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Os homens vão para a guerra, alimentam as revoluções com sua coragem e seu sangue. Doam suas vidas por amor à nação, à pátria, à causa que defendem.

Para as mulheres são reservadas as lágrimas, os filhos órfãos, a dor da saudade e, por vezes, o abandono total daqueles mesmos a quem seus maridos deram a própria vida.

Assim aconteceu com Maria José Correia, nascida no litoral paranaense e que se tornou a esposa do Barão do Serro Azul.

Quando da Revolução Federalista, que envolveu em sangue a nação brasileira, com desmandos da parte de governistas e de revolucionários, ele se destacou.

Homem de fibra, o Barão tomou a si o governo da Província, quando o então Governador, covardemente, a abandonou, deixando-a sem nenhum amparo, um único policial.

Com sacrifício de sua saúde e de seus interesses, ele se pôs à frente de uma comissão para estabelecer a ordem e a tranquilidade para uma população temerosa de saques, violações e mortes.

Enquanto Curitiba esteve entregue à revolução triunfante, foi o Barão o elemento principal da grande força que zelou pela escola, pelo comércio, a indústria, a imprensa, sobretudo pela família curitibana.

Tudo fez de coração aberto, sendo o primeiro a abrir os cofres para o acordo que se estabeleceu com os revolucionários.

Alma generosa, teve a seu lado a esposa, que em tudo o apoiou.

Quando as tropas governistas entraram na capital, ele aguardou que representantes do Governo Federal lhe viessem agradecer pelo que fizera.

Quantas vidas preservara, quantos sacrifícios empreendera para que os saques e abusos não ocorressem.

O que recebeu foi a traição, a prisão e uma morte vergonhosa, que permaneceu sem investigação alguma, durante décadas.

A Baronesa, grávida de sete meses, viria dar à luz uma criança morta. Quanta dor naquele coração amoroso!

Como ela mesma escreveu ao Barão de Ladário, em carta que foi lida no Senado Federal, se estabeleceu o luto eterno em seu lar, para sempre deserto das alegrias que eram para seu coração de esposa e para a inocência dos filhos, agora órfãos de pai, o único e grato conforto na vida.

Essa extraordinária mulher, cuja coragem nascia da própria imensidade do seu sofrimento, ficou a enxugar as lágrimas das três crianças órfãs.

Aguardou que a justiça se fizesse. Ela acreditava que o martírio não dormiria eternamente, porque eterna na Terra só há de ser a divina soberania do direito e da verdade.

Era, ademais, uma mulher de . Por isso mesmo, continuou a semear generosidade enquanto as posses lhe permitiram.

Um dos exemplos foi a doação de quatro terrenos, situados na Villa Ildefonso, atual bairro do Batel, para a construção de um hospital pela Sociedade Portuguesa Beneficente Primeiro de Dezembro.

Doou ainda mobília à Sociedade, cujo objetivo era o amparo aos imigrantes portugueses e suas famílias.

Nos lotes foram construídas seis casas de madeira, que serviram como ambulatórios e sede para a Sociedade.

O que se deve ressaltar é o desprendimento de um coração ferido, mortalmente, pela mais torpe traição sofrida por seu marido.

Um coração que, angustiado, jamais deixou de amar o seu semelhante. E se o coração se enchia de dolorosa saudade, ainda guardava espaços para sentir a dor do próximo.

Com certeza, um exemplo de alma cristã. Um exemplo a ser seguido.


Por: Momento Espírita, Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos e em carta da Baronesa do Serro Azul, datada de 8 de julho de 1895, endereçada ao Barão de Ladário, do Senado Federal. Do site: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=4459&stat=0


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