Intercâmbio Internacional, por Orson Carrara
Hoje é tempo de união
Edmar Galves de Lima, 51 anos, nasceu em Guarulhos, SP, onde hoje atua como
funcionário público na área de fiscalização. Formado em pedagogia, é casado e
pai de seis filhos. À frente da USE Distrital do Tucuruvi, na zona Norte de São
Paulo, também é fundador da Associação Espírita Caravana Irmã Caridade, no
bairro do Par que Edu Chaves, destinada a dar assistência a pessoas em situação
de rua.
Como conheceu a doutrina espírita?
Meu avô era espírita. Conheço a dou trina espírita desde a infância. Minha mãe
me levava com ela para assistir às palestras no centro, fazíamos o Evangelho no
Lar e frequentávamos o Centro Espírita Nosso Lar, em Guarulhos. Aos sábados,
tinha recreação, depois passei a ter aulas de moral cristã. Com 10 anos, comecei
no grupo da pré-juventude. Aos 15 anos, após uma entrevista de avaliação com
Dona Jandira Tidon, fui autorizado a frequentar o Curso de Doutrina Espírita. Em
abril de 1989, jovens da mocidade conjuntamente com veteranos fundaram o Centro
Espírita Joanna de Ângelis. Eu estava neste grupo e tinha 19 anos.
Conte um pouco sua história com a USE, pessoas que marcaram sua caminhada, etc
Com a fundação do centro espírita, eu as sumi um cargo na diretoria. Foi uma
época de muito aprendizado. Participei da redação do estatuto, fui convidado a
representar o centro nas reuniões da USE Intermunicipal de Guarulhos. Conheci
vários dirigentes que compunham o órgão intermunicipal: Amilcar Del Chiaro,
Denise de Assis Ribeiro, Luiz Gouveia, Maria Elsa, Armando Pantolfi e André Luiz
Galembeck, sempre presente e atuante. Hoje estamos juntos na Comissão Executiva
da USE Regional de SP. Nos eventos e reuniões realizados na Sede da USE na
primeira metade da década de 1990, também conheci dona Vilma Prinet, Paulo
Ribeiro, José Luiz Balieiro, Ivan René Franzolim, Elaine Curti Ramazzini, Éder
Fávaro, Attílio Campanini e Antonio Cesar Perri de Carvalho. Todos me ajudaram
muito na visão que tenho hoje do Espiritismo. Sou muito grato pelos amigos que
assumiram comigo os desafios de dirigir e trabalhar no órgão de unificação
local. Um agradecimento especial à Cleuza Paranhos. Atualmente aprendo muito com
a equipe da USE Regional de São Paulo, presidida por Júlia Nezu.
Como vê o espiritismo na região em que atua?
Quando iniciamos as visitas pela USE Distrital do Tucuruvi, na década de 2000,
encontramos alguns centros espíritas passando por uma situação delicada. Os
antigos dirigentes estavam desencarnando e não haviam preparado adequadamente
aqueles que deveriam sucedê-los. Uma outra realidade encontrada foi o
esvaziamento das salas de estudo. Vimos a necessidade de implantação de cursos,
oficinas, seminários e encontros, visando a capacitação dos voluntários para a
manutenção das atividades básicas do centro espírita. Hoje, os centros estão
mais atuantes e unidos.
Como você vê a atuação dos jovens no movimento espírita?
Depende da mentalidade dos dirigentes que lidam com estes jovens. O jovem de
hoje não quer ser o futuro do centro espírita e nem quer carregar este peso da
continuidade. O jovem quer ser tratado como o presente do centro espírita. É no
agora que ele deve se ocupar com a doutrina e com o movimento espírita. Eles
estudam e trabalham muito. Não lhes sobram nem os finais de semana. Há centros
espíritas que possuem uma estrutura rígida e que muitas vezes também não dão a
liberdade de ação que desejam. Por outro lado, também faltam aos jovens a
paciência e a persistência necessárias para ocupar o espaço que lhes pertence no
movimento espírita. A solução só será encontrada com muito diálogo.
Quais as principais dificuldades enfrentadas pelas casas espíritas atualmente?
Acho que uma das dificuldades é a institucionalização de suas atividades que
cria uma separação muito distinta entre quem dirige e quem frequenta. Nestas,
precisamos separar o que é Doutrina Espírita do que é Norma de Funcionamento da
casa espírita. Nas pequenas, existe a dificuldade da continuidade das suas
atividades, da sucessão dos seus dirigentes. Outras acabam introduzindo práticas
estranhas ao espiritismo. Também tem as novas que às vezes têm um crescimento
acelerado e desordenado. Geralmente muitos aparecem em busca de assistência
social ou espiritual nestas casas e, para atendê-los, elas se utilizam de todo o
tempo e recursos disponíveis, não conseguindo implantar atividades essenciais do
centro espírita como as reuniões de estudo, por exemplo.
Qual a importância do movimento de unificação para o espiritismo?
Ele é um guardião seguro da doutrina tal qual foi codificada por Allan Kardec.
Já dizia Herculano Pires que o “espiritismo é um grande desconhecido”. Todos os
esforços que fizermos para conhecê-lo será muito importante. O movimento de
unificação favorece esse conhecimento proporcionando a unidade entre nós,
espíritas.
Como vê o futuro do espiritismo?
Muito promissor. As descobertas científicas convergem para o espiritismo. Quando
vemos os temas de estudo do espiritismo sendo objetos de pesquisa nas
universidades, percebemos sua validade. Kardec colocou a razão acima da fé,
apresentando o conceito de fé raciocinada. A OMS, por exemplo, prevê um
agravamento dos casos de doença mental, chegando a triplicar até 2050, é
justamente neste ponto que está a melhor contribuição do espiritismo para a
humanidade. Kardec já afirmava que o espiritismo é um preservativo da loucura. A
compreensão que a filosofia espírita nos dá da vida e a prática segura da
mediunidade nos permitem viver mais felizes aqui na Terra, o que, com certeza,
também é um fator de saúde mental.
O que espera do Congresso de 2020? Qual a importância desses eventos?
Um congresso é sempre uma oportunidade de refletir e fortalecer conceitos
espíritas. Eventos assim nos permitem conviver e partilhar conhecimento,
fortalecem nossos laços de fraternidade e nos ajudam a convergir para os pontos
de união, formando a grande família espírita conforme esperava Allan Kardec que
acontecesse.
Qual sua mensagem para os dirigentes espíritas?
Não sabemos o alcance dos nossos atos. Trabalhemos juntos. Há muito o que fazer.
Extraido do Jornal Dirigente Espírita, num 176.
Autor: Edmar Galves de Lima
Todo esse material provém dos sites: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo e da Revista Eletrônica O Consolador.
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