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Por características de sua formação e as condições peculiares da época colonial, o povo brasileiro sempre foi afeito à religião. Inclusive, com tendências sincréticas.

Todavia, no meio espírita, a literatura de fundo religioso, provavelmente, começou a se sedimentar em nosso país à época das disputas entre os grupos "místicos" e "científicos", no final do século passado. Com a organização da Federação Espírita Brasileira e a liderança exercida pelo Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, predominou a influência evangélica no Espiritismo brasileiro.

Ao mesmo tempo, pelo interior do: país se destacavam lideranças com características carismáticas. É o caso de Eurípedes Barsanulfo, no triangulo mineiro, conhecido como "apóstolo da caridade" e de Cairbar Schutel, no interior de São Paulo, chamado "o pai dos pobres de Matão ". O trabalho doutrinário e assistencial executado por esses homens passou a servir de estímulo a outras realizações pelo país a fora. No pensamento de ambos, sempre ficou clara a presença da visão moral religiosa.

Além das lideranças e realizações doutrinárias e assistências os escritores e articulistas exerceram influência destacada.

As diretrizes do trabalho assistencial e a preocupação com a editoração de obras espíritas foram marcas bem visíveis em nosso movimento em fases mais distantes. Em 1941, Gabriel Gobron já escrevia na revista francesa "Le Fraterniste", após visitar nosso país: "... o Espiritismo brasileiro é a caridade em ação (...). A Federação Espírita Brasileira tem oficina gráfica própria (...) e a edição espírita brasileira atinge proporções que ninguém ousará comparar sem vexame as magra publicações que penosamente saem das tipografias na Grã Bretanha, nos Estados Unidos ou algures (...) e o Brasil e os seus espíritas são pobres!

Principalmente publicados pela FEB e, nos últimos 30 anos, por uma variedade de Editoras, surgiram obra, que moldaram um pensamento religioso no seio do movimento espírita.

Entre os autores e médiuns que exerceram importância destacada neste mister estão: Bittencourt Sampaio. Antônio Luiz. Sayão, Antonio Lima, Zilda Gama, Carlos lmbassahv, Ismael Gomes Braga, Cairbar Schutel, Francisco Cândido Xavier (notadamente obras de Emmanuel), Vinicius, Yvonne Pereira, Eliseu Rigonatti, Herculano Pires, Rodolfo Calligaris, Martins Peralva, Torres Pastorino, Paulo Alves Godoy, Divaldo Pereira Franco (principalmente obras de Joanna de Ãngelis).

A obra "O Evangelho Segundo o Espiritismo" sempre foi uma das mais divulgadas em nosso país. Até hoje, lidera as vendagens de várias "Feiras do Livro". Sem entrar no mérito da obra, "Os quatro Evangelhos" também exerceu influencia na formação da idéia religiosa do Espiritismo brasileiro.

Repassando rapidamente sobre os títulos publicados pelas Editoras Espíritas, concluímos sobre a porcentagem de obras publicadas contendo fundo religioso: Aliança Espírita Evangélica - 70 por cento; Casa Editora O Clarim - 38 por cento; DICESP tem posição crítica quanto ao aspecto religioso; EDICEL - 50 por cento; Correio Fraterno do ABC - 67 por cento; FEB - 61 por cento; - FEESP - 69 por cento; IDE - 86 por cento; LAKE - 58 por cento; LEAL, GEEM. IDEAL - praticamente 100 por cento. Assim, s.m.j., em nossa ótica 65 por cento dos livros espíritas publicados estão relacionados com o aspecto religioso. Assim, não há dúvida de que a grande maioria de obras espíritas tem uma visão moral-religiosa.

Todavia, a nosso ver, as Editoras espíritas devem assumir um papel difusor dos demais ângulos do Espiritismo, mantendo um equilíbrio de seu tríplice aspecto. Se por uma série de razões, que não nos cabe examinar no momento, até agora houve predominância do ângulo moral-religioso, não discordamos destas conseqüências, mas não desmerecemos suas bases experimentais e filosóficas.


Por: Antonio Cesar Perri de Carvalho, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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