Centelha, por Casimiro Cunha
Francisco Valdomiro Lorenz, um homem e um médium diferenciado
Luciana Terezinha Novinski, com grande simpatia pelos conceitos
espíritas e católica de berço, com impedimentos na família para a vivência
espírita, integrou-se em definitivo à Doutrina Espírita a partir de 2016.
Natural de Dom Feliciano (RS), onde também reside, tem formação em Magistério e
Gestão Pública e atua como promotora de eventos. Vinculada ao Grupo Espírita
Francisco Valdomiro Lorenz, exerce ali a função de Secretária.
Na presente entrevista a Orson Carrara, ela nos fala sobre o legado do médium e
escritor Francisco Valdomiro Lorenz, que atuou na mesma cidade, numa história
repleta de exemplos.
Situe a cidade onde você mora.
Dom Feliciano é um pequeno município do estado do Rio Grande do Sul, com
população estimada em 2013 de 15.103 habitantes, de acordo com o IBGE. Distante
170 km da capital Porto Alegre, aproximadamente 85% de sua população é de origem
polonesa, sendo que 25% residem na zona urbana e 75% na zona rural. A economia
gira em torno da plantação de fumo, uva, pepinos, morangos e produção de leite,
com destaque especial para a cultura da uva, que cresce a cada ano.
Quem foi Francisco Valdomiro Lorenz?
Francisco Valdomiro Lorenz nasceu com o nome de Fratisek Vladimir Lorenc. Foi
intelectual, professor, filósofo, médico homeopata, escritor (73 obras
publicadas), tradutor, astrônomo, astrólogo, poliglota (dominava mais de 100
idiomas), esperantista, filantropo, agricultor, poeta, pai de muitos filhos e
médium renomado que dedicou sua vida fazendo o bem ao próximo. Nascido na
pequena província de Zhor, em Zbislav, atual distrito Písek, na República
Tcheca, no dia 24/12/1872, foi desde cedo um fenômeno linguístico, pois começou
a ler com apenas 5 anos de idade. Aos 17 anos já era professor e falava
fluentemente a língua inglesa e os idiomas francês, alemão, italiano, hebraico,
árabe, grego, chinês, bem como o aramaico, a língua falada por Jesus. Aos 18
anos, em 1890, publicou o 1º Manual de Esperanto para os tchecos, Esperanto que
é considerada a língua universal que ele tanto sonhava que fosse falada por
todos, língua pela qual se tornou um verdadeiro Mestre, sendo ele um dos
fundadores da Associação Universal de Esperanto em Genebra, Suíça.
De onde surgiu seu interesse pela pesquisa sobre Lorenz?
Quando era adolescente e um dia na escola falaram sobre Francisco Valdomiro
Lorenz, ouvi muito interessada sua história e fiquei encantada; com isso comecei
a pesquisar sua vida. Como vi que a biblioteca do município levava seu nome
fiquei mais interessada ainda, busquei lá livros que poderiam falar dele, porém
pouca coisa encontrei. Mas, conversando com pessoas mais velhas, todas se
lembravam de alguma história de bondade relacionada a ele. E então, em 2009,
quando assumi a direção do Departamento de Cultura do Município e da Casa da
Cultura, que abrigava o museu e a biblioteca, visualizei aí uma grande
oportunidade de me aprofundar em relação ao conhecimento e à divulgação do
trabalho realizado pelo Lorenz. Como diretora tive enorme prazer de conhecer os
netos de Lorenz, Sinval, Vladimir e Sandra (RS), e depois os netos Tales (SP) e
Jandira (SC). Tenho contato também com outros netos e bisnetos, mas cito esses,
por ter mais afinidade e contato. Foi através então dos netos Sinval e Vladimir
que tive contato com o Consulado e a Embaixada Tcheca e com as demais pessoas
ligadas à espiritualidade e ao Esperanto que Lorenz tanto divulgava.
Qual o traço mais marcante de Lorenz?
