimento não nos damos conta de tal e não prestamos atenção se nos dão ou não algum valor. Somos tão naturais, tão simples, e o que fazemos é tão nosso que nem percebemos se alguém nos observa, nos aplaude ou apupa.
A consideração deve ser espontânea; não devemos desejá-la, mas merecê-la. E se a merecermos, ela não nos fará falta, porque perdemo-la de vista. Satisfaz-nos sentirmo-nos tranqüilos e contentes conosco mesmos. Esse é o prêmio do que se coloca à altura de merecer consideração.
Não observa se alguém está vendo aquilo que faz com a intenção de merecer consideração ou elogios. Tudo que faz é com naturalidade. E, muitas vezes, se admira que destaquem e aplaudam um ato seu, pois não vê realmente razão para tal.
Portanto, aquele que reclama, com ou sem razão, que foi
preterido, pode estar certo de que ainda não merece ser exaltado.
A exaltação deve vir de dentro de nós, com a certeza de que procedemos bem, que fizemos o melhor que pudemos e que, aconteça o que acontecer — injustiça, perseguição, ingratidão —, seguiremos sempre a nossa rota, porque nosso destino não é ser enaltecido pelos homens vulgares, mas por nós mesmos e por aqueles que estiverem à altura de reconhecer os verdadeiros valores.
Não cedamos o nosso patrimônio espiritual amealhado pelos séculos afora em troca das mágoas e ressentimentos que a vida precisa colocar no nosso caminho.
Saibamos que o desejo de ver reconhecido o nosso valor é ainda uma vaidade que deve ser combatida.
Que a consideração do mundo não nos faça falta. "Meu Reino não é deste mundo", falou Jesus. Tomemos essa lição como norma de nossa vida.


Cenyra Pinto