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Contristado, observamos a indiferença com que é encarada, por grande parte de pessoas, o problema da solidariedade humana. Os interesses materiais absorvem a atenção, relegando o conhecimento da origem e do destino do homem para uma posição inferior. Justamente por causa dos conflitos e desentendimentos que agitam a humanidade é que se torna importante sustar um r pouco a desatinada corrida para o desconhecido.
“O Problema do Ser, do Destino e da Dor”, obra magistral de Léon Denis, oferece valiosa oportunidade de se saber o destine humano, de onde veio e para onde vai o homem, porque “vida terrena é limitada e as angústias de hoje não são ocasionais: possuem uma causa.”
Quando olhamos a fisionomia triste, assustada ou perplexa de alguém, compreendemos a mistura de preocupações que lhe tumultua a alma; Essa observação pode ser feita a qualquer instante, no ônibus superlotado, com os passageiros espremidos, uns contra os outros, impacientes, prontos a explodirem de revolta pelo menor motivo, ou nas longas filas, à espera de condução, depois de estafante trabalho, de contrariedades que se multiplicam, eletrizando os contactos humanos, na ânsia de retornar aos lares. Fisionomias tristes, carrancudas, testas franzidas, olhares inquietos, apreensivos, melancólicos... Cada indivíduo é um universo de problemas difíceis, não se sabendo como traduzir os dramas que se ocultam, numa igualdade quase padronizada, embora a desigualdade do destino de cada um, decorrente dos sofrimentos, das decepções e das frustrações que hoje tiranizam a vida humana.
Compreendemos, então, que todos sentem fome de amor, de carinho, de solidariedade, mas nenhum se anima a tomar a iniciativa de uma palavra simpática, capaz de atenuar e dissipar a tensão do vizinho ocasional. Isso, porque os corações estão distanciados da paz que ilumina almas. Falta luz nos corações sofridos e sofredores, feridos, desesperados, incompreendidos. Falta luz no pensamento, capaz de mudar as diretrizes de cada qual, permitindo a compreensão que leva à justificativa possível de problemas cruciantes e cria a
probabilidade de respostas satisfatórias a imensas, graves e difíceis perguntas.
Uma parte da mocidade que aí está, trabalhando ou estudando, realizando qualquer atividade louvável, procura abrir caminho no intricado cipoal da vida. Entretanto, com exceções, é ela vítima de lares mal constituídos, que não são escolas nem templos de amor. Sofre a deficiência de pais sem consciência de sua missão no lar, pois não parecem mestres nem sacerdotes, no encaminhamento dos filhos, por lhes faltar o sentido cristão da existência, que pode levar ao Caminho, à Verdade e á Vida, tríade sublime que se opulenta no ensino superior de Nosso Senhor Jesus-Cristo.
Quem possua essa luz na alma e esse amor no coração pode justificar o estado dalma da juventude que deseja progredir, particularizando-lhe a esbelteza e a inteligência, apesar de ir vivendo ao léu da existência, sem o carinho do lar, nem a que avigora o entusiasmo, e que, favorecida pela intuição do bem, se refugia na música barulhenta e bárbara, como que para, no atordoamento dos acordes violentos, abafar as tristezas que ameaçam suas aspirações. Então, esse refúgio pode ser uma forma de fuga, de evasão, procurada na música sem beleza melódica, mas rica de explosões violentas, que satisfazem os sentidos afetados pelo desamor e repercutem no Espírito como um protesto, uma advertência, uma revolta contra os que nada fazem a seu favor.
Ouvimos de alguns jovens esta dolorosa verdade: “Somente vejo meus pais aos sábados, á noite, ou aos domingos, pela manhã. Estão sempre ausentes do nosso lar e nós nas sentimos ali como estranhos ou intrusos, que perturbam seu convívio...” O pior de tudo, porém, é que esse estado de coisas tem aumentado, porque nem todos os pais se preocupam em demonstrar amor e compreensão, que são a luz que podem distribuir nos momentos azados, aos filhos, que vivem de esperanças, precisam de carinhosa assistência e desvelada orientação, mas que, no entanto, sentem na. frieza dos pais desatentos de seus deveres o abandono que poderá indicar-lhes um destino diferente do que estejam sonhando.
Certa vez, quando nos achávamos em Valença, num hotel de rias, fomos procurado por quatro jovens estudantes de Medicina. Souberam que éramos professor aposentado, e espírita, de passagem por essa cidade universitária. Conversaram conosco, abriram suas almas, revelando que se encontravam órfãos de amor e luz, como nos diziam, compungidos. Desejaram conversar conosco, só porque conheceram nossa condição de espírita. Foram largos minutos que jamais esqueceremos. As perguntas se multiplicavam e procuramos satisfazer-lhes a louvável curiosidade, escorando-nos na Doutrina, no Evangelho e em obras meritórias, como as de Gabriel Delanne e Léon Denis. Por que nascemos? Por que morremos? Por que sofremos? Por que tantas desigualdades na vida, tanta dor, tanta miséria, de mistura com a alegria, a riqueza, a felicidade?
Baseado em Léon Denis, frisamos as conceituações do problema do ser, do destino e da dor. Estribado em Delanne, entramos no terreno da reencarnação, a razão das vidas sucessivas, as bases da memória integral, as experiências da renovação da memória, da não razão de ser da hereditariedade no caso das chamadas “crianças prodígios”, etc. Relatamos casos de Espíritos que, reencarnando, trouxeram de outras vidas valiosos conhecimentos com relação à música, às artes em geral, à ciência em seus numerosos aspectos. Citamos os exemplos de Rafael; de Mozart e outros que, na idade infantil, escreveram partituras musicais que tiveram enorme repercussão no mundo de sua época. E assim fomos desenvolvendo uma palestra, apontando outros luminares, como Pitágoras, Victor Hugo, Dante, Schubert, Bernardelli, Benevenuto Berna, Julio Verne e por aí a fora.
Interrompido para satisfazer a ponderações e desfazer dúvidas, sentimos que os inteligentes rapazes se mostravam satisfeitos, tanto mais que não tiveram objeções a opor ao que dissemos, confessando-se contentes. Sentiram-se acarinhados e esclarecidos. Estavam, como nós também, felizes e essa felicidade lhes iluminava a fisionomia desinibida. Foi um dia muito feliz para nós.
Ao se despedirem, percebemos que retornavam reanimados, com o coração cheio de amor e a alma iluminada pelas bênçãos de Deus, Criador e Pai!
Ah, Jesus, o mundo está faminto de amor e ansioso pela luz que enriquece as almas! E o Espiritismo, com os elementos que possui, pode salvar tantos seres aflitos, que apenas precisam de um pouco de carinho, de alguma ternura e da compreensão de todos.


Por: Ramiro Gama, Caso tenha ou possua, envie-nos a referência desse texto.


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