Um espírito tão cheio de qualidades como o de Lorenz é difícil definir apenas um
traço marcante, porém acredito que o que mais se destaca é a generosidade. O
coração enorme de Lorenz, porque não sabia dizer não, tinha dias que não dormia,
pois de manhã ia pra lavoura, à tarde dava aulas e à noite, como era o único
médico da comunidade, ficava ao lado da cama de algum enfermo, cuidando da
medicação. Além de tudo isso, era pai de 13 filhos legítimos, 8 adotivos e 30
que se hospedavam temporariamente para estudar ou trabalhar fora e moravam
longe. E mesmo tão atarefado ainda dividiu seus conhecimentos através de seus
livros, pois publicou mais de 70 obras de vários gêneros, alguns em Esperanto.
Como foi a relação dele com a mediunidade?
Falando deste tema, vamos nos remeter à República Tcheca, onde Lorenz nasceu.
Lá, como seus pais eram católicos e sua mãe desejava que ele fosse sacerdote,
dada a sua inteligência, ele não queria saber de Espiritismo. Mas um amigo
insistiu para que ele participasse de uma sessão mediúnica, da qual ele, mesmo
incrédulo, participou, sem imaginar que se tornaria parte principal da sessão,
em que lhe foi revelado que ele iria além dos mares e seria um grande médium,
trabalhando muito pelo Espiritismo. E foi isso que ocorreu, visto que já durante
a viagem começou a ter premonições e, depois, estando em terras gaúchas, tudo se
aflorou.
Quantos livros ele publicou?
Foram mais de 70 livros de todos os gêneros conhecidos, romances ocultistas,
poemas, livros de esperanto, gramáticas, dicionários, auto ajuda, astrologia e
astronomia, quiromancia, além de traduções importantíssimas para esperanto,
tcheco, português e inglês.
Fale-nos sobre as curas de que Lorenz, como médium, participou.
Em relação às curas, existem dois casos de pessoas que estavam paraplégicas e
voltaram a andar normalmente, um comerciante da cidade e outro comerciante da
cidade de Tapes, que inclusive não tinha nenhum movimento, e voltou a viver
normalmente. Também em 1918, quando a gripe espanhola atingia o mundo, Lorenz
fez uma espécie de vacina e o povo de Dom Feliciano não teve a doença.
De suas pesquisas sobre Lorenz, o que mais lhe chama atenção?
Francisco Valdomiro Lorenz era um ser tão sábio, iluminado, generoso e
solidário, que não teria como descrever algo que me chama atenção, pois nele
tudo chama a atenção, como o fato de ser poliglota, intelectual, professor,
filósofo, médico homeopata, escritor, tradutor, astrônomo, astrólogo,
esperantista, filantropo, agricultor, poeta e pai exemplar, o que mostra que era
um ser humano extraordinário. Mas não posso deixar de dizer que mesmo sendo
tcheco escolheu uma comunidade de poloneses para doar sua vida e sua sabedoria,
um fato que não tem preço e pelo qual seremos gratos eternamente.
Algo que gostaria de acrescentar?
Quero apenas comunicar a quem ainda não conhece a história de Francisco
Valdomiro Lorenz, que acesse o Blog da Lú, um blog criado por mim, que traz
informações sobre Lorenz, e o Memorial que abriga seus restos mortais e que fica
em Dom Feliciano.
Suas palavras finais.
Gostaria apenas de agradecer de todo coração a oportunidade de através destas
linhas levar ao conhecimento das pessoas a vida e a obra de Francisco Valdomiro
Lorenz, um ser de luz que passou pelo planeta para fazer o bem ao próximo, sem
medir esforços, e escolheu a cidade de Dom Feliciano no RS como seu lar.
Nota da Redação:
No Blog da Lú e no canal de Luciana Novinski no YouTube os interessados podem
acessar os documentos, vídeos e outros arquivos sobre a vida e a obra de
Francisco Valdomiro Lorenz. Para acessar o Blog, http://www.lunovinski.blogspot.com/
Autor: Luciana Terezinha Novinski
Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.
